Reproduzimos abaixo o relato de um militante da UJS sobre terríveis agressões.
Decidimos não identificar o seu interlocutor.
— Nome completo?
— Asterix Obelix Matrix.
— Gênero?
— Fluido.
— Identidade?
— É mais importante que a classe.
— Ocorrência?
— Ocorrências, no plural.
— Certo, ocorrências.
— Agressão, ameaça, tentativa de sequestro, assalto, apropriação cultural, desacato e crueldade contra animais.
— Local?
— Na quebrada.
— Seja mais específico.
— Na Praça Santos Andrade.
— Pois bem, senhor Asterix, o que aconteceu?
— Senhor, não.
— Senhora?
— Ahm-ahm.
— Senhorita?
— Não.
— Senhore?
— Claro que não. Vou perdoar dessa vez. Me chame de malunga Asterix.
— OK, malunga Asterix, o que aconteceu?
— Eu estava indo entregar doces para minha vovozinha quando de repente uma horda de maníacos assassinos do PCO atirou em mim com metralhadoras.
— Eram quantos maníacos assassinos?
— Entre 5 e 6 milhões.
— Mil ou milhões?
— Milhões!!!
— Mas Curitiba não tem nem 2 milhões de habitantes… A PRF não registrou que tenha entrado tanta gente na cidade.
— Mil-homens, eu quis dizer. Entre 5 e 6 mil homens.
— Certo, malunga Asterix. Algum tiro pegou em você?
— Sim, 37.
— Chegou a ir ao hospital?
— Não, eu não me machuquei.
— Com 37 tiros?
— É. As balas entraram e saíram, não machucaram.
— Posso ver as marcas?
— Não deixaram marcas. É que não eram balas de verdade, sabe? É que eu me confundi, eram na verdade pedras de bodoque.
— Pedras também deixam marcas.
— Não deixam, não.
— É claro que deixam.
— Mas… Ah sim! É porque “pedra”, na língua nativa de uma tribo indígena quer dizer “chuva”. Você, como um branco hétero cis, não poderia saber…
— Certo, então não foram metralhadoras, foi a chuva. E onde entra o PCO nessa história?
— É que… É que… Eles roubaram meu capuz vermelho.
— Vermelho?
— Verde e amarelo.
— Certo, prossiga.
— Ele pintou de vermelho e colocou na estátua do genocida Borba Gato!
— Ele? Não eram 6 mil?
— Não, era um só.
— Você falou cinco ou seis mil homens.
— Não, era o nome do meliante. Cincocês Milhomens.
— Ah sim. Aqui está a ficha dele. É um senhor de 84 anos.
— Mas você não tem ideia do que ele é capaz de fazer! Ele tem um tiranossauro rex de estimação que coloca medo em qualquer um.
— Certo, certo. E esse capuz verde e amarelo, não é o que você está usando agora?
— Sim, mas é que eu consegui de volta. O Ricardo Nunes tirou da estátua do Borba Gato, pintou de verde e amarelo de novo e enviou para mim.
— Entendi. Mais alguma coisa para registrar, além do furto do capuz?
— A agressão.
— Qual?
— Da chuva!
— Claro, claro. Algo mais?
— Não dá para considerar uma tentativa de estupro?
— Não. Algo mais?
— Sim, sim! Quando chamei a polícia, eles mandaram o policial tomar naquele lugar!
— Lamento, mas se os policiais não deram parte, não podemos considerar que houve desacato.
— Não, o crime não é o desacato. É a homofobia!
— Vou anotar aqui. Terminou?
— Terminei. O que achou?
— Fascinante.
— Sério?
— Sim. Nos quarenta anos que trabalho neste hospital, tratei várias pessoas com Síndrome de Munchausen. Com seu relato, cheguei à conclusão que o PCdoB é o primeiro caso de um partido com a síndrome.