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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Presente de grego

Queremos Lula sem picolé de chuchu

Entusiastas da chapa Lula-Alckmin aceitam plenamente que a burguesia diga quem pode e quem não pode se eleger

alckmin e doria firmam parcerias entre estado e município

Os analistas políticos de jornal – seja os da grande imprensa, seja os da progressista, estes em geral egressos daquela – costumam ver o povo apenas pelas lentes dos institutos de pesquisa. Do ponto de vista da maioria desses jornalistas, o processo eleitoral é um jogo de conquista de votos que se dá por meio dos próprios veículos de imprensa. A militância e os movimentos populares jamais comparecem a essas análises.

Isso, pelo menos em parte, deve explicar o entusiasmo do conjunto da imprensa dita progressista pela candidatura de Alckmin na posição de vice do Lula. O próprio apelido com que o sujeito é descrito, o “picolé de chuchu”, sugere que ele seja um sujeito racional e sem personalidade, ou seja, o tipo de candidato de que a burguesia gosta: discreto e frio (o oposto do Bolsonaro, diga-se). Para agradar à plateia, pode adotar o discurso identitário, que, de resto, qualquer um adota, até o BolsoDoria.

Gente na esquerda pequeno-burguesa, achando que o chuchu não fede nem cheira, diz que ele é “confiável”. Sim, vamos lembrar quem foi que levou o Doria para o PSDB: ele mesmo, o chuchu. Doria, por sua vez, com sua agressividade, atropelou o padrinho, num típico caso de traição. Os velhotes do partido, mais interessados em viagens, vinhos caros e boa comida, deixaram o barco rolar – e Doria, o Bolsonaro do PSDB, parece que também não deslancha, porque o povo não é tão idiota quanto pensam.

Que a imprensa dita “corporativa” teça loas a Geraldo Alckmin, tudo bem. Dá pra entender o golpe que estão tramando. Dureza é entrar nos canais progressistas e ouvir a mesma ladainha: “Geraldo” vai trazer os votos da burguesia para o Lula. Esse pessoal gosta tanto de matemática e estatística e parece que não faz uma conta simples: o povo sofrido e empobrecido constitui um contingente muito maior que o ínfimo percentual de ricos. O povo, se estiver organizado, é uma força imbatível.

A burguesia, por óbvio, não precisa de Alckmin para confiar no Lula, e a memória recentíssima do golpe de 2016 deixa bem claro a que propósito serviria o tucano que despencou do ninho: fazer o mesmo papel do Temer, ou seja, ser o presente de grego – o cavalo de Troia. Defender o Alckmin como vice de Lula é entregar de bandeja a cabeça do Lula à sanha dos golpistas que depuseram a Dilma Rousseff, sendo que agora podem usar outros métodos, mais dissimulados que a farsa da Lava Jato.

No fundo, esses entusiastas da chapa Lula-Alckmin aceitam plenamente que a burguesia diga quem pode e quem não pode se eleger. É como se o Lula, que tem larga margem na preferência do eleitorado, tivesse de pedir licença para ser eleito. Assim, Alckmin seria uma espécie de “senha” de que Lula “vai se comportar” de acordo com os interesses dos golpistas.

Analistas de esquerda deveriam ter vergonha de chamar de “pragmática” uma análise desse tipo. É muito conformismo, muito espírito de gado, que se deixa conduzir – que se deixa conduzir pela burguesia, que a tudo disfarça com sua estética publicitária (como sabemos, reduz à superficialidade das mensagens publicitárias até mesmo as causas dos negros, gays e mulheres, num bombardeio incessante que tira a capacidade crítica das pessoas).

A esquerda pequeno-burguesa vive mergulhada numa espécie de covardia disfarçada de pacifismo, veganismo, moralismo. Que será desse pessoal quando Bolsonaro sair de cena? No mínimo, vai ficar totalmente sem assunto. Essa turma, anestesiada pelo discurso identitário, não está interessada na luta política.

De certa forma, dá pra entender por que querem o médico anestesista Geraldo Alckmin para deter o maior líder popular que o Brasil já teve. Querem que Lula dê uma assistência aos muito pobres, para que não morram de fome, e que tudo continue como está. Só que esse é o programa de governo da burguesia. Do Lula queremos mais.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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