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Em defesa do povo de Lugansk

Putin incomoda a paz da esquerda

A paz em abstrato é uma grande ideologia hegemônica em um mundo cuja realidade é a violência

De modo geral, a sociedade civilizada burguesa, apresenta, ao menos em discurso, uma forte tendência contrária a qualquer conflito, notadamente conflitos armados. Costumam enfatizar de modo abstrato, a violência destes conflitos, como o fato de que as pessoas matam umas às outras, alguns são mutilados, e assim por diante.
Quando se trata de guerras internacionais, que ocorrem distante das casas desses bem acomodados, eles, em geral, ou desconhecem o conflito porque não é veiculado na mídia ou, quando o conflito não pode ser abafado, particularmente para os mais “engajados na política”, lamentam e fazem protestos, mas tudo em forma de uma ciranda que pouca influencia a realidade da violência que lá ocorre.
Contudo, desafortunadamente, a cada dia que passa é mais difícil deixar de ver a violência. A cada dia que passa é mais difícil manter-se distante dos conflitos. Esses conflitos se tornaram incômodos que atrapalham a paz das pessoas bem educadas.
No mundo real do Capitalismo as pessoas diariamente matam umas às outras, A violência, portanto, não é exclusiva a conflitos como o que ocorre na Ucrânia. Não é só ali que há violência. A classe média consegue evitar a realidade da violência do dia a dia, mantendo-se distantes das periferias e alienados com a televisão e outras coisas da bolha em que vivem. A questão da Ucrânia é mais um sinal, um enorme sinal, bastante incômodo, de que a cada dia é mais difícil “viver em paz”, as bolhas da paz estão ameaçadas.

Mas podemos questionar, se a violência é uma situação hoje generalizada, por que há tanta atenção para o caso da Ucrânia? O que há de particular no caso da Ucrânia? Ali, estamos diante de um grande conflito frontalmente contrário aos interesses justamente daqueles que gerenciam o mundo burguês e por conseguinte da paz de todos aqueles que deste mundo, de uma forma ou outra, dependem.
Eis aí um prato cheio para o discurso da paz, um canto da Sereia, em um mundo onde o conflito impera em cada esquina e a guerra contra nações ou os golpes de Estado são quase uma norma. A paz em abstrato é uma grande ideologia hegemônica em um mundo cuja realidade é a violência. É o mais fácil a seguir, afinal quem seria contra a paz se até mesmo o Imperador a defende?
O fato de que havia conflitos e violência armada na região da Ucrânia antes da intervenção Russa; o fato de que o fim da intervenção Russa não significa a paz na região, são simplesmente desprezados, pouco importa para uma paz seletiva e abstrata. No fim, lambuzados com uma cínica defesa da paz, estes bem comportados, lançam-se, assim como fiéis, à empenhar-se ferozmente contra a violência na Ucrânia, mas já acostumados a não enxergar a violência diária em seu quintal.
Mas o que pensar dos setores que “acreditam” na crise do Capitalismo e na revolução armada e ainda sim, defendem a paz em abstrato? Ou seja, parte da esquerda que se diz Marxista e se opõe a Rússia? Estes revolucionários, têm a revolução armada apenas como algo distante, abstrato, idealizado, mas sem realidade no mundo em que vivem. Eles acreditam em uma revolução onde tiro e morte são ficções.

Na verdade neste ponto reside um apego ao mundo pequeno burguês e ao Capitalismo. A violência é via de regra uma agressão à ordem vigente e é contra esta agressão que se opõem a pequena burguesia marxista. De modo geral, qualquer agressão à ordem vigente é mal vista pela burguesia, exceto quando trata-se de algo em causa própria, mas mesmo nestes casos, não são eles próprios que atuam. Por exemplo, há funcionários do Estado, como a PM, para fazer este trabalho abominável.
No conflito que ocorre na Ucrânia, a esquerda brasileira, em sua grande maioria, se posiciona contra a Rússia. A esquerda civilizada quer paz no mundo porque quer, antes de tudo, paz para si.

Mas basta inverter a ordem entre tese e justificativa para colocar a nu estes civilizados. Não são os conhecimentos intelectuais desta gente, seus estudos de política, história, filosofia, sociologia, que justificam suas posições, mas são suas posições que vão levá-los a misturar argumentos confusos e de todas as espécies em um caldeirão de conteúdo fétido. É daí que começam as elucubrações.
O funcionamento destes bem pensantes deve ser entendido assim: um conflito, com mortes e violência é uma coisa ruim, incomoda (contra os povos e os trabalhadores, dizem eles de modo abstrato), em contrapartida, a paz é algo bom. Daí já parte uma grande tendência a ser contra o conflito e a favor da paz. O fato do conflito ser contra a ordem mundial vigente a qual eles pertencem, completa a decisão de assumir uma posição tendo a paz como princípio. A posição política já está dada, resta-lhes agora moldar as teorias para encaixá-las naquilo que defendem.

É aí que aparecem os “Marxistas”, “Leninistas”, “Trotskistas” de biblioteca, ou, mais recentemente, de facebook ou sites de esquerda – bem entendido, todas estas fontes são fundamentais, por tanto, não se trata de modo algum de descartá-las, mas é preciso dizer, em abstrato de nada servem e para justificar uma ideologia inculcada pela mídia imperialista tornam-se um escárnio.
Eles são contra a intervenção armada Russa na Ucrânia e contra Putin. Isto os coloca ao lado da OTAN, mas para disfarçar, alguns jogam no discurso uma pitada de cinismo crítico contra a OTAN. Alguns muito engraçados, se não fossem trágicos, como por exemplo, um militante do PSTU que defende que a Ucrânia continue recebendo armas, mas não da Otan (talvez do Paraguai?). De um modo ou de outro, a partir daí se inicia o espetáculo grotesco dos intelectuais.
Setores do PSol e do PSTU falam de autodeterminação dos povos. Isto não passa de charlatanismo barato, principalmente quando citam Lenin. Vejamos no texto de Lenin (Sobre o direito das nações à autodeterminação, disponível em https://www.marxists.org/portugues/lenin/1914/auto/cap01.htm , o que significa autodeterminação:

“por autodeterminação das nações entende-se a sua separação estatal das colectividades nacionais estrangeiras, entende-se a formação de um Estado nacional independente.”

Ora, o conflito na Ucrânia se iniciou pela tentativa de um povo formar um Estado independente? Ainda que o conflito fosse motivado APENAS, exclusivamente, por um desejo de Putin em anexar a Ucrânia, o que obviamente é uma ficção que deve, antes de tudo, partir da maluquice de desconsiderar a existência da Otan o mundo real. Mas mesmo que esta fantasia tivesse algum sentido, mesmo assim o conflito não se caracterizaria como uma questão de autodeterminação, até porque na Ucrânia há muitos Russos.
Notadamente, justamente neste ponto entra algo mais extraordinário ainda: o povo de Lugansk, de cultura Russa, luta pela separação da Ucrânia há 8 anos. Portanto, se há uma caso de autodeterminação na região, ele é justamente contra a Ucrânia e não a favor da Ucrânia. E sobre isto estes esquerdistas de butique nada dizem. Fecham os olhos para o massacre Nazista nas regiões do Donbass. Esta cegueira é violenta, é imperialista, é seletiva, é preconceituosa e xenofóbica.
Estes setores da esquerda pequeno burguesa, que muitas vezes arrotaram pseudos Marxismos, têm mais apreço pelas teorias abstratas e as demagogias do que pelos povos de carne e osso. Estas teorias abstratas são deleites que alimentam seus Egos, enquanto o horror abate seus próximos. Desgraçadamente, em suas bocas, para nada mais servem estas teorias, elas têm justamente a função de nada mudar, são forças retrógradas, conservadoras. Na realidade, não devemos nem chamar de “teoria”, aquilo que apresentam são fragmentos de argumentos confusos misturados em um texto. E é fácil ver, não é preciso nenhum conhecimento profundo de bibliotecas, ao contrário, é preciso sair da biblioteca, abandonar a TV e olhar para o mundo.

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