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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

PALHAÇADA NO DCM

Preto quando xinga é bandido?

Por alguma razão que desconhecemos, o Kiko pode xingar o pessoal do chat, mas o Constantine não pode xingar o Kiko.

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O senhor Kiko Nogueira, às vésperas do Dia da Consciência Negra, deu um bom exemplo de como a luta antirracista de cariz identitário, aplaudida pela esquerda pequeno-burguesa e empreendida pela burguesia propriamente dita, é uma grande farsa. Dono de um canal supostamente de esquerda (ou “progressista”), o tal Kiko, a pretexto de se dizer ameaçado de morte pelo companheiro André Constantine, um dos quadros mais combativos do PT, não hesitou em dizer que o militante usava “linguagem de bandido”.

Kiko Nogueira ombreou-se com Datena em seu jornalismo sensacionalista, para o qual a definição de “bandido” passa pela cor da pessoa, pelo seu endereço e pela sua linguagem. Constantine, em entrevista ao programa Tição, da Causa Operária TV, respondeu à pseudoentrevista de Boulos no DCM, durante a qual esse mesmo Kiko se deu o direito de xingar (com termos chulos) o pessoal do chat que fazia perguntas incômodas ao ilustre convidado. Por alguma razão que desconhecemos, o Kiko pode xingar o pessoal do chat, mas o Constantine não pode xingar o Kiko. O velhote burguesão pode xingar quem ele quiser, mas o negro da favela não pode revidar, do contrário será tachado de “bandido”.

O que o tal Kiko considerou ameaça de morte, da qual deveria defender a si e à sua gloriosa família, era um manifesto político. Basta ouvir a gravação completa do vídeo, não o corte enviesado feito pelo DCM, que, como a cereja estragada do bolo, intitulou o vídeo de “PCO ameaça de morte Kiko Nogueira” – ou algo assim. Nem foi ameaça, nem foi o PCO.

Não à toa, muita gente cancelou inscrição e assinatura nesse canal do YouTube – sobretudo quando se soube que o motivo da palhaçada era achar um pretexto para tirar da programação o companheiro Rui Costa Pimenta. Sim, a reportagem sobre as relações de Boulos incomodou.

Caso o programa fosse jornalístico, como se apresentava até então, bastaria deixar que o candidato do PSOL ao governo de São Paulo explicasse por que seu projeto político é apoiado por gente como Sergio Etchegoyen, um dos sócios do tal IREE. Os potenciais eleitores de Boulos, muitos dos quais são eleitores do PT que foram influenciados pela diuturna difamação do partido pelos órgãos de imprensa à época do golpe de 2016, precisam conhecer melhor o candidato em que podem pensar em apostar as fichas.

Não basta ao Boulos dizer-se apoiador das causas de negros, LGBT, mulheres e índios universitários ou aparecer em manifestações simbólicas – seja lá o que isso for – como uma espécie de líder do bom-mocismo político. A estética Boulos satisfaz certa classe média que, vez ou outra, dá esmola na rua e acha que fez sua parte porque tem bom coração. Constantine é o negro real da favela, que tem todo o direito de indignar-se. Nos chats, por vezes, alguém reclama de Constantine “falar alto”. Sim, ele fala alto porque está indignado, porque não é amiguinho do opressor, por que não está pedindo licença para falar.

Boulos poderia começar do começo, ou seja, poderia explicar se, na sua opinião, o que houve em 2016 foi “golpe” ou foi “impeachment”, depois poderia dizer o que pensa do companheiro Lula (na sua opinião, Lula foi perseguido ou é criminoso?) e assim sucessivamente, ponto por ponto. Um sujeito que já foi candidato à presidência da República, à prefeitura da maior cidade da América Latina e agora pretende eleger-se para o governo do estado mais rico da Federação precisa ir além da ladainha identitária, que é um discurso fácil, praticamente isento de contestação na esquerda, e enfrentar o público, mostrando seu real posicionamento ante as questões políticas do momento.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário.

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