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Covid-19

Por que a Ômicron não causou uma crise em Cuba?

Enquanto Macron pressiona as pessoas a se vacinarem, em Cuba, a vacinação avança com o apoio de todos.

abdala

Manchetes recentes do noticiário internacional destacaram a fala do presidente francês, Emmanuel Macron, em entrevista do último dia 4, sobre “pegar no pé” ou “encher o saco” daqueles que não se vacinaram. Com mais de 67 milhões de habitantes, a França tem 5,1 milhões de pessoas que podem receber a vacina, mas se recusam a fazê-lo. Alguns são fanáticos da extrema-direita, mas há aqueles que apenas acreditam que não compensa correr o risco de injetar uma vacina “experimental” que nem mesmo vai impedi-los de contrair o vírus. A polêmica expressão usada por Macron, não considerada adequada à linguagem formal e polida que um presidente deve manter (os franceses não estão acostumados à boçalidade do nosso presidente), provocou discussões sobre a atitude do governo francês de ampliação do passaporte sanitário, exigindo vacinação completa para o acesso a locais públicos, não aceitando mais o teste para detecção de covid-19 em substituição ao comprovante de vacinas. Algumas pessoas se sentiram agredidas pelas palavras do presidente e se declararam descontentes com Macron. Sentem-se discriminadas enquanto cidadãs.

Toda essa polêmica é decorrente da nova onda de covid-19, com a disseminação da variante Ômicron, que tem atingido em especial a Europa. Os cientistas deduzem que a Ômicron já está em todos os países. A França é o segundo país com maior número de casos nesse momento, perdendo apenas para os EUA. Esse quadro tem provocado discussões sobre a necessidade de medidas governamentais que obriguem a população a se vacinar, visto ser essa a forma mais eficaz de combate à nova variante.

A Itália também enfrenta o mesmo problema crescimento no número de casos e uma parcela da população que não quer ser vacinada. Por lá também o governo acabou de decretar a obrigatoriedade da vacinação para maiores de cinquenta anos.

No Brasil, estamos sob o “apagão” de informações desde o suposto ataque “hacker”, sofrido pelo Ministério da Saúde, em dezembro, o que dificulta uma avaliação real sobre a situação de contágio pela nova variante Ômicron. Além disso, a subnotificação constatada desde o início da pandemia vem mascarando os números reais sobre as vítimas de covid-19. Para completar o problema de falta de dados sobre o vírus no Brasil, há o já conhecido descaso do atual governo em relação à pandemia e a consequente falta de testagem para a detecção dos casos positivos. A dificuldade de conseguir um teste nos serviços públicos de saúde tem sido uma constante desde 2020. Com as festas de fim de ano, o número de pessoas com sintoma de gripe (que pode ser covid ou a influenza, cujo número de casos também cresceu muito no final do ano), até os testes de farmácia estão em falta. Excluindo os países que não fornecem informação sobre os infectados, o Brasil é o país da América do Sul que menos testes aplicou durante toda a pandemia.

De qualquer forma, a movimentação nos Prontos Socorros evidencia o que os infectologistas previram antes do Natal: que com as aglomerações e festas, comuns nessa época do ano, a variante Ômicron marcaria o início de uma nova onda de covid no Brasil, apesar do avanço da vacinação. Já temos registro de morte pela Ômicron, que se tornou responsável pela maior parte dos casos atuais da doença também por aqui, superando a Delta.

O cientista cubano, Daniel García Rivera, em matéria publicada no jornal “Granma”, alerta sobre algumas características da variante Ômicron. Ela é de mais difícil detecção. Um dos sintomas da presença do Corona vírus, até aqui, era a perda de olfato, que aparecia em 70% dos infectados. Na nova variante, apenas 10% dos atingidos apresentam tal característica. O teste de antígeno, conhecido como teste rápido para detecção do vírus, não funciona com a Ômicron. Ele pode demorar vários dias depois da infecção para que o resultado seja positivo. Isso pode ser comprovado pelos casos em que a testagem por PCR detecta a infecção, mas o teste rápido apresenta resultado negativo. A dificuldade de detecção do vírus facilita a sua disseminação, pela falta de cuidados por parte do infectado, que permanece desconhecendo que está contaminado e podendo disseminar o vírus. Como a ideia que se dissemina é a de que a Ômicron é menos agressiva, muitos acham que não é preciso se preocupar. Se para alguns, os sintomas podem ser muito leves, para alguns ela continuará sendo fatal. Quem vai querer correr o risco de saber como seu organismo vai enfrentar uma eventual contaminação? Ou alguém mais frágil que faça parte do seu convívio e poderia eventualmente ser contaminado por você? Há indícios de que essa variante pode ser fatal não apenas em idosos ou pessoas com comorbidades, mas ela tem acometido também crianças com maior intensidade. Daí a urgência na vacinação das nossas crianças.

Cuba, sempre tratando a saúde da população como prioridade, segue na dianteira atuando preventivamente também em relação à Ômicron, como tem feito desde o início da pandemia. A ampla testagem e o isolamento dos contaminados foram medidas efetivas na luta contra o vírus. Único país pobre a desenvolver vacinas próprias, Cuba tem quase 90% da sua população com a imunização completa, incluindo aí crianças a partir de dois anos de idade. Diferente do que ocorre em países como os EUA ou a França, em Cuba, a população tem consciência da necessidade de imunização coletiva para o enfrentamento da pandemia. A população sabe que, desde a Revolução de 1959, a saúde é uma prioridade em Cuba e seu viés humanista e não mercantilista faz desse sistema um dos grandes baluartes do povo cubano. A postura do governo cubano no ataque à pandemia, criando um plano nacional, com transparência e clareza na comunicação sobre as medidas tomadas, fazendo boletins diários da situação da doença na ilha, a ênfase na pesquisa para a criação de vacinas próprias, assim como a busca ativa pelos casos positivos, desde os primeiros infectados, são aspectos que permitiram à Cuba um enfrentamento exemplar da pandemia, digno de destaque pela OMS.

O histórico de luta e de consciência de coletividade que existe entre os cubanos, desde a Revolução, contribuem para o sucesso da vacinação no país, que tem mais de 90% da população com pelo menos uma dose. Os cubanos sabem que não existe interesse econômico dirigindo a aplicação de vacinas entre eles. Da mesma forma, sabem que a reabertura do país ao turismo e a volta às aulas presenciais só aconteceu após a ampla vacinação e o controle dos casos de covid no país, que mantém um rígido protocolo de segurança em relação aos turistas para evitar a volta do aumento no número de casos.

No Brasil, a pandemia deixou evidente a importância de se ter um sistema de saúde público e universal. O bom número de vacinados que encontramos por aqui, apesar da má vontade do governo, é resultado de décadas de políticas públicas em que a população foi ensinada sobre a importância da vacinação para diversas doenças. Sem isso, a catástrofe seria ainda maior nesse período de governo genocida. No contexto internacional, Cuba nos mostra a diferença que faz um governo socialista no enfrentamento da pandemia. A medicina cubana, que há décadas tem sido uma referência mundial na área, se mostrou exemplar também no tratamento da Covid-19. Mesmo em um país pequeno, pobre e bloqueado pelos EUA há sessenta anos, um sistema de saúde gratuito, universal, que coloca a vida em primeiro lugar, encontramos um exemplo ímpar de sucesso no combate ao covid-19. A quem não tem um sistema de saúde como o cubano, só resta medidas de coerção à população para que se vacine. Macron vai precisar irritar muito os que se negam a receber a vacina para vencer essa briga.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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