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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Esquerda acovardada

Pedir limites para a liberdade de expressão é dar um tiro no pé

KIm Katacoquinho, amigo do "homem", ganha ação movida contra Jean Willys, que o chamou de "nazista"

A coisa anda confusa, muito confusa. É de memória recente o caso da excomunhão do podcaster Monark, acusado de apologia do nazismo. Todos se lembrarão de que o rapaz conversava em seu programa com dois convidados, os insuspeitos parlamentares da República Tabata Amaral e Kim Kataguiri, quando pôs em questão o motivo de ser proibida a legalização de um partido nazista.

No raciocínio de Monark – que, diga-se de passagem, é alimentado pelo discurso dominante nos órgãos da imprensa burguesa –, comunismo e nazismo são os dois extremos do espectro político e, já que os partidos comunistas são legalizados, por que não o seria um partido nazista. O teor da discussão era esse, e Kim kataguiri endossou o raciocínio do anfitrião. Ora, por que não legalizar um partido nazista?

A conversa estava muito boa até que alguém soltou o busca-pé nas redes sociais e o resto é o que se sabe. Monark perdeu o canal, perdeu recursos, teve a voz calada e se tornou o novo Hitler da internet brasileira. Foi cancelado graças ao “consenso” de que aventar a hipótese de existir um partido nazista legal é ser nazista.

Falando em Hitler, um parêntese: os policiais que improvisaram uma câmara de gás numa viatura da corporação para matar um homem pobre cujo crime foi andar de motocicleta sem capacete foram tratados pela Rede Globo, em seu Jornal Nacional, como “policiais que participaram da abordagem que terminou na morte de Genivaldo”.

Fechemos, porém, o parêntese. Enquanto Monark era sacrificado em praça pública, Kataguiri saía de fininho. O deputado Jean Willys (hoje filiado ao PT), no entanto, chamou o líder do MBL de “nazista” nas redes sociais. Foi processado e acaba de ser condenado por injúria! Segundo a Folha de São Paulo:

A juíza Marilza Neves Gebrim, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), entendeu que as declarações do ex-deputado [Jean Willys] ultrapassaram os limites da liberdade de expressão.

Na opinião da juíza, Jean Willys cometeu o crime de injúria contra kim Kataguiri ao chamá-lo de “nazista”, ultrapassando, dessa forma, “os limites da liberdade de expressão”, limites esses que, como vemos, dependem da cabeça do juiz, seja ela mais ou menos brilhante. Os dois, Monark e kataguiri, disseram a mesma coisa no mesmo contexto. Monark foi considerado culpado pelo tribunal da internet, sem direito a defesa, e difamado dia e noite, enquanto Kataguiri foi acolhido como vítima pelo Judiciário por ter sido chamado de “nazista” em rede social.

É claro que o parlamentar golpista do MBL é uma pessoa muito bem relacionada – Delgatti, o hacker que pôs às claras os bastidores da Lava Jato, descobriu o telefone de Alexandre de Moraes (ele mesmo, o iluminado) na agenda do Kataguiri, revelando essa “amizade”. Quem não tem amigos na corte suprema, hoje, está perdido.

Enquanto isso, certos personagens da imprensa dita “progressista” acham que está tudo normal, que podemos confiar cegamente nas instituições. Mais que isso, há os que, completamente “esquecidos” do golpe de 2016, à maneira de funcionários de sucursais da imprensa burguesa, direcionam suas críticas somente aos bolsonaristas.

Chama a atenção nessa récua um certo Mauro Lopes, publicitário aparentemente expert em recuperar imagem de empresa aérea depois de acidente (Gol 2006 e TAM 2007), que, depois de fazer estágio em um mosteiro, se apresenta com sua inconfundível cara de pastel de vento desejando “paz e bem” aos seus espectadores. É o tipo do cara bajulador de gente rica, esquerdista de salão, que faz sucesso num ambiente em que ser vegetariano é fazer a revolução.

O sujeito escreveu artigo no pasquim de Renato Rovai, em que comemora a perseguição do ministro do STF ao PCO. Segundo ele:

Há quem diga que seria necessário protestar contra a decisão de Alexandre de Moraes porque “pode se voltar contra a gente”. A gente quem, cara pálida? Não sou da gente de Bolsonaro nem de Kicis nem de Kuster, nem de dos Santos, nem de Eustáquio nem de Pimenta. Não me solidarizo com os primeiros quando o STF age contra os primeiros nem contra o último.

Ele acha certo calar a voz daqueles que pensam diferente dele, que, afinal, são “outra gente”, provavelmente de uma casta inferior à sua. Seu mundo ideal de “paz e bem”, como se vê, é bastante limitado. No seu paraíso terreal, existe um togado garantindo o fogo do inferno a quem estiver em desacordo com as suas posições políticas. Tem certeza de que a censura não vai recair sobre si e seus amiguinhos, porque se esmera em adular a burguesia, mas devia saber que até esse expediente pode dar errado.

O PCO faz, sim, crítica de ideias, diferentemente do papo furado da turma da ciranda, mas o sr. Paz e Bem, do alto de sua superioridade, está acostumado a fazer média e a gastar tempo com patacoadas nas suas lives chatíssimas. O rancor e a arrogância, que respingam de seu artiguete irresponsável, mostram que o seu bordão não passa de oportunismo, sabujice e covardia. A coisa anda confusa, mas há males que vêm para o bem, como reza a sabedoria popular. Nessas horas, fica mais fácil separar o joio do trigo.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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