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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

A "mão invisível" do mercado

Passaporte para o inferno

O passaporte da vacina começa com uma "carteirinha", depois aplicativo até chegar a "chipagem"

captura de tela de 2022 01 12 14 00 10
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O cinismo imperialista britânico estampada em uma coluna da revista The Economist , sobre o projeto dos bilionários

Em 2003, foi publicado em Nova Iorque, o livro “Full Spectrum Dominance: U.S. Power in Iraq and Beyond” (Dominância de Espectro Total: O Poder dos EUA no Iraque e Além), de Rahul Mahajan. O livro demonstra como o Pentágono e a OTAN, associado a um aparato de inteligência estabeleceu uma dominação sobre todos os espectros políticos em organizações “sem fins lucrativos”, imprensa “antiwar” e imprensa venal imperialista. Mahajan detalha os bastidores da invasão ao Iraque com uso de todas as instituições possíveis. Esse livro abriria o debate sobre as mais diversas formas de guerra não convencionais e como o Pentágono manobra a população mundial. O livro mais definitivo e famoso sobre o tema viria seis anos depois com William Engdahl, com o livro “Full Spectrum Dominance: Totalitarian Democracy in the New World Order“.

Nesse livro, Engdahl detalha o projeto do complexo militar dos Estados Unidos, OTAN e Imperialismo. Para a finalidade deste artigo, cabe apenas especificar que a dominação total , envolve os campos de batalha terrestre, aéreo, marítimo, subterrâneo, espacial, cibernético, psicológico e biotecnológico. Esses campos são, portanto, físicos: ar, superfície terrestre e subterrâneo, bem como eletromagnético. “O controle implica na liberdade dos ativos da força de oposição para explorar o campo de batalha é totalmente restrita”.

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Capa do livro de Engdhal

Posto isso, vamos à charge do artigo, retirada da revista liberal mais antiga e famosa do mundo, a The Economist.

The Economist , no Olho do editorial escreve que “Um grande governo é necessário para combater a pandemia. O que importa é como ele encolhe novamente depois”.

Esse cinismo é um receituário de como estabelecer o controle político na pandemia, mas, ao mesmo tempo, expõe os riscos de controle. De acordo com o editorial:

Para os crentes em governos limitados e mercados abertos, a Covid-19 representa um problema. O Estado deve agir de forma decisiva. Mas a história sugere que após as crises o Estado não abre mão de todo o terreno que conquistou. Hoje isso tem implicações não apenas para a economia, mas também para a vigilância dos indivíduos. (tradução livre)

Em outra passagem o editorial alerta

O mais preocupante é a disseminação da vigilância intrusiva. A coleta e o processamento de dados invasivos se espalharão porque oferecem uma vantagem real no gerenciamento da doença. Mas também exigem que o Estado tenha acesso rotineiro aos registros médicos e eletrônicos dos cidadãos. A tentação será usar a vigilância após a pandemia, assim como a legislação antiterror foi estendida após o 11 de setembro. Isso pode começar com o rastreamento de traços de “tb” ou traficantes de drogas. Ninguém sabe onde isso terminaria, especialmente se, lidando com a Covid-19, a China louca por vigilância for vista como modelo. A vigilância pode ser necessária para lidar com a Covid-19. Regras com cláusulas de caducidade e escrutínio embutidos podem ajudar a parar com isso. Mas a principal defesa contra o estado superpoderoso, em tecnologia e economia, serão os próprios cidadãos. Eles devem lembrar que um governo pandêmico não é adequado para a vida cotidiana. (tradução livre)

Entre realismo e cinismo, imputando a China como “controladora”, a revista liberal mais importante e influente do mundo, surfa na cara do mundo. Sendo assim, quando o PCO alerta para as consequências políticas do passaporte vacinal, é fundamental que se analise a conjuntura de dominação imperialista, exposta livremente na internet, sem a necessidade de “vazamento” algum por parte de um Julian Assange ou Edward Snowden.

Vejamos agora uma das revistas mais influentes em geopolítica, a Zero Hedge. Em recente artigo publicado por Tyler Durden há uma provocação importante e não distante de nosso horizonte comum:

O que vou compartilhar com você soa muito estranho, mas é tudo verdade. Antes de entrar nisso, deixe-me fazer uma pergunta. Se você pudesse ter um passaporte de vacina permanentemente incorporado em sua mão, você faria isso? Surpreendentemente, algumas pessoas na Suécia estão fazendo isso a si mesmas. Eles estão colocando microchips que contêm suas informações de passaporte de vacina em suas mãos, e eles estão delirando sobre o quão conveniente isso é. Você pode realmente assistir um vídeo deste sendo feito com alguém aqui. O vídeo não está em inglês, mas você será capaz de entender o que está acontecendo. (tradução livre)

O autor do artigo conclui:

A sociedade está cada vez mais dividida em duas classes de pessoas, e a classe de pessoas que está voluntariamente em conformidade está recebendo muitos “privilégios” que o outro grupo está sendo negado.
Muitos acreditam que esta é “apenas uma fase” e que as coisas eventualmente voltarão ao normal.
Mas a verdade é que isso não é “apenas uma fase”.
Por muito tempo, as autoridades de saúde nos prometeram que se todos fizéssemos exatamente o que eles pediam que a pandemia chegaria ao fim.

Mas essa consideração é feita a partir de um fato ainda mais além. O CEO da Pfizer admite publicamente que “Acho que teremos uma revacinação anual e isso deve ser capaz de nos manter realmente seguros.”

Todo esse debate sendo realizado sob nossas vistas, porém, a esquerda brasileira, pautada por ONGs e Rede Globo, sócia do Fórum Econômico Mundial , está fazendo o serviço dos bilionários do mundo, sem que os bilionários façam qualquer esforço. Trata-se de uma esquerda domesticada e que está indo na contramão da esquerda internacional, que tem questionado esse passaporte, como é o caso do Laubour, um partido de esquerda não revolucionária, mas que tem uma lista grande de parlamentares contra o passaporte vacinal no Reino Unido.

A questão fundamental é que não negamos a existência de vírus altamente contagiosos como é o caso da Covid-19 e suas variantes, mas, o mergulho de cabeça no discurso cínico dos bilionários, sem pedir às autoridades brasileiras a quebra das patentes de vacina, a distribuição de máscaras cirúrgicas (as únicas capazes de impedir a Ômicron) gratuitamente, a testagem pública gratuita em massa, programa ampliado de saúde da família e da Rede SUS e a não ditadura da burguesia no controle social da população.

Somente uma esquerda domesticada e burguesa não pensa além das consequências sociais do passaporte vacinal. Por isso é preciso lutar contra essa arbitrariedade e combater a esquerda que se alinha à ditadura em que vivemos, com amplo auxílio de setores supostamente progressistas, como universidades e cientistas brasileiros, que se distanciam cada vez mais do povo. Além disso, carecem de uma noção geográfica da realidade, em um mundo onde 1% dos mais ricos já possuem riqueza maior que quase 40% da população mundial e, dos cerca de 7,8 bilhões de habitantes do planeta, aproximadamente 43% habitavam “áreas rurais” em 2020. Viveremos, sem dúvida, uma domesticação completa se nada for feito agora a respeito do controle social mais aprofundado do que já vivemos com as Big Techs, aplicativos bancários, governamentais e paywalls.

O mundo torna-se-á um inferno para os pobres e marginalizados, e um oásis para os bilionários, que ampliará sua dominação política, econômica e social, aumentando sua influência sobre a vida da população mundial.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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