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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Partidinho

Os comunistas da Globo

Dos meus comunistas, cuido eu! Roberto Marinho

Hoje pela manhã recebi, via redes do PCO, o frágil e infantil ataque de pelanca do PCB ao PCO, por intermédio da coluna de Milton Pinheiro, membro do Comitê Central do PCB (imagem a seguir). Trata-se de uma peça abaixo da crítica, mas é oportuna para um debate sobre Princípios e Programas partidários. Também é oportuno para discutir o método de ataque de um membro do Comitê Central de um dos partidos de falsa bandeira mais utilizados pela burguesia, o PCB.

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Milton Pinheiro

Milton Pinheiro é Cientista Político e autor de um livro publicado pela Boitempo, intitulado “Ditadura: o que resta da transição (Boitempo, São Paulo, 2014)”, uma editora financiada pela Fundação Ford em 2014, o que é um indício para o raso ataque dessa figura ao PCO. Antes de analisarmos o eurocomunismo do PCB, dedicaremos a primeira parte desta coluna para rebater as acusações. Por fim, Milton Pinheiro, é colunista do site pequeno-burguês e com renomados golpistas, como o Contrapoder.

O chilique de Milton Pinheiro

O “Partidão” capitulou diante do Golpe de Estado de 64, apoiou Sarney em 1985 e combateu o PT, colaborando com o golpe de 2016. Trata-se, portanto, de um Partido comunista mais importante para a burguesia, pois suas posições nunca ferem, efetivamente, os interesses da reprodução de classes, ao contrário do próprio PT, que teve lideranças e Lula preso por interesses externos.

Tendo em vista essa nota introdutória, vamos à pífia coluna do Partido universitário.

Iniciemos pelo próprio título, uma demonstração pura de amedrontamento diante do crescimento e influência política do PCO. Ataques sobre a “desonestidade” é preciso constituir um debate no interior da coluna, o que a limitação do autor não possibilitou. Vamos às palavras de desespero:

O PCO, “partido da causa operária”, tem se notabilizado por uma postura política bizarra, desonesta em relação à esquerda e subserviente aos pressupostos da democracia formal da ordem capitalista. Essa turma tem ganhado notoriedade por fazer defesas contundentes de personagens que representam ideologicamente as questões do modo de vida burguês (ferindo postulados do pensamento de Trotsky), a exemplo do jogador Neymar, o neonazista Monark, o neofascista Olavo de Carvalho e congêneres.

As palavras de sacripanta demonstra que a desonestidade é desse senhor e do PCB: 1) O PCO não é subserviente, pois lutou contra o Golpe de 2016, não defendemos a existência do STF, defendemos o direito irrestrito de armamento da população, até mesmo para constituir a luta revolucionária; 2) Não defendemos o Neymar, mas denunciamos que a esquerda o ataca histericamente, sem mesmo ter os fundamentos jurídicos para condená-lo; 3) O Monark não pode ser considerado um neonazista, pois um neonazista precisa ter uma militância neonazista, o que se relacionaria com o Pravy Sector, da Ucrânia, país que o PCB, por orientação da imprensa burguesa, sequer debate; 4) O Olavo de Carvalho estava processando o PCO antes do falecimento.

Em ritmo frenético e em profundo desespero de causa, Ribeiro comete outras calúnias:

Essa lógica política dos causadores esmera-se numa falsa compreensão de que todos (as), a partir do direito burguês, poderiam emitir opiniões criminosas e isso deveria ser compreendido como liberdade de expressão (até Voltaire ficaria preocupado com essa noção). Não obstante, se essa primeira impressão não for suficiente para explicar o comportamento dessa turma, poderíamos acrescentar que talvez seja uma necessidade de ser visto a partir das polêmicas estéreis que geram

Além da linguagem universitária com arroubos de profunda confusão, o “militante comunista” demonstra sua falta de intimidade com Lênin. O líder bolshevique, em 1919, “nas teses e relatórios” durante o  I Congresso da Internacional Comunista (Lênin, 1919, Obras escolhidas, tomo 3, pp. 78-79 e seguintes, ed. Alfa Ômega), expressou sua preocupação com a liberdade de reunião, liberdade de imprensa entre outras liberdades, que são aspectos inerentes à liberdade de opinião. Na ocasião Lênin demonstrou a preocupação efetiva da perda de liberdade sobre os regimes burgueses pós-revolucionários. Isto é, no caso brasileiro atual, estamos sobre um regime que vem caçando progressivamente as liberdades, com auxílio das camarilhas de partidos de esquerda pequeno-burguesa.

O desonesto intelectual, Milton Pinheiro, procura distorcer completamente a política do PCO, sabidamente um Partido que possui a maior imprensa entre todos os partidos de esquerda do país. Mirem as palavras de profunda desonestidade e analfabetismo funcional:

Existe sim, nessa turma, não um universo paralelo, mas uma profunda fuga de tudo que não diga respeito ao projeto eleitoral de Lula e do campo majoritário do PT. E para defender esse desiderato, o PCO tem usado de argumentos desonestos e covardes para atacar partidos de esquerda, militantes e perspectivas revolucionárias; inclusive se valendo das falsas notícias da imprensa burguesa

Primeiro, iniciando pela última sentença, jamais utilizamos da imprensa burguesa como instrumento analítico, todas as matérias, assim como o demonstrativo acima, da Fundação Ford, estão disponíveis no site da ONG imperialista. Segundo, quem está em um universo paralelo, é um partido como o PCB, que nunca enxergou golpe de Estado em sua trajetória política. Até mesmo em 64, muitos filiados do PCB, mal sabiam do Golpe Militar, e acreditaram na notícia de O Globo, sobre a democracia, fazendo que, com o passar do tempo, muitos militantes revolucionários saltassem do PCB, dada a colaboração de classes que esse partido contribuiu diretamente.

Esse porta-voz do Eurocomunismo sai em uma defesa apaixonada, um tanto esquizóide, chamando o PCO de um partido criminoso por atacar São Jones Manoel:

No eixo desses ataques, encontra-se, já há algum tempo, o professor Jones Manoel, professor (sic), publicista e militante do PCB, com ampla intervenção nas redes sociais, que vem sendo atacado de forma criminosa e mentirosa pelos causadores. Agora, a verborragia da pequena política desse grupelho se volta, de forma misógina, contra a pré-candidatura da professora Sofia Manzano à presidência da República, pelo PCB.

Nota-se, na pré-candidatura à Presidência do PCB, a desenvoltura para com as massas. Para ela, a razão da existência do capitalismo é apenas a acumulação de capital e, portanto, os reformistas deveriam ser abandonados para frente única. Ela diz não entender os reformistas, mas, sempre salientamos a frente desse partido com o PSOL, blog Contrapoder etc.

Dois pontos a destacar, ainda: Jones não está sendo atacado pelo PCO, mas por amplos setores da esquerda, enquanto nós, do PCO, apenas denunciamos que o discurso prolixo do membro do PCB não segue, em absoluto, nenhum rigor marxista, além de demonstrar como Jones e seu partido continuam sendo peça fundamental para manutenção do Golpe de Estado apoiado pelo PCB. A posição abaixo, sob nosso ponto de vista, é golpista.

Em relação à Sofia Manzano, não há um ponto de demonstração sobre “misoginia”. A única crítica que fizemos foi a seguinte: ao lançar uma candidatura no momento que deveríamos combater o “neofascismo” (palavra acadêmica utilizada pelo autor). Outra crítica foi dizer que o PCB é um partido de universitários, geralmente desvinculados da realidade da população em termos políticos, pois geralmente são atrasados politicamente. Isso não tem nada de misógino, e já fizemos essa crítica ao eurocomunista Mauro Iasi.

A coluna segue com o indefectível discurso de DCE, com palavras de ordem desconexas, e neologismos típico da burocracia universitária, o que contradiz a “veia popular” do PCB. Enfim, para não pormenorizar o festival de mixórdias, vejamos mais uma cita: “Pensamos e agimos a partir da ação que movimenta a luta pelo Poder Popular, na perspectiva do Socialismo. Ao contrário dos causadores, não contribuímos para a subalternização da esquerda ao projeto da conciliação burgo-petista. Nesse cenário, consideramos que quem está contribuindo para fortalecer ideologicamente na sociedade os postulados da direita são aqueles que em seu desiderato fogem do programa da independência de classe e se rendem ao pacto entre capital e trabalho”. (Grifos nossos)

Aqui se revela a contradição entre um partido aliado ao PSOL e toda sorte de partidos pequeno-burgueses, e a tentativa do PCB em ser um partido da Revolução, sem antes avançar contra a burguesia e a extrema-direita que mantém o golpe de Estado. O cientista político, após festival acadêmico e entrada na sala de aula, para interromper professores, típica de DCE, para dar informes, elabora a pérola, o gran finale: “projeto da conciliação burgo-petista”. Daqui em diante, a briga aqui se volta claramente contra Lula, sem dúvida, saída mais rápida do “neofascismo”, algo tão caro para o cientista político do PCB. Nota-se, portanto, que o antipetismo é a marca registrada desse agrupamento de DCE pequeno-burguês.

Como já escreveu o ex-vereador do PSOL, Leonel Brizola Neto, naquele partido, quem escolhe a pauta é a Globo, e o mesmo ocorre com o PCB, um partido embebido no mesmo “ecossistema” solar, chegando a apoiar o político burguês Guilherme Boulos, o que inviabiliza uma crítica ao “burgo-petismo”, considerando, ainda, que o PSOL e PCB foram membros ativos do Golpe, como já destacamos.

Reprodução: G1

Por fim, rememore o vídeo em que os companheiros Natália Araújo e Eduardo Vasco analisam um exemplo de comunista da Globo.

*A opinião dos colunistas não representam, necessariamente, a posição deste Diário

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