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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Imprensa burguesa

O sentido da palavra

A alguns está permitido roubar, inclusive dentro da lei, para que o sistema de exclusão se perpetue e o dinheiro fique sempre nas mesmas mãos

Um certo Reinaldo Azevedo, personagem do colunismo da imprensa burguesa, embora se considere um grande intelectual, deixa como legado para a posteridade uma invenção de palavra, fruto de trocadilho de gosto duvidoso. O dito-cujo não se cansa de alardear a autoria do termo “petralha”, do qual tanto se orgulha.

Sem disfarçar a gabolice, usa uma de suas colunas de jornal para enaltecer a própria invenção linguística, dando ao infame jogo de palavras o estatuto de conceito sociológico. Vejamos o que ele diz:

Há 15 anos, criei o vocábulo “petralha”. Nasceu da fusão da sigla “PT” com a palavra “metralha”, numa referência aos irmãos que viviam tentando roubar o Tio Patinhas. Um “petralha” é aquele que justifica o roubo de dinheiro público em nome de uma causa.

Os Irmãos Metralha, personagens de Walt Disney, eram um pequeno grupo de ladrões desastrados que tentavam, insistentemente, roubar a caixa-forte do Tio Patinhas, um velho sovina que acumulava dinheiro e gastava todas as suas horas a tomar conta da fortuna. Os Metralha nunca se davam bem, afinal, é preciso ensinar às crianças que é errado roubar, mas o velho muquirana que juntava dinheiro não era lá a figura mais simpática da história. Deixemos aos intelectuais de plantão a tarefa de fazer a análise sociológica dos personagens de quadrinhos e tomemos a frase sublinhada.   

Como desenvolverá em sua coluna, que causou nojo até nos leitores da imprensa burguesa, o roubo feito pelos outros partidos não era tão grave, já que não era justificado “por uma causa”. Simplificando a história: para esse “jornalista”, roubar o dinheiro público para enriquecer pessoalmente (e virar um Tio Patinhas) é mais ou menos normal, afinal, o ser humano tem suas fraquezas. O problema é a “causa”, ou seja, estariam supostamente os políticos do PT, de modo geral, desviando dinheiro para o partido, não para o próprio bolso, o que faria deles ladrões mais odientos que os outros.   

Para esses “ladrões com causa” é que ele cunhou a alcunha “petralha”, que, para o seu gáudio, foi parar num dicionário, o intitulado Grande Dicionário Sacconi. O dicionarista, no entanto, além de não citar a origem da palavra (PT + Irmãos Metralha) nem mesmo o seu criador, estende seu sentido a qualquer pessoa “sem nenhum escrúpulo, [que] não vacila em cometer todo e qualquer ato marginal à lei, como usurpar, mentir, extorquir, ameaçar, chantagear, roubar, corromper”. Segundo o dicionarista, o termo pode ser um adjetivo. São seus os exemplos: “jornalista petralha”, “jornaleco petralha”, “professor petralha”. Segundo a lógica desse “grande dicionário”, usurpar, mentir, extorquir, ameaçar, chantagear, roubar, corromper são ações próprias de professores, jornalistas e “jornalecos”.

O tal dicionário também registra a palavra “petralhada”, que, como explica, é um “bando de petralhas”. Melhor que o Azevedo e o Sacconi juntos fez o Bolsonaro, que, como sabemos, vai direto ao assunto: ao receber o resultado das urnas em 2018, simulando manipular uma metralhadora, conclamou seus eleitores a “metralhar a petralhada”.

Bolsonaro evidenciou o verdadeiro sentido da palavra, que, longe de evocar os ingênuos Irmãos Metralha, contumazes perdedores que angariavam mais a simpatia das crianças do que o faria um velho pão-duro acumulador de fortuna, expressa o desejo de exterminar, metralhando, não só o PT como os trabalhadores e todos aqueles que têm uma causa por que lutar.

Seu criador, com sua afetação coxinha, pode gostar muito ou gostar pouco, mas a palavra representa o ódio de classe. A alguns está permitido roubar, inclusive dentro da lei, para que o sistema de exclusão se perpetue e o dinheiro fique sempre nas mesmas mãos.  

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