Prescrições sem qualquer base científica, como a cloroquina e ivermectina, não são novidades na medicina brasileira. Exemplos desse se acumulam aos montes nas Práticas Integrativas e Complementares (PIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). O que torna ainda mais escandaloso o caso da Prevent Senior é fato que, diferente das PIC no SUS, a cloroquina, além de ineficaz, traz grandes efeitos colaterais, com considerável mortandade.
No rol das PIC oferecidas pelos SUS, são famosas as práticas como Homeopatia, Geoterapia, Aromaterapia, Medicina Antroposófica, Imposição das Mãos e Constelação Familiar, todas sem comprovação científica de eficácia, oferecidas desde 2018 ao público. Os resultados dessas terapias são ineficazes, sendo custeados pela União: são exemplos claros de mau uso dos recursos públicos.
Infelizmente, as decisões são tomadas visando apenas aos interesses políticos dos capitalistas do meio, exemplifica isso a posição do Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2018: “A decisão de incorporação dessas práticas na rede pública ignora prioridades na alocação de recursos do SUS”. O CFM ainda completou: “A decisão de incorporação dessas práticas na rede pública ignora prioridades na alocação de recursos do SUS”.
Entretanto, o próprio CFM não está alheio a pressão política e interesses econômicos, tendo reconhecido a homeopatia como especialidade médica desde 1980. Mesmo hoje, a homeopatia segue sem qualquer validação científica, na realidade acumulam-se os estudos contrários, o CFM continua endossando a prática.
O caso Prevent Senior desnudou uma realidade da medicina brasileira, há demasiada necessidade social e interesse econômico, com falta de controle político da população que necessita dos serviços. Essa não foi a primeira vez que fizeram a população de cobaia, o que chama z atenção é a letalidade da ação. Há alguns, dias um colega de trabalho brincou dizendo que, entre as profissões, medicina era o último do “latifúndio”. Na verdade, temos quase isso: na estruturação do SUS parece que quase todos os interesses possíveis são atendidos, menos os daqueles que utilizam, melhor colocando, os que dependem dos serviço.
Essas terapias, assim como o caso da Prevent Senior, demonstram a necessidade de abertura da administração para os trabalhadores, ficando claro que a saúde da população brasileira está sendo duramente atacada para atender os interesses dos capitalistas do meio. É necessário modificar a própria estrutura de carreiras na saúde, desde a sua formação até a destinação do profissional, fazendo com que esse setor tão importante tenha seu papel social restabelecido.