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Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Olinda

O ano do Fora Bolsonaro, o carnaval do Fora Bolsonaro

No primeiro fim de semana de 2020, as prévias carnavalescas de Olinda mostraram que o carnaval tem tudo para se tornar uma grande manifestação pelo Fora Bolsonaro.

Em 2020, o carnaval será comemorado no dia 22 de fevereiro. Isso, é claro, para quem não mora em Pernambuco, onde os blocos se apresentam durante quase todo o ano. Já no dia 7 de setembro de 2019, o tradicionalíssimo bloco Pitombeira, em conjunto com várias outras agremiações, abriu a temporada de prévias carnavalescas para o carnaval do ano recém-chegado. Desde então, todos os fins de semana foram presenteados com a folia nas ladeiras olindenses.

No último domingo (5), não foi diferente. Blocos como o Ceroula arrastaram milhares de pessoas no sítio histórico de Olinda. Dessa vez, no entanto, os foliões puderam contar com uma novidade: estendida em frente à Igreja de São Pedro, estava uma enorme faixa em que se lia a palavra de ordem mais urgente para a atual etapa da luta política no Brasil: Fora Bolsonaro!

Faixa estendida em frente à Igreja de São Pedro.

A faixa, que logo atraiu a atenção dos presentes, fez parte de uma intervenção dos militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e dos comitês de luta contra o golpe nas prévias de Olinda – intervenção essa que contou com adesivos exigindo a derrubada do governo e sucessivos gritos em torno do Fora Bolsonaro. Durante as horas em que os companheiros estiveram presentes, fazendo a campanha em torno do Fora Bolsonaro, a popularidade dessa palavra de ordem foi confirmada repetidamente. Incessantemente, os foliões paravam para tirar fotos junto a faixa e procuravam algum material que contivesse a propaganda.

Foliões tirando foto junto à faixa.

A popularidade do Fora Bolsonaro, por sua vez, não é nenhuma novidade. Herdeiro de uma profunda crise do regime político burguês, que viu partidos tradicionais como o PSDB, o DEM e o MDB serem quase que extintos por causa da impopularidade da política neoliberal, Bolsonaro é o chefe de um governo improvisado, sem qualquer perspectiva de êxito econômico, que ataca ferozmente os direitos dos trabalhadores e acena à extrema-direita ao mesmo tempo em que cerca os direitos democráticos. Não bastasse isso, Bolsonaro é o resultado de uma fraude eleitoral escancarada, que impediu que o maior líder popular do país pudesse ocupar o cargo de presidente.

O governo Bolsonaro se encontra em crise há cerca de um ano, e é sistematicamente sabotado pela própria burguesia, que não confia em sua capacidade de aplicar a política neoliberal com a eficiência necessária para os capitalistas. E o começo dessa crise aconteceu justamente no carnaval, quando milhões de pessoas saíram às ruas, sobretudo guiadas pela juventude, para expressar o seu ódio ao fascista que ocupa o Palácio do Planalto. “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, bem como “Bolsonaro é o c*” foram, de longe, as canções que mais ecoaram no carnaval de 2019.

As manifestações do carnaval de 2019 foram importantíssimas porque desmascararam, em menos de três meses toda a farsa que a imprensa burguesa havia montado para tentar legitimar a vitória eleitoral de Bolsonaro. Com milhões de pessoas nas ruas revoltadas com um governo recém-empossado, não era mais possível sustentar que o governo seria popular e que o bolsonarismo fosse uma tendência majoritária na população. Tanto foi assim que, logo após o carnaval, a extrema-direita não conseguiu organizar mais nenhuma grande manifestação.

Com as manifestações contra Bolsonaro no carnaval, feitas inicialmente de maneira descontraída, o movimento de luta contra o golpe ganhou confiança para organizar atos políticos contra o governo. Foi assim que, em maio, Bolsonaro teve de enfrentar dois atos gigantescos, que colocaram seu governo na corda bamba.

Ao que tudo indica, o carnaval de 2020 tem condições para se transformar em mais uma grande manifestação contra a extrema-direita. Dessa vez, no entanto, a economia se encontra ainda mais deteriorada, o desemprego é ainda maior, as condições de vida ainda piores: é hora, portanto, não só de expressar o ódio contra o governo, mas de organizar um movimento para que o coloque abaixo. É hora, portanto, de transformar as festas carnavalescas de norte a sul do país em um grande carnaval pelo Fora Bolsonaro.

Foliões em Olinda com adesivos pelo Fora Bolsonaro.

Ao mesmo tempo em que as tendências à mobilização contra o governo ficaram evidentes no último domingo em Olinda, também foi possível comprovar o avanço da extrema-direita no regime. A Polícia Militar (PM), inimiga da população, sempre se comportou como uma inimiga do carnaval. Nas prévias mais recentes, no entanto, isso tem se intensificado: a toda hora, um bando de policiais está sempre a procura de alguma maneira de estragar a festa. É preciso, portanto, levar adiante a luta pela dissolução imediata da PM.

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