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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior. Editor e colunista do Diário Causa Operária.

Não à invasão da Venezuela!

O incidente ocorrido no final de semana em Roraima não é preocupante apenas por demonstrar o crescimento do fascismo no Brasil – experimentado a partir de 2013 e que ganhou ainda mais força com a derrubada de Dilma Rousseff em 2016.

O conflito social envolvendo imigrantes venezuelanos – que saem do país devido à crise econômica causada pela burguesia e o imperialismo ao boicotarem a produção, distribuição e compras internacionais de alimentos e remédios, e à brutal violência da oposição golpista – é de total interesse do imperialismo.

Confrontos de fronteira costumam ser falsos positivos que servem de pretexto para a invasão de países que já estão na mira do imperialismo. Para dominar a Coreia, por exemplo, os Estados Unidos – e as tropas sul-coreanas, sob seu comando – organizaram provocações fronteiriças com a Coreia do Norte, enquanto enviavam suas forças armadas para a península e fortaleciam sua presença militar no Sul, finalmente invadindo o Norte e estalando a guerra. A desculpa esfarrapada foi que os norte-coreanos teriam atacado primeiro.

A Venezuela se vê atualmente cercada por regimes direitistas e totalmente hostis: Guiana, Colômbia e Brasil. Os três países mantêm atritos com os venezuelanos. Guiana pela posse da região do Essequibo, Colômbia como o principal capacho ianque e o Brasil, gigante sul-americano, que após o golpe de Estado mudou completamente sua política exterior e se transformou em inimigo da pátria irmã venezuelana.

Os planos para a invasão da Venezuela já vêm sendo traçados há algum tempo. O imperialismo nunca suportou que Hugo Chávez, e depois Nicolás Maduro, estivessem no poder comandando um governo nacionalista e amplamente popular da nação com a maior reserva de petróleo do mundo. Por isso sempre tentou derrubá-los. A crise atual não passa de um resultado da pressão imperialista contra a Venezuela. Essa foi uma cartada decisiva que, todavia, não atingiu seu objetivo de derrubar Maduro, que continua com apoio popular. No entanto, ela gerou problemas que estão sendo explorados no decorrer da campanha por uma intervenção imperialista, como a falta e carestia de produtos, a violência da oposição entreguista e a emigração, todos interligados e intensamente explorados pela manipulação midiática. A tentativa de atentado contra Maduro é a prova de que o imperialismo e seus lacaios irão até as últimas consequências para destruir um dos últimos pilares de soberania no hemisfério.

O imperialismo tenta asfixiar a Venezuela ao impor um bloqueio econômico que a impede de comprar alimentos e remédios, pagar dívidas e negociar com países e empresas estrangeiras. À pressão econômica se soma o cerco político, isolando o governo bolivariano em uma América do Sul tomada pelo golpismo. Exemplo disso é a criação do Grupo de Lima, clube de países governados pela direita, dentre os quais o Brasil, cuja missão principal é atacar Nicolás Maduro. Outro instrumento é a famigerada OEA, órgão controlado pelos EUA com extenso currículo de apoio a golpes de direita e ofensiva sobre governos de esquerda na América Latina.

Para completar a tríade, estamos vendo o fortalecimento do fator mais importante na intervenção contra a Venezuela: o militar. Ano passado, Donald Trump anunciou publicamente que não está descartada uma invasão militar contra o país sul-americano e, no começo deste ano, foi revelado um documento do Departamento de Defesa norte-americano exigindo uma intervenção militar estrangeira, com apoio de seus capachos sul-americanos (como o Brasil).

O exercício militar realizado na Amazônia (violando a soberania brasileira) no final de 2017 serviu como uma simulação dessa invasão. A multiplicação de bases militares estadunidenses, a maioria disfarçada de “centros de assistência humanitária”, em países do norte da América do Sul, nos últimos anos, é outro indício. Depois, vimos a adesão oficial da Colômbia (que elegeu um candidato de extrema-direita ligado a paramilitares) como parceira da OTAN – principal braço armado do imperialismo no mundo – ao tempo em que se retirava da Unasul.

Em julho último, dois aviões da Força Aérea dos Estados Unidos aterrissaram e permaneceram por até 20 horas em Manaus, sem nenhuma explicação e com um deles tendo apenas vindo e voltado aos EUA. Isso ocorreu um mês após a visita do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, que foi a Manaus justamente para dar ordens em relação aos imigrantes venezuelanos. Pence anunciou repasse de recursos financeiros para o Brasil acolher mais venezuelanos, e os EUA têm feito a mesma coisa na Colômbia e no Equador, países que também recebem tais imigrantes.

A intervenção “humanitária” (como sempre é chamado o massacre imperialista a outros países) tem como principal desculpa o “êxodo de refugiados”. Não muito diferente do que ocorre na Síria. E, embora haja uma grande distância entre Venezuela e Síria, tem algo que as une. Sim, o petróleo é uma coisa que as une, ainda mais pela facilidade que seria para os EUA importarem petróleo da Venezuela em relação ao que são obrigados a fazer hoje no longínquo Oriente Médio. Além disso, há a organização imperialista Capacetes Brancos, midiaticamente chamada de “humanitária” mas que na verdade é cúmplice das barbaridades cometidas por grupos terroristas opositores ao governo nacionalista de Bashar al-Assad.

Embora não seja a mesma que atua na Síria, a instituição argentina tem o mesmo papel oficial, o de prestar serviços médicos e de ajuda humanitária ao redor do mundo, sendo vinculada diretamente ao governo da Argentina. Talvez os dois governos mais hostis à Venezuela, Argentina e Colômbia assinaram um acordo e no final de junho os Capacetes Brancos argentinos foram enviados à Colômbia para atender imigrantes venezuelanos, algo muito suspeito e que já é denunciado na Venezuela como mais um elemento da intervenção contra o país.

Neste mês, o lado colombiano da fronteira também foi visitado pela representante dos EUA na ONU, Nikki Haley, tão aloprada como o próprio Trump, uma extremista que ataca ferozmente a Venezuela, assim como a Rússia, o Irã, a Coreia do Norte, a Síria…

Será também na Colômbia que, entre 30 de agosto e 12 de setembro, se realizarão exercícios militares conjuntos com EUA, Reino Unido, Canadá e países latino-americanos inimigos da Venezuela, entre os quais, novamente, o Brasil. Neles, se empregarão navios de desembarque, submarinos e fragatas e executadas operações de solo, ar e mar, além é claro das simulações de desastres naturais e emergência humanitária, obviamente de fachada.

Esse parece ser o capítulo mais perigoso da invasão iminente, talvez em conjunto e simultaneamente com a que pode estar sendo planejada no Brasil. O governo de Roraima, encabeçado pelo partido golpista de ultradireita PP, já vem pedindo o envio de tropas do exército para o estado. Com o incidente do último sábado, o governo golpista está enviando 120 homens. Há sério risco de um aumento da presença militar em Roraima que pode tanto servir como um novo ensaio para golpe militar, caso a crise do regime golpista seja incontornável, como para uma participação na intervenção imperialista contra a Venezuela. Curiosamente, tal acontecimento ocorre logo após a visita ao Brasil do secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, para “estreitar a cooperação” militar entre ambos os países.

Toda a esquerda deve fazer, desde já, uma campanha contra o envio de tropas para o Norte do Brasil e, principalmente, contra a possível participação brasileira em uma invasão militar à Venezuela, porque a imprensa burguesia monopolista, com suas manipulações, prepara constantemente o terreno para essa intervenção. E esse também é mais um motivo para fortalecer a campanha pela liberdade e eleição de Lula como presidente, porque só a mobilização das massas pode frear a entrega das nossas riquezas nacionais ao imperialismo e levar adiante um governo dos trabalhadores que seja anti-imperialista, popular e amigo do povo e do governo venezuelanos.

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