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Izadora Dias

Izadora Dias é militante do Partido da Causa Operária em São Paulo, coordenadora do coletivo João Cândido e integrante da secretaria de organização do PCO. É militante anti-imperialista e anti-identitária. É estudante da USP e, além de colunista do Diário Causa Operária, participa do programa matinal da Causa Operária TV, o Reunião de Pauta, às sextas-feiras.

Nenhuma defesa de Neymar

Movimento identitário, uma política sem princípios

Com o caso do racismo sofrido pelo Neymar na última semana, ficou escacarado que o movimemto identitário não é uma luta em defesa do negro

Em uma recente partida de futebol entre o PSG e Olympique, Neymar foi chamado de macaco por Álvaro González, apoiador de um partido de extrema-direita, o Vox da Espanha. Era de se esperar que o movimento identitário fosse, imediatamente, levantar uma grande campanha contra o ataque racista. Pois bem, não foi isso que aconteceu, pelo contrário, setores da esquerda pequeno-burguesa, além de não defenderem o jogador brasileiro, duvidaram que ele teria de fato sido vítima de racismo e levantaram as mais absurdas desculpas para não defender Neymar.

Apesar de ridículas essas acusações e algumas delas nem merecerem respostas, gostaria de destacar nesta coluna, a falta de princípios da política identitária, que defende apenas os negros que são de interesse da burguesia e não trata-se de um movimento em defesa irrestrita do negro, da mulher, dos LGBT’s.

Tive a acesso a comentários que diziam que Neymar não poderia ser defendido, porque ele é milionário. Se os identitários seguissem o sua própria política que diz que raça está acima da classe, não veríamos esse tipo de justificativa. O próprio movimento defende o enriquecimento individual de cada negro como uma conquista para toda a população negra.

Outra questão defendida pelos identitários é a tal representatividade, qual o caso do enriquecimento também se enquadra, que defende que negros em lugar de destaque são importantes para influenciar outros negros, ocupar os espaços dominados por brancos e possibilitar que outros cheguem a esses papeis de destaques. Só por esses motivos, os identitários teriam justificativas suficientes para defender Neymar, que é o melhor jogador do mundo e o esporte qual ele representa, é o mais amado e praticado por quase todo menino negro no Brasil. Não seria ele o melhor exemplo de representatividade?

Por último, mas não menos importante, a esquerda pequeno-burguesa alegou que não defenderia Neymar, pois ele seria bolsonarista. Porém, vale lembrar que até mesmo Djamila Ribeiro, uma das principais defensoras do identitarismo no Brasil, já se incomodou com a “perseguição” contra Fernando Holiday, vereador em São Paulo pelo MBL, um elemento de extrema-direita cuja política é direcionada a atacar os direitos dos negros.

Daria para defender Neymar a partir de todos esses argumentos utilizados pela esquerda pequeno-burguesa, mas como o chamado identitarismo prova que é orientado pela burguesia. Como está proibido defender Neymar pela “opinião pública” da pequena-burguesia, os princípios são deixados de lado a ponto de alguns setores terem justificado sua política afirmando cinicamente que “Neymar não se considera negro”, o que, verdadeiro ou não, não muda em nada a essência do problema.

O identitarismo é uma ideologia produzida nas universidades dos países imperialistas e serve como uma forma da burguesia fazer demagogia com a luta dos negros ressaltando fatores secundários como a linguagem, a cultura, etc. Nesse sentido, o movimento identitário está programado para defender apenas aqueles que aparecem como parte desse manobra demagógica. No caso de Neymar, como há um esforço do imperialismo para desmoralizar o jogador como parte de uma campanha contra o futebol brasileiro, os identitários não se animaram a defendê-lo.

 

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