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Paulo Amaro Ferreira

Polarização política

Lula e o PCO são os dois obstáculos da Frente Ampla

Enquanto a esquerda pequeno burguesa trava uma luta contra as estátuas, o PCO vem denunciando também as diversas violações aos direitos democráticos da população

Os dois alvos prediletos da direita brasileira, nos últimos meses, têm sido Lula e o PCO. Isso é inegável para todo mundo que acompanha as grandes polêmicas da política nacional e, recentemente, inclusive internacional. Aos menos atentos, esses ataques parecem casuais e descontectados entre si. Porém, um olhar mais acurado sobre a luta política no Brasil nos revela um fato de primeiríssima importância: Lula e o PCO são os dois grandes obstáculos à política de frente ampla, que vem sendo implementada pela direita tradicional brasileira e que tem como objetivo recolocar na presidência da república um político deste campo, ao estilo Fernando Henrique Cardoso.

Até o golpe de 2016, o PCO não tinha muita relevância nacional na política brasileira. Ele figurava como mais um dos pequenos partidos esquerdistas, sem muita influência nas massas ou na luta política geral no Brasil. E isso, para que fique claro, não porque as posições políticas do PCO fossem equivocadas ou coisa parecida, mas sobretudo pelo fato de que a nossa legislação eleitoral brasileira é profundamente anti-democrática, e o espaço que os partidos como o PCO têm no horário eleitoral é muito reduzido. Além disso, raramente os candidatos do PCO são convidados para os debates, o que contribuía ainda mais para o isolamento do PCO. Assim, o reconhecimento do PCO ficava mais restrito a algumas categorias de trabalhadores, como por exemplo, na Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, sem chegar a ter condições de influenciar amplamente no debate político mais geral.

Porém, com o aumento da polarização política no país a partir do segundo governo Dilma, o PCO aos poucos foi tomando espaço. Todos sabemos que, em períodos de crise econômica e política, as organizações que possuem posições claras sobre os mais diversos aspectos da política, tendem a aumentar sua importância. E foi nesse cenário que o PCO viu sua importância crescer a cada dia. Soma-se a isso a política correta do partido em reorganizar e fortalecer a sua imprensa, o que fez com que as suas posições alcançassem a cada dia um número maior de pessoas.

As políticas incômodas do PCO

Ainda em 2014, quando a maior parte da esquerda, ligada ao PT, seguia inebriada com a fantasia de que o Brasil tinha “uma democracia consolidada”, ou que “as instituições no Brasil fuincionavam perfeitamente e respeitosamente entre si”, não enxergando que a luta política no Brasil havia mudado de direção e de que o moderado nacionalismo petista não era mais tolerado pelo imperialismo e por seus representantes no Brasil, o PCO já alertava para o perigo iminente de um golpe de estado no país. O partido inclusive organizou uma manifestação de rua contra o golpe de estado em março de 2014, ou seja, dois anos antes da votação do impeachment da Dilma na Câmara dos Deputados, naquele fatídico 17 de abril. Se o conjunto da esquerda e principalmente o PT tivessem dado ouvidos ao PCO naquele momento, quem sabe não estivéssemos na situação em que estamos hoje.

O golpe foi dado e a resistência da esquerda foi tardia. Naquele momento, pós golpe de 2016, a grande imprensa golpista do país, liderada pela Globo, Veja, Folha de São Paulo, etc, impulsionou uma política fascista de ataque ao PT e de criação de heróis nacionais, ligados à suposta luta contra a corrupção. Porém, contra tudo e contra todos, naquele momento o PCO foi o único partido da esquerda a afirmar que a Lava Jato era uma opepração voltada a dar o golpe no PT e na classe trabalhadora brasileira e que o então juíz Sérgio Moro, venerado como herói nacional naquele momento, atuava de forma ilegal a criminosa, não passando de um servo do imperialismo amrericano. Hoje pouca gente sensata nega esses fatos, principalmente após os vazamentos que comprovaram o envolvimento da CIA e do FBI na coordenação da Lava Jato, e os métodos completamente ilegais adotados por Moro e pelo Ministério Público Federal, embora setores da esquerda como o PSTU e o PSOL sigam afirmando que a Lava Jato cumpriu um papel importante e outros devaneios parecidos.

Após a consolidação do golpe, o PCO emitiu mais uma alerta, que mais uma vez não foi ouvido pela maior parte da esquerda: o alvo principal do imperialismo e da direita era Lula. Ainda em 2016, dois anos antes que Lula fosse preso, o PCO realizou uma força tarefa de colagem de cartazes em várias capitais do país alertando que Lula seria preso e emitiu esse alerta também pela sua imprensa. Muita gente afirmava que Lula era intocável, que tinha sido presidente, que tinha popularidade, e por aí vai, dizendo que a possibilidade da condenação de Lula era nula. Quando Lula foi condenado, diziam que ele não seria preso. Pois bem, a história, mais uma vez, mostrou quem tinha razão.

Nas eleições de 2018, o PCO lançou apoio irrestrito à candidatura de Lula, antes que o próprio PT houvesse lançado Lula como candidato. O PT, depois de muito titubear, lançou Lula presidente e a palavra de ordem, correta diga-se de passagem, “eleição sem Lula é fraude”. Porém, por pressão da direita, que ilegalmente impediu Lula de ser candidato, o PT acabou por substituir Lula por uma candidatura sem expressão popular alguma naquele momento. A posição do PCO manteve-se a mesma: a retirada de Lula da eleição é uma fraude, e as eleições já haviam sido portanto fraudadas. Novamente a história nos mostrou quais posições estavam corretas, e após “vencer” as eleições fraudadas, Bolsonaro iniciou seu governo com aparência de amplo apoio popular, o que o PCO também denunciou como sendo uma fraude.

E adivinhem quem foi o primeiro partido a lançar a palavra de ordem Fora Bolsonaro? O PCO, como não poderia deixar de ser. Ainda em fevereiro de 2018, quando Bolsonaro recém havia sido empossado, o PCO lançou a campanha pelo Fora Bolsonaro, quando todos os partidos da esquerda estavam amedrontados, com receio de se posicionar pela queda do presidente. Para o PCO a questão era muito clara: se Bolsonaro fora eleito mediante uma fraude, numa segunda fase do golpe, não havia outra postura a ser adotada que não fosse conclamar pela derrubada do governo golpista. A esquerda bem pensante na época, como por exemplo o senhor Guilherme Boulos, se pronunciou contra a palavra de ordem Fora Bolsonaro, porque, segundo ele, ao adotar essa palavra “estaríamos sendo iguais ao PSDB”, que não havia admitido a vitória de Dilma em 2014. Ora vejam, nada como um dia após o outro. Quem em sã consciência na esquerda brasileira hoje é contra essa palavra de ordem (ainda que alguns a adotem só por demagogia)?

Aí veio a pandemia, e toda a esquerda brasileira entrou como um pato na política do “fique em casa”, lavada a cabo pela direita tradicional. Essa direita, utilizando-se de um pretenso “argumento científico”, impôs uma política de completo imobilismo, que é co-responsável pelo imenso número de mortos pela pandemia no país. Desde o início o PCO denunciou que essa política do “fique em casa” não seria uma política voltada para resolver os problemas da classe trabalhadora e que ela inclusive não resolvia sequer os problemas da pandemia. Pois bem, depois de mais de um ano adotando essa política insana e absurda, a esquerda brasileira decidiu se mobilizar para exigir a compra de vacinas, pois a pandemia estava completamente fora de controle no país. Agora perguntamos: e se a esquerda tivesse adotado essa política desde o início, conforme as posições do PCO, teríamos chegado a esses números absurdos de mortos na pandemia? Se a esquerda tivesse tirado o pijama e organizado a luta por um efetivo combate à pandemia, mediante uma política realmente popular, estaríamos nessa situação? Só podemos responder negativamente a essas duas perguntas, e admitir de fato que a política do PCO estava novamente correta.

E com o retorno da esquerda às ruas, após um longo período de hibernação, a direita tentou mais um golpe, tentando infiltrar os seus partidos nas manifestações populares. E o que o PCO fez: expulsou o PSDB do ato em São Paulo, jogando água no chope da política de frente ampla, e abrindo um importante debate na esquerda, com amplas repercussões também nos meios da imprensa golpsita. Foi a partir desse momento que os ataques ao PCO se intensificaram, vindo tanto dos partidos da direita, liderados pelo PSDB, como também dos setores da esquerda abertamente favoráveis à frente ampla, com destaque para o PSOL e o PcdoB, que inclusive adotaram as cores verde e amarelo, numa cópia grotesca da direita bolsonarista.

Esse parece ter sido o estopim para desatar a guerra contra o PCO, pois para a direita ficou bastante claro que, para impôr a sua política de frente ampla, ou seja, para impor o que se vem chamando de terceira via, será preciso remover o PCO do caminho. E para isso, a direita tem contado com a ajuda generosa da esquerda pequeno burguesa, que vê seus planos oportunistas de tomar conta do eleitorado de Lula ir por água abaixo se as posições do PCO continuarem influenciando cada vez mais militantes de esquerda, inclusive dentro do PT.

Nos debates mais recentes, o PCO tem adotado posturas muito firmes contra a tentativa da direita de impor uma terceira etapa do golpe de estado, destinada a fraudar mais uma vez as eleições para evitar que o PT, e principalmente Lula, volte a governar o país. Um exemplo disso foi a denúncia que o partido fez da pouca confiabilidade das urnas eletrônicas, que podem ser um dos instrumentos utilizados pela direita para fraudar as eleições do ano que vem, na medida em que esse sistema não permite qualquer forma de controle popular na contagem dos votos. Porém, mais uma vez, a quase totalidade da esquerda, incluindo o PT, que é a vítima em potencial dessa possível fraude, afirma que o sistema eleitoral brasileiro é seguro, apesar de fazer apenas três anos de uma das maiores fraudes eleitorais da história do Brasil.

Enquanto a esquerda pequeno burguesa trava uma luta contra as estátuas, o PCO vem denunciando também as diversas violações aos direitos democráticos da população, que vêm sendo perpetradas pelos setores da direita tradicional, principalmente pelo judiciário. As prisões por crimes de opinião política, do deputado pé-de-chinelo Daniel Silveira, e também do presidente do PTB Roberto Jefferson, ambos elementos secundários e muito insignificantes da extrema-direita, demonstram que a direita vem se utilizando das instituições controladas por ela para avançar no seu projeto de colocar alguém de sua confiança no lugar de Bolsonaro. O PCO, novamente, tem sido o único partido a colocar-se contra essas violações, pois obviamente o alvo central de todas essas manobras não são os elementos secundários da extrema-direita, mas sobretudo a esquerda.

E por fim, a última grande polêmica política, agora de ordem internacional, é o espanto que o apoio do PCO à vitória do Talibã causou na esquerda pequeno burguesa, que mais uma vez se deixa influenciar e dirigir pela direita golpista. A orientação identitária da maior parte das direções da esquerda brasileira tem servido justamente para subordinar a esquerda ao projeto de dominação imperialista. E a direita, vendo que o PCO não se dobrou a mais essa falsificação da história e da realidade, intensificou nessa semana os ataques contra o único partido que combate verdadeiramente as posições anti-democráticas e golpistas da direita ligada aos principais interesses imperialistas.

Persona non grata

Para recuperar o governo e retomar o poder no país, a direita tradicional, que organizou e dirigiu o golpe de estado em 2016, mas que se viu obrigada a apoiar Bolsonaro em 2018, tem pela frente dois grandes obstáculos. Um deles é o próprio Bolsonaro, que apesar de ter sido colocado no governo pela direita tradicional, não é exatemente um representante direto dos setores mais poderosos da burguesia nacional e do imperialismo. Essa tarefa até poderia ser mais fácil, não fosse um porém: a existência de um líder mais popular que Bolsonaro e que todos os representantes da direita tradicional juntos, que é Lula.

Lula é a ligação umbilical da esquerda com a classe trabalhadora e com os setores mais empobrecidos do país, e por essa relação a sua candidatura não serve aos atuais propósitos do imperialismo e da direita nacional, que são os de esfolar completamente os trabalhadores do país, retirando todos os direitos, além de entregar o que resta do patrimônio nacional às empresas imperialistas. Portanto, candidatura de Lula se coloca contra a frente ampla não por suas ideias, mas pelo simples fato de sua existência.

Não faz muitos dias que alguns pseudo intelectuais da esquerda nacional alardearam que Lula seria a opção da direita nas eleições de 2022. O PCO obviamente tratou, desde o início, de desmascarar esses argumentos baseados apenas nos delírios anti-petistas de uma esquerda que se pauta somente pelos ataques contra o PT, arregimentando setores supostamente radicalizados da classe média. E eu escrevo supostamente radicalizados, pois também vimos que na hora de radicalizar de fato, esses setores se esconderam embaixo das asas da direita, condenando o PCO e defendendo o “direito do PSDB de participar dos atos”. Ou seja, esses setores da esquerda classe média são radicais no discurso, mas capachos da direita na prática.

Porém, recentemente, a própria direita tratou de desmentir essa tese do apoio à candidatura Lula. No início do mês de agosto, um economista do banco espanhol Santander, declarou com todas as letras que “é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo. Pode voltar a sê-lo”. Da mesma forma e também nesse mês de agosto, um grupo de influentes empresários nacionais, liderados por Pedro Passos, dono da Natura, Pedro Wongtschowski, do grupo Ultra e Horácio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, publicaram artigo conjunto contra o ex-presidente, propondo inclusive uma mobilização para impedir a volta de Lula.

Ou seja, mais uma vez, os grandes gênios da esquerda classe média brasileira estão redondamente enganados. E nesse caso, não interessa nem o que Lula pensa sobre esse assunto ou sobre o que ele desejaria fazer. Não vem ao caso aqui se Lula tem tendências ou não à conciliação e a alianças com setores da burguesia. O que ficou e fica mais claro a cada dia, é que a burguesia não quer Lula e está disposta a fazer de tudo para impedir a sua volta, inclusive a fraudar as eleições novamente, como já fizeram em 2018.

É preciso calar o PCO

Por seu combate intransigente à política da direita golpista e do imperialismo, o PCO desperta a ira de todos os setores que estão sob orientação da direita, principalmente do PSDB. Recentemente algumas figuras completamente anti-populares, como o presidente do PSOL Juliano Medeiros e o youtuber marombado do PCB Jones Manoel, declararam que era preciso calar o PCO. Por que querem calar o PCO? Justamente por que o PCO é um grande obstáculo para a implementação da política da frente ampla no Brasil. Não fosse o PCO, toda a esquerda já teria sucumbido às pressões políticas da direita golpista, que através da imposição do identitarismo e de uma série conceitos ideológicos fabricados nos Estados Unidos, querem transformar a esquerda brasileira numa espécie de partido democrata americano. A postura firme do PCO contra essa política e o apoio do PCO à candidatura de Lula, fazem do nosso partido um verdadeiro obstáculo para a terceira fase do golpe de estado no pais.

É tarefa de todos os militantes da esquerda, que querem verdadeiramente derrotar o golpe e toda a direita golpista em seu conjunto, apoiar o PCO contra os ataques do PSDB e seus funcionários enrustidos dentro da esquerda. Estamos diante de uma etapa fundamental da luta política no país e o futuro da classe trabalhadora brasileira está sendo definido nas batalhas travadas nesse momento. As trincheiras do PCO estão bem cavadas e bem guarnecidas. Não será fácil nos fazer retroceder um milímetro sequer.

Paulo Amaro Ferreira é militante do PCO em Caxias do Sul, e também professor de história nas rede de ensino municipal nessa cidade

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