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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior. Editor e colunista do Diário Causa Operária.

Uma compreensão necessária

Lula, a classe operária e os revolucionários

Mesmo tendo uma política reformista, Lula é capaz de mobilizar os trabalhadores. É essa mobilização que importa

Muitos companheiros da chamada “esquerda radical” continuam vacilantes sobre apoiar uma candidatura de Lula à presidência da República em 2022. Dizem que isso seria um erro, pois Lula governou para os capitalistas e um novo governo seu não seria diferente.

É verdade, Lula governou para os capitalistas, assim como Dilma Rousseff. Mas os capitalistas derrubaram Dilma do governo e prenderam Lula. Por quê? Porque, com o novo período de crise que se abriu em 2008, o imperialismo precisava aprofundar o saque contra a classe operária e os países atrasados. Mas não seria possível aprofundar esse saque através de governos de conciliação de classes como foram os governos do PT.

Apesar de o PT ter governado para os capitalistas, ele teve de fazer algumas concessões aos trabalhadores, que o sustentavam no governo. Lula, especialmente, nunca deixou de ter ligações intensas com a classe operária e com o movimento social organizado. Até hoje ele precisa do apoio dos trabalhadores, caso contrário nunca conseguiria o capital político que tem.

Michel Temer, o PSDB, DEM, MDB e Bolsonaro, pelo contrário, são governos de choque direto contra a classe trabalhadora. Não são sustentados, nem de longe, pelo movimento operário. Não devem satisfação aos trabalhadores. Dentre os direitistas, o que mais se aproxima de ter algum apoio popular é Bolsonaro, mas esse apoio não vem dos trabalhadores organizados, e sim de uma parcela do imperialismo, de uma parcela da burguesia nacional e de uma parcela maior da pequena burguesia, bem como de um setor atrasado e menor da classe operária.

Por isso Lula e o PT não poderiam continuar governando. Não teriam condições de aplicar a política neoliberal devastadora que o imperialismo exigia. O imperialismo exigia – e continua ameaçando impor – uma política, inclusive, fascista. Bolsonaro pode, tranquilamente, aplicar uma política fascista, de supressão dos sindicatos e imposição de uma ditadura militar. Muitos não acreditam, mas o PSDB também pode fazer isso, basta a burguesia imperialista criar as condições, vendo necessidade.

O imperialismo não tem, na conjuntura atual, a perspectiva de realizar governos de conciliação de classes, de frentes populares, como foram os governos do PT. Ele demonstrou isso derrubando praticamente todos os governos de esquerda da América Latina, que eram governos de conciliação de classes. Fez o mesmo em várias partes do governo, liquidando governos nacionalistas para impor regimes fantoche.

E o imperialismo e sua burguesia vassala não querem Lula e o PT de volta. Isso ficou evidente em 2018, quando elegeram Bolsonaro para evitar que a esquerda retornasse ao governo. Também fica evidente se verificarmos o posicionamento atual da burguesia.

O editorial de sábado do porta-voz da burguesia imperialista, O Estado de S. Paulo, não deixa a menor dúvida. O Estadão compara os governos do PT a uma doença e a volta do partido ao governo a uma recidiva – reincidência da doença, mas ainda pior.

Por outro lado, devido à intensa crise econômica, social e política que o País vive, os trabalhadores veem cada vez mais em Lula uma alternativa eleitoral para o bolsonarismo e o golpe. A esquerda que realmente luta pelos interesses dos trabalhadores deve levar isso em conta. O Brasil está polarizado. É o povo explorado contra Bolsonaro e os golpistas.

A expressão eleitoral dessa polarização é a candidatura de Lula. E por Lula ter o apoio dos trabalhadores, que têm uma tendência à radicalização, essa candidatura tende a elevar essa radicalização popular. Como Lula sempre está pendendo entre a classe operária e a burguesia, e a burguesia não quer apoiá-lo, portanto existe também uma tendência a um giro à esquerda de Lula, pressionado pelos trabalhadores.

Não somos ingênuos para acreditar que Lula transformar-se-ia em um Lênin brasileiro, mas, como em 1989, sua candidatura pode se tornar um amplo movimento de massas de enfrentamento à burguesia e ao imperialismo.

É nesse movimento de massas, radicalizado, que os revolucionários devem apostar. O que menos importa é a ideologia de Lula ou suas convicções políticas. “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente”, escreveu Marx. Aqueles que se dizem revolucionários devem pensar e agir partindo de uma base materialista, não idealista.

O PCO, por exemplo, sempre apoiou Lula na medida em que ele representava um enfrentamento à burguesia, como em 1989, 1994 e 1998. Ou como em 2018, quando, com o golpe, a burguesia rompeu a conciliação com Lula. Assim, apoiamos Lula com nossa própria política, indicando à classe operária que a candidatura de Lula, apoiada pelos operários, devem ser uma candidatura operária, de luta contra a burguesia e o golpe e que, se chegar ao poder, seu governo deve ser um governo dos trabalhadores, sem patrões. Se Lula vai fazer isso ou não, é outra história. Essa política sendo assimilada pelos trabalhadores, mobilizados com a candidatura Lula, terá o papel de elevar a consciência política da classe trabalhadora e cobrar de Lula que ele governe para os trabalhadores. Abrir-se-ia, portanto, um novo período de lutas dos trabalhadores, com uma reversão na correlação de forças favorável aos revolucionários.

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