Sistemas operacionais (SOs) de computadores são um debate constante. Qual é o melhor, qual é o mais rápido, qual é o mais fácil? Infelizmente, muita desinformação e fatos que foram verdade em algum momento se perpetuaram e se tornaram preconceitos. O objetivo deste artigo é apresentar argumentos que justifiquem a adoção do Linux como sistema operacional e dessa forma motivar o usuário comum de computador a dar o primeiro passo para libertar-se de sistemas proprietários, convidando-os a fazer parte de uma revolução que une milhões de pessoas em todo o mundo.
Com Linux você será convidado a entender os porquês e poderá decidir até que ponto você está disposto a mergulhar no conhecimento. O usuário perceberá o quão grande e receptiva é a comunidade Linux, encontrará milhões de fontes de auxílio, tutoriais, artigos e livros. Compartilhar informações e colaborar fazem parte do que significa participar de uma comunidade de software livre.
Existem milhões de razões para se usar Linux; então, vamos apresentar algumas que julgamos as mais relevantes para motivar quem ainda tem dúvidas.
1.1 Razões filosóficas
Linux é software livre! Mas o que é isso? Por que devo me importar com isso? Vejamos em detalhes o que é software livre.
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Software é um produto abstrato, você não pode tocá-lo, ele não se desgasta com o uso nem perde as cores, também não é fabricado em linha de montagem a partir de alguma matéria-prima. Bem, isso é óbvio, mas e daí? Daí que os custos para produzir um software ocorrem uma única vez e a partir disso podem ser geradas infinitas cópias sem custos adicionais. Por esse motivo, via de regra, não se vende software; o consumidor, na verdade, paga pelo direito de uso, razão pela qual dizemos que um software é licenciado.
Uma licença de software é um conjunto de regras legais que dizem o que o consumidor pode fazer ou, mais comumente, o que ele não pode fazer. Estas licenças são conhecidas como licenças proprietárias, pois o licenciante decide seu conteúdo legal, inclusive as formas de sua revogação.
Software livre, contudo, é todo software cuja licença estabeleça quatro liberdades numeradas de 0 a 3, por uma tradição excêntrica de programadores de linguagem C, que iniciam uma contagem a partir de zero.
Vejamos:
0. Liberdade de uso: qualquer pessoa pode usar;
1. Liberdade de estudar: o código fonte deve ser público;
2. Liberdade de compartilhar: qualquer pessoa pode redistribuir o software;
3. Liberdade de modificar: qualquer pessoa pode alterar e compartilhar o software alterado.
Com um pouco de exercício de imaginação poderemos encontrar infinitas vantagem em um software livre. Vou citar algumas e caso deseje compartilhar outra que vislumbrar, compartilhe com todos nos comentários.
A liberdade 0 não respeita fronteiras, cultura, sexo, religião, moral, guerras, competição industrial, ou qualquer outra característica que torne um ser humano diferente de outro. Isso faz do software livre algo democrático e humanitário.
A liberdade 1 abre as portas do conhecimento com todas as implicações que você possa imaginar, qual engenheiro mecânico não gostaria de ter em mãos os projetos de uma Ferrari e, melhor, poder estudá-lo, replicá-lo, modificá-lo na própria garagem? Essa liberdade também é a razão para que a quase totalidade do software livre seja distribuída gratuitamente. E sim, existe software livre pago, o Linux RedHat, por exemplo, é vendido com um contrato de suporte técnico; mas claro, aqueles que não quiserem pagar, basta baixar sua versão gratuita (que não inclui o suporte) e mudar de nome para Fedora.
A liberdade 2 permite a difusão do software, está diretamente associada à vitalidade e segurança do software; uma vez que quanto maior for a massa de usuários mais testado e consequentemente mais seguro será o software.
A liberdade 3 favorece a eficiência, pois pessoas diferentes fazem coisas de forma diferente; coisas criadas para uma finalidade são adaptadas para outros usos que não foram antes imaginados. Adaptar, modificar, corrigir, otimizar um software, e o compartilhamento dessas mudanças, dão resultados que não seriam possíveis de se realizar por uma empresa com recursos limitados, mas apenas por uma comunidade de voluntários com motivações próprias e muitas vezes distintas.
Saiba mais sobre software livre Software livre um conceito que deixaria Marx orgulhoso.
1.2 Razões práticas
Segurança:
Linux é o sistema operacional mais seguro já desenvolvido. Por esse motivo, está presente na maioria esmagadora das infraestruturas de TI das grandes empresas. Mas o que faz o Linux seguro? Antes de responder a esta pergunta, devemos alertar que nenhum sistema é inexpugnável e que o usuário de computadores devem estar sempre atento ao perigo. Vários aspectos fazem do Linux uma potência em segurança; em primeiro lugar seu kernel, ou melhor dizendo, microkernel, contém as funções básicas do sistema é dissociado da interface gráfica. O sistema de arquivos baseado em permissões é extremamente simples e eficiente. A gigantesca massa de usuários e a enorme quantidade de desenvolvedores de sua comunidade permitem a rápida descoberta e correção de falhas, algo difícil de reproduzir numa empresa com número limitado de empregados.
Eficiência
Linux é distribuído em diversos ‘sabores’, digo, em diversas configurações, adequadas a vários usos específicos. Se o seu negócio é servir aplicações, por exemplo, não será necessária uma interface gráfica, isso poupa recursos (processador, memória, etc), torna-o mais seguro pois seu acesso direto (monitor, mouse e teclado) pode ser impedido. Existem distribuições Linux para uso geral, mas também para especialistas em segurança. Kyle Linux, por exemplo, para computação gráfica, para medicina, para engenharia, pesquisa científica e muito mais. Linux é totalmente customizável e adaptável à robustez ou precariedade de seu equipamento, permitindo extrair o máximo de eficiência e prolongar avida útil do seu hardware (equipamento).
Simplicidade
Linux é intuitivo, simples e direto. Seu sistema de arquivos e permissões trata da mesma forma arquivos e diretórios e ignora a extensão de nomes de arquivos, facilitando assim a gestão de quem, e o que se pode fazer com cada arquivo ou diretório. Instalar e desinstalar programas em Linux é extremamente simples, aliás, existe mais de uma forma de fazer isso para diferentes necessidades. Uma coisa boa desse sistema é que há uma grande quantidade de código que são compartilhadas por diferentes aplicações, as chamadas “dependências”. Isso confere mais confiabilidade, segurança e desempenho ao sistema.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho valoriza muito profissionais que dominam Linux, já que este SO domina a área de infraestrutura. O motivo disso? Linux é um ímã para pessoas curiosas e atraídas por desafios, o perfil profissional que o senso comum costuma chamar (erroneamente, diga-se de passagem) de hacker.
Aparência
O gerenciador de janelas do Linux é algo à parte, os usuários de computadores costumam ter suas próprias preferências quando se trata de interface gráfica e as defendem com entusiasmo. Assim, os desenvolvedores criaram seus próprios gerenciadores de janelas para expressar essas preferências. O resultado é uma vasta gama de opções que vão desde interfaces minimalistas às mais complexas, e existem mesmo algumas inspiradas em interfaces de SOs proprietários. Então, esteja certo de que com Linux seu computador poderá espelhar a sua personalidade.
Conclusão
É possível encontrar muitos outros motivos para se usar Linux, esperamos com estas apresentadas ter despertado seu interesse. Sabemos que mudanças não são simples e sempre envolve novos conceitos e algum aprendizado. Resta perguntarmos a nós mesmos se há razões suficientes para darmos o primeiro passo. O lado bom, é que uma vez que decidimos iniciar esta empreitada, sempre encontraremos alguém com disposição para ajudar.
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*As opiniões dos colunistas não refletem, necessariamente, as deste Diário.
