No dia 18 de setembro, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo visitou o Brasil. Do ponto de vista formal e protocolar, a vinda do representante diplomático do governo Trump ocorreu para a realização de missão diplomática, o que, em tese, pode ser considerado fato normal dentro do espectro de relações que dois países mantêm no terreno da diplomacia internacional.
No entanto, se considerarmos o atual contexto geoestratégico e político continental, a visita de Pompeo ao território nacional, mais especificamente ao Estado de Roraima, é lícito conjecturar que a visita do representante da diplomacia norte-americana ao Brasil se deu por motivos muito diferentes do que simplesmente para o cumprimento de uma agenda diplomática cordial e amistosa. Até porque Mike Pompeo, durante o tempo de permanência em solo brasileiro, sequer foi à Brasília, capital do país, para as formalidades de praxe que a diplomacia internacional adota como protocolo.
À época da visita estava claro que o enviado da Casa Branca desembarcou no Brasil com um objetivo muito específico, qual seja fazer da visita uma ameaça e provocação contra a vizinha Venezuela, país contra o qual os EUA mantém uma odiosa campanha de hostilidades, calúnias e ataques, classificando o presidente Nicolás Maduro como “narcotraficante” e o regime bolivariano como uma ditadura. Durante toda a visita, Pompeo esteve acompanhado do patético ministro Ernesto Araújo, o obscurantista e reacionário chanceler brasileiro, que não perdeu a oportunidade de imitar seu colega igualmente direitista, qualificando o legítimo governo bolivariano como “narcorregime”.
Desta forma, o que já estava cristalino antes, quanto aos reais objetivos da visita do representante do imperialismo criminoso ao Brasil, neste momento aparece não mais como suposição, mas como caso confirmado. O Itamaraty impôs segredo, até 2035, às informações contidas nos documentos e informações que trataram da visita de Mike Pompeo ao país, à fronteira do Brasil com a Venezuela. Dois telegramas diplomáticos, posteriores à visita também foram classificados como sigilosos. Os documentos tratam de relatórios sobre os resultados da visita.
Portanto, embora os documentos estejam sob sigilo e custódia pelos próximos 15 anos, não é difícil saber qual a serventia e para que se deu a visita do representante de Washington à Roraima, estado da federação com ampla faixa territorial fronteiriça à Venezuela. Um episódio lamentável e vergonhoso para a diplomacia brasileira, obediente e servil aos ditames dos norte-americanos, que fizeram do território nacional plataforma de insultos e ataques a uma nação latino-americana irmã, igualmente oprimida pelo imperialismo. Os EUA se preparam para uma ação militar contra a Venezuela e isso se dará sob a égide de qualquer governo, seja os democratas ou republicanos.
A esquerda nacional e continental deve exigir de todos os governos o fim do segredo diplomático, assim como tornar público todo os documentos que dizem respeito às tratativas diplomáticas entre os países da região e do mundo.