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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Delinquência estatal

Ideólogo quer torrar dinheiro do povo para “eliminar monumentos”

Por meio do aparato estatal, ideólogo promete eliminar monumentos ao invés de eliminar a fome

Ideólogo da Nova Esquerda, Vladimir Safatle, professor da USP, promete “eliminar todos os monumentos responsáveis pelo genocídio de povos escravizados”. De acordo com Safatle: “Quem controla o passado, controla o futuro”, diz George Orwell, em 1984. A celebração de responsáveis por genocídios, extermínio e terrorismo de estado é apenas uma forma de repetir o apagamento e a violência contra setores da população ainda hoje submetidos a um estado predador. Derrubar tais monumentos, tal máquina de destruição da memória não é reescrever a história, mas contá-la pela primeira vez.

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Não há nada mais diversionista e reacionário que dizer que uma estátua serve para apagar a violência dos opressores, pois o desenvolvimento histórico é violento e contraditório. Neste Diário, e também em todos os veículos de imprensa do PCO, já foi demarcado o que está por trás dessa ação. De acordo com o jornalista Eduardo Vasco “Derrubar monumentos, ação desesperada e uma política identitária”, pois, “ao invés de lutar por uma conquista verdadeira, por uma real emancipação da sociedade, os identitários fazem o jogo do imperialismo e pregam uma luta simbólica inócua”.

Monumentos são símbolos. Símbolos pertencem ao mundo subjetivo. A esquerda pequeno-burguesa, por ser idealista por sua própria natureza de classe, apega-se mais à simbologia do que à realidade material. Para ela, cuja vida material é relativamente confortável, criar ou destruir um símbolo é algo importante, pois pode se preocupar com isso. Para a maioria da população, no entanto, que precisa se preocupar a cada instante com sua sobrevivência material, a simbologia vem em segundo plano, para dizer o mínimo (VASCO, 2020).

Além da discussão política em torno de uma proposta de projeto de lei, reacionária e custosa ao País, a derrubada de estátuas serve como simulacro de luta e pretende impor uma nova história, contada a partir da lógica do imperialismo, que, por sua vez, visa ‘reiniciar’ a história, especialmente dos países atrasados. Não se trata de uma análise da história sob uma ótica crítica, mas de simples diversionismo. O “reinício” (great reset), abordado por setores nacionalistas, é uma pauta do Fórum Econômico Mundial, conforme demonstramos anteriormente para este Diário.

Captura de tela do site do Fórum Econômico Mundial

Em coluna intitulada “Do direito inalienável de derrubar estátuas” para o jornal imperialista, El País (na versão sem paywall para o “Racismo Ambiental”), Safatle afirma que “Um bandeirante é, acima de tudo, um predador. Celebrá-lo é afirmar um ‘desenvolvimento’ de um país composto por uma nata encastelada em condomínios e uma grande massa que ainda hoje é caçada”.

Nessa lógica abstrata, o Brasil não poderia existir, pois a expansão do quinto maior país do mundo em extensão territorial, não teria ocorrido sem a presença dos Bandeirantes. Com todas as contradições envolvidas, o Brasil é um país que exerce temor ao imperialismo, pois é grande, rico em recursos e que por isso teve um desenvolvimento relativamente progressista, apesar dos regimes políticos e teve um dos mais duradouros governos de esquerda da América Latina.

Não há nada de concreto, comprovado, que a eliminação de monumentos acabará com as desigualdades, que vingará injustiças e que alterará os grandes fatos, como o fato de vivermos no segundo país mais cobiçado do mundo após a Rússia. Enquanto Safatle olha para a história, sobra geografia para o imperialismo, que vê suas ações facilitadas, a partir da campanha contra o próprio Brasil, feitas por ideólogos, principalmente do PSOL.

O nazismo também foi um movimento que se apropriou da “identidade”, usou os alemães contra os demais povos e ideologias. O nazismo promoveu a queima de livros, derrubou estátuas e se projetou para revisar a história. Para o identitarismo, de forma geral, não há a possibilidade de se discutir e analisar a história de um ponto de vista concreto, a partir da política, demonstrando aos trabalhadores que a principal força produtiva é o trabalho. Portanto, os trabalhadores participam da história, não como espectadores. Monumentos erguidos a “opressores” podem ser removidos durante o desenvolvimento da luta política real, não por intermédio do próprio Estado, este sim um instrumento de opressão.

Sabendo disso, Lênin jamais propôs a derrubada do capital fixo e de símbolos do czarismo. Após a revolução russa, preservou-se o capital fixo czarista e diversos símbolos, como o Kremlin. Uma nova arquitetura se impôs no país, mas a base fixa da Rússia foi preservada para o desenvolvimento social. Já os Bandeirantes foram agentes sociais e políticos que, ao serem confrontados com o território, a natureza e com as dificuldades, se colocaram a sobreviver. A disputa ou até as alianças com os indígenas fizeram parte de uma epopeia do desenvolvimento da própria história progressista da humanidade, e resultou em um país de grande capacidade humana e natural.

O que resta dizer é que Safatle está a serviço, não se sabe se direta ou indiretamente, do Fórum Econômico Mundial, órgão deliberador das políticas das grandes corporações financeiras, industriais, de serviços e comerciais. Os grandes capitalistas estabelecem pautas que visam confundir os incautos, sabendo que o terceiro setor, tanques de ideias (think tanks) e universidades, replicarão ideias como “derrubar estátuas”.

Muitos, como Paulo Galo, “o defumador de estátuas”, será visto por Safatle como grande “revolucionário”, enquanto isso, a burguesia atua contra os trabalhadores. O caminho para o neoliberalismo permanece aberto, enquanto o marionete Vladimir Safatle, coloca uma proposta de lei absurda. A imprensa burguesa repercutiria uma ação como essa, enquanto os bancos continuariam leiloando o País. O que Safatle propõe é uma forma de assalto do orçamento da União contra o povo brasileiro.

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