Demissões, rebaixamento salarial, suspensão dos contratos de trabalho, terceirização, estão entre ferramentas dos patrões para superexplorar a força de trabalho, ou seja, a classe operária. No entanto, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, liderada pela Força Sindical, que permitiu aprovação de todos esses ataques no acordo que fez com a Renault para encerrar a greve, quer fazer parecer isso uma vitória.
Neste sentido, como um acordo quer permitiu tudo o que os patrões queriam pode ser uma vitória para os trabalhadores?
A coluna de hoje é para explicar uma técnica comum dentro das direções sindicais: organizar a derrota dos trabalhadores e propagá-la como uma vitória.
Para isso, é preciso resgatar a linha do tempo do que ocorreu na greve, como relatado em matéria deste Diário:
“22 de julho: Os metalúrgicos entraram em greve no dia
23 a 29 de julho: Metalúrgicos mantiveram a greve de forma combativa, com piquetes e enfrentamentos com a polícia e os fura greves, ganhando o apoio e solidariedade de trabalhadores no Brasil e no mundo. A pressão enorme da greve ecoou em todo o País e fez com que setores da burguesia, como o governador Ratinho Jr., deputados da assembleia legislativa, do Ministério Público do Trabalho e do Tribunal de Justiça do Trabalho, intervissem para frear a radicalidade do movimento.
5 de agosto: Como resultado da pressão, Judiciário concede em 1ª instância liminar pedindo a readmissão dos 747 demitido, como forma de aliviar a pressão e enganar os trabalhadores
6, 7 de agosto: Força Sindical, imprensa capitalista e setores de esquerda tratam a decisão como estando certa a readmissão dos 747
8 de agosto: Sem cair na armadilha, metalúrgicos mantém a greve, aumentando a pressão sobre os capitalistas
8 de agosto: Ainda na sexta, Renault chama Força Sindical para negociar o acordo, que sob a farsa da readmissão dos 747, permite justamente o contrário, demissões, redução de salário e de direitos.
8 e 9 de agosto: Para confundir toda a categoria, Força Sindical faz propaganda do acordo como sendo uma vitória, destacando o ponto da readmissão dos 747 e deixando em segundo plano os demais.
10 de agosto: Em assembleia, Força Sindical continua sua campanha e organiza uma votação eletrônica e tira a votação sobre o acordo do controle dos trabalhadores.
11 de agosto: Em apuração virtual, junto com representantes dos capitalistas da Renault, é anunciada a vitória do acordo.”
Ainda segundo informações do DCO, o acordo permitiu:
REDUÇÃO DE SALÁRIO: “MP 14020 (Antiga MP 936 de Bolsonaro, que foi convertida em lei com o apoio da Força Sindical.) no máximo seis meses ou 18 dias de trabalho, garantindo 85% do salário bruto do empregado”
SUSPENSÃO DE CONTRATOS DE TRABALHO: “LAY-OFF para toda a fábrica ou setor por até 8 meses com garantia de 85% do salário líquido do empregado”
DEMISSÕES: Através de planos de demissão “voluntária” (PDVs), que inclusive poderão ser aplicados ao readmitidos!
TERCEIRIZAÇÃO: “Poderá discutir com o Sindicato até 175 postos ou cargos por turno a partir de 01/09/22”
REDUÇÃO SALARIAL: “Sofrerá ajuste de 20% para os novos contratados”
Para enganar os trabalhadores sobre o caráter patronal do acordo, a direção do sindicato, controlada pelo Força Sindical, fez uma campanha destacando que os 747 trabalhadores seriam readmitidos.
Contudo, os 747 trabalhadores demitidos foram colocados ontem em “lay off”, ou seja, tiveram seus contratos suspensos enquanto aguardam nada mais, nada menos que o PDV (Programa de Demissão “Voluntária”). Ou seja, com toda essa manobra, ao fim e ao cabo as demissões ocorrerão, sob o disfarce de serem “voluntárias”.
É assim que a direção permitiu, sob uma grande campanha de desinformação sobre os trabalhadores, que os patrões implementassem na Renault a política de Bolsonaro e dos golpistas.