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Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

2020

Fora!

No ano que se inicia, é preciso tirar Bolsonaro e todos os golpistas do poder.

Por Victor Assis

Com apenas quatro letras do nosso alfabeto, é possível formar uma interjeição repleta de clareza, que não deixa margem para qualquer tipo de dúvidas. Fora não significa saia, se assim quiser, nem tampouco significa fique mais um pouco, muito menos fique enquanto a correlação de forças não for favorável. Por esse motivo, o fora é a interjeição que melhor expressa a política para o ano de 2020: fora Bolsonaro, fora o Congresso golpista que lhe dá sustentação, fora os juízes carrascos comprados pela burguesia!

O ano de 2019 foi marcado por uma série de tentativas – todas elas ridiculamente fracassadas – de transformar a concisa e clara interjeição de fora em alguma outra que tornasse as reivindicações populares confusas. Foi o caso, por exemplo, do basta de Bolsonaro, que durou não mais que um ato, das tsunamis e da política de colocar Bolsonaro na linha – as duas últimas sequer são interjeições, o que mostra a tremenda indisposição das direções em partir para uma ação efetiva. Quando o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro veio ao Recife, ainda no primeiro semestre, meia dúzia de aloprados – comandados por agremiações como o Partido Operário Revolucionário (POR) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) – ensaiaram coros com gritos de xô, Bolsonaro!.

Os termos que citei acima são expressões claras de uma mesma política – a política de adaptação ao governo Bolsonaro, uma política oportunista e capituladora. O basta de Bolsonaro, por exemplo, foi levantado sobretudo por setores do PSOL após novas revelações sobre o caso Marielle Franco. No entanto, mesmo o atual presidente da República sendo produto de uma fraude eleitoral, não ter popularidade e ainda estar envolvido no assassinato de um quadro do PSOL, o partido foi incapaz de reivindicar a queda do governo e, pior ainda, apoiou o famigerado Pacote Anticrime bolsonarista. Ao que parece, o PSOL não está tão preocupado em se ver livre de um governo de extrema-direita, de sorte que sua palavra de ordem poderia ser corrigida para basta de Bolsonaro – Guilherme Boulos para presidente em 2022!.

O xô, Bolsonaro é, sem dúvidas, a mais bizarra – embora, certamente que a mais criativa – das interjeições fabricadas pela esquerda pequeno-burguesa. Ao que me consta, é uma expressão utilizada para espantar galinhas – qual política poderia ser condensada, então, por meio de um ? A atuação dos partidos que pariram o xô, Bolsonaro nos permite tirar essa dúvida: os gritos na visita de Bolsonaro ao Recife não passaram de um showzinho de demagogia barata eleitoral com o Nordeste – isto é, não passava de uma forma de dizer que Bolsonaro não seria bem-vindo ali. Até hoje, ambos os partidos se colocam contra o fora Bolsonaro e compartilham a mesma tese aberrante, reacionária e pró-imperialista de que o povo boliviano não deveria defender o governo Morales.

Toda a farofada a qual assistimos nesse ano não poderá ser replicada para o ano de 2020. O governo Bolsonaro já causou estragos profundos no país em seu primeiro ano – é preciso interrompê-lo imediatamente. A economia despencou – e cairá ainda mais, uma vez que a crise mundial não mostra qualquer sinal de ser resolvida – e a perseguição política aos inimigos do regime se tornou muito mais dura. A passos largos, o Brasil se encaminha para uma ditadura.

Para impedir que a direita prossiga, é preciso levar a sério o que quer dizer fora!. Não se trata de fazer denúncias por trás da tela do computador, nem convencer a chamada opinião pública. Fora é simplesmente colocar para fora.

No início de 2019, em Porto Seguro, no extremo-sul da Bahia, os militantes da luta pela terra mostraram como se coloca um golpista. Ao se darem conta que a cidade receberia o ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, o fascista Ricardo Salles, índios e militantes do MST e do PCO colocaram o golpista para correr, que teve de colocar o carro por cima dos manifestantes para não sofrer uma intervenção mais direta da fúria popular.

No fim do ano de 2017, dois acontecimentos importantes aconteceram em duas das principais universidades do país. Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mais de cem estudantes colocaram mercenários da extrema-direita para correr em um confronto violento, que resultou no completo fracasso da tentativa da direita de lançar o filme O Jardim das Aflições nas universidades. Na Universidade de São Paulo (USP), os estudantes colocaram para correr um homem que se identificava como integralista.

Não por acaso, o integralismo está levantando a cabeça. O atentado ao Porta dos Fundos comprovou que, muito diferentemente do que julgavam os ideólogos da esquerda pequeno-burguesa, o fascismo brasileiro existe e continua vivo. No Brasil, já há mais de 300 células nazistas em atividade.

O fascismo avança no país e em todo o mundo justamente porque não encontra reação – porque o fora não é levado a sério como principal palavra de ordem de mobilização contra a direita. Foram justamente os momentos em que a direita foi tratada gentilmente, ou foi simplesmente negligenciada – como se fosse uma galinha, talvez -, que permitiram o avanço do fascismo. no entanto, a batalha da Praça da Sé, no ano de 1934, já mostrou: com as galinhas verdes do integralismo, não adianta dizer , é preciso colocá-las para correr.

Felizmente, o ano de 2019 não foi apenas o ano dos malabarismos da esquerda pequeno-burguesa pra driblar o enfrentamento com a direita, mas também foi um período em que a população mostrou, inúmeras vezes, a tendência à luta. No Equador, no auge da mobilização, os trabalhadores acuaram tanto o presidente traidor Lenín Moreno que este teve de transferir a sede do governo para outra cidade. No Chile, o impasse é gigantesco, uma vez que o povo rejeita os acordos propostos pela direita e pela esquerda parlamentar. Mas também, no Brasil, várias demonstrações desse tipo já foram dadas. A mais recente, certamente, ocorreu quando os ambulantes do centro de São Paulo enfrentaram a polícia fascista do governo Doria.

É preciso, portanto, aproveitar essas tendências e organizar um movimento em todo o continente para varrer os vigaristas que estão castigando todos os povos a mando do imperialismo. Fora Bolsonaro, Piñera, Duque, Añez, Hernández, Moïse, Benítez e todos os ditadores da América Latina! Abaixo o golpe de 2016 – fora todos os golpistas que pavimentaram o caminho para a extrema-direita! Eleições gerais já, com o candidato do povo, Luiz Inácio Lula da Silva, restituído de seus direitos políticos!

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