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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Think Tanks e o Imperialismo

FGV, a think tank que emprega Silvio Almeida

Identitarismo à serviço da geopolítica dos Estados Unidos

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Guilherme Boulos, atuante ativo da desestabilização política que levou à derrubada da Dilma em 2016, por intermédio do Movimento Não Vai Ter Copa, foi denunciado por este Diário por relações sombrias com think tanks ligadas à produção de conhecimento, para mudanças de regimes e golpes de Estado no mundo inteiro.

Mas, nesta coluna, ampliaremos a discussão falando de Silvio de Almeida, um dos proeminentes escritores do conceito de “racismo estrutural”, que trabalha junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no escritório de Walfrido Warde. Seu perfil pode ser encontrado no Linkedin.

Além de ser empregado de uma das maiores think tanks do mundo, Silvio Almeida foi convidado pelo Carrefour, uma empresa historicamente racista, para ser uma espécie de “coaching antirracista” da empresa, após assassinato por espancamento de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, no estacionamento da loja por seguranças.

Além da conexão explícita com Walfrido Warde, Guilherme Boulos, de acordo com a Carta Capital, órgão de imprensa onde o membro do PSOL escreve colunas, pode ser candidato a vice-governador em São Paulo.

Sobre a FGV, essa instituição é considerada think tank de acordo com a “Think Tank das Think Tanks”, a Think Tanks and Civil Societies Program (TTCSP), da Universidade da Pennsylvania.

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The Think Tank of Think Tanks

O que é uma think tank?

Primeiramente, é fundamental dizer que a “visão imperial”, de dominação e controle dos territórios ainda predomina nas relações capitalistas de produção, independentemente do “trabalho de base” ou da “santidade” dos sujeitos e do “micropoder” (patriarcado, machismo, racismo estrutural, misoginia etc.). Embora tenha sido criada uma visão de mundo que diga focalizar os “sujeitos da História”, sem dúvida o Poder concreto, real e soberano pertence aos donos das nações desenvolvidas e se impõe ao resto do mundo. Existe, portanto, uma “competição” interestatal hierárquica em que uma nação controle o regime político mundial e, portanto, a força e controle total sobre os territórios.

Os capitalistas que dominam o planeta têm plena consciência de que o capitalismo é tão forte quanto um castelo de cartas, portanto, não basta controlar o sistema com uma estrutura, uma “base material”, mas com instituições e uma ideologia, o que Karl Marx denominou de superestrutura. A vida social e seu conteúdo se desenvolve sob uma base político, jurídica e religiosa, ou a “superestrutura”. “Ao mudar a base econômica, revoluciona-se mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela” (Karl Marx, 1859, Contribuição para a Crítica da Economia Política).

As Guerras Mundiais do século passado foi a exposição do ápice da crise permanente do capital, pois, com elas, vieram técnicas e uma nova mentalidade geopolítica: a geoestratégia.

A geoestratégia é organizada, esquematizada e orientada a partir de informações, inteligência, persuasão, dissuasão juntamente às tecnologias da informação militares, com base em máquinas com grande capacidade de produção e armazenamento de dados.

Evidentemente que a “arte da guerra” é tão antiga quanto o Estado e Formações Sociais menos complexas, portanto, informação é um instrumento fundamental para nortear tomadas de decisão ou mesmo desnortear adversários. Um exemplo disso foi a Revolução Gloriosa (1688 e 1689), a revolução burguesa considerada “sem sangue”, baseada na propaganda, notícias falsas, sátiras e todo aparato dos tabloides da Grã-Bretanha, entre a ala Jacobita, apoiadores do Rei católico, Jaime II, e os apoiadores de Guilherme de Orange, os Guilhermitas. Ao final do conflito ocorreu um grande acordo nacional que deu maior poder à burguesia, com Orange no trono, sob o nome Guilherme III.

Casos de espionagem, contrainteligência, desinformação, bandeiras falsas são comuns para a manutenção de impérios e para destruir concorrentes ou invadir territórios. Contudo, temos uma inovação com a Guerra Fria: as think tanks. Embora podemos remontar grupos e círculos de pessoas que visam influenciar a política como maçonaria, Associação Cristã de Moços e diversos exemplos, com o nome “Tanque de Pensamentos” ou “Laboratório de ideias” remonta ao pós Grande Guerra, consonante ao desenvolvimento da informática, “globalizando” ainda mais os atores políticos envolvidos.

De acordo com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), criada em 1986, mas aparelhada para o neoliberalismo do Governo do Golpe de Estado afirma que:

Think tanks são instituições que desempenham um papel de advocacy para políticas públicas, além de terem a capacidade de explicar, mobilizar e articular os atores. Atuam em diversas áreas, como segurança internacional, globalização, governança, economia internacional, questões ambientais, informação e sociedade, redução de desigualdades e saúde. Produzem pesquisas, análises e recomendações que contribuem para um ambiente de conhecimento, permitindo, inclusive, que os formadores de políticas públicas tenham ferramentas para tomar decisões mais embasadas, além de ter um papel importante na disseminação de conhecimento à sociedade.

De acordo com a Think Tanks and Civil Societies Program (TTCSP), da Universidade da Pennsylvania em seu último relatório:

Nos últimos 10 anos, tenho examinado as forças que transformaram a política ambiente em que os think tanks operam e redefiniram a estratégia e estrutura de muitos think tanks. Essas forças são impulsionadas principalmente por mudanças na política, como os think tanks são financiados e avanços em tecnologia e comunicações. Na última década existem cinco tendências principais que fluem da quarta revolução industrial que transformará todos os nossos empregos e vidas nos próximos 10 anos. Essas forças também estão conduzindo as rupturas digitais e políticas que abrangem em todo o mundo: O aumento dramático na taxa de mudança tecnológica; O poder disruptivo e transformador das mídias sociais, redes sociais, artificiais; inteligência e big data; O aumento da velocidade dos fluxos de informações e políticas; Tsunamis globais de informação; Interdependência de informação e o surgimento da guerra de informação.

Nesse último relatório do TTCSP, a Fundação Getúlio Vargas é considerada, uma think tank “global” e ganhou o prêmio “Best Managed Center of Excellence for 2016-2019

O Brasil figura no relatório do TTCSP como o 9º colocado entre os países com o maior número de think tanks influentes, num total de 190, onde também figura instituições como a Fundação Fernando Henrique Cardoso, Instituto Millenium, o Conectas, o Instituto de Estudos Empresariais, Instituto Igarapé, Instituto Liberdade, Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) entre outras.

Bons nomes e pessoas passaram pela FGV, porém, o atual nexo relacional da Fundação com elogios pelos bons serviços prestados aos Estados Unidos, certamente nos coloca a combater com informação, essas máquinas de desestabilização do Estado brasileiro, que são as think tanks ligadas ao imperialismo.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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