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João Vitor Dauzaker

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Estudante de Letras na Universidade de São Paulo (USP).

Direitos individuais

Ditatorialmente, Unicamp vai impor passe vacinal para estudantes

Um pretexto para excluir ainda mais pessoas da universidade

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Os estudantes de graduação, pós-graduação, dos cursos de extensão e dos colégios técnicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) serão obrigados a comprovarem vacinação contra a Covid-19. Deverão apresentar o registro da imunização de, pelo menos, uma dose. 

Essa loucura ditatorial foi aprovada pela Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão do Conselho Universitário. 

Os estudantes que não cumprirem as exigências autoritárias da Universidade terão seus pedidos de ingresso nas disciplinas cancelados. 

Para os novos ingressantes, aprovados no vestibular de 2022, a medida também valerá. Os vestibulandos que não apresentarem seus comprovantes no prazo perderão a vaga conquistada. O mesmo vale para os novos ingressantes nos colégios técnicos, tanto Cotuca (Colégio Técnico de Campinas) como Cotil (Colégio Técnico de Limeira). 

Desde o início da pandemia atravessamos um período de aperto das restrições aos direitos da população. Perdemos por um período o direito de ir e vir com os chamados lockdowns, censurados em nome do combate ao “negacionismo”, em resumo, o povo foi largado à própria sorte, sem um auxílio de verdade, sem suas liberdades individuais. 

As escolas e universidades foram fechadas. Até aí, tudo bem, finalmente o ano letivo pode ser recuperado posteriormente. Ocorreu, no entanto, que os governos resolveram impor um sistema de ensino à distância, por video-aulas, que consistiu numa grande fraude. Os estudantes pobres, sem auxílio do Estado, ficaram largados. 

Um estudo produzido pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil mostrou que mais de 5 milhões de meninos não tiveram acesso à educação no Brasil, número semelhante aos dados do início dos anos 2000. Desses, 40% representam crianças na idade de 6 a 10 anos, etapa em que a escolarização é fundamental para a alfabetização. Do total, cerca de 70% são crianças negras. 

Outra pesquisa elaborada pelo Instituto DataSenado apresentou que entre os 56 milhões de estudantes matriculados na educação básica e superior no Brasil, 39% (ou cerca de 20 milhões) tiveram as aulas suspensas. 58% tiveram aulas remotas, no entanto, 26% desse total, na rede pública, não possuem acesso à internet. Em resumo, ficaram alijados do direito a educação. 

Neste momento, com a existência da vacina, a burguesia decidiu impor o chamado passaporte vacinal. Significa restringir os direitos da pessoa para que ela seja obrigada a vacinar-se. Não poderá entrar em bares, locais do poder público, entrar no transporte público e agora, nem se matricular na Universidade. 

A esquerda pequeno-burguesa aplaudiu de pé tal decisão. Em nome do chamado direito coletivo, querem acabar com as liberdades individuais. 

Recentemente participei de uma entrevista em que o companheiro me disse “eu quero me vacinar e quero que as pessoas se vacinem, tenho o direito de não estar ao lado de alguém que não quer se vacinar”. Certo, cada pessoa tem suas vontades. Mas para isso defende a imposição de algo que o outro não quer. Neste caso, se torna uma pessoa autoritária e defende, no final das contas e sem perceber, o aumento do poder da burguesia, por meio do Estado, sobre a população. 

A declaração de direitos humanos diz que ninguém deverá ser submetido a tratamento médico contra sua vontade. Não se trata de concordamos com toda a declaração adotada pela ONU – mesmo porque ela mesma desrespeita suas resoluções -, mas neste caso está correta. Trata-se de uma liberdade democrática fundamental, cada cidadão tem o direito de decidir o que pode ou não ser feito com seu próprio corpo. 

A violação destes direitos consiste numa ditadura. A ditadura militar no Brasil fez isso, não respeitou os direitos dos cidadãos e por motivações políticos, cometeu as maiores atrocidades possíveis.

O camarada ainda argumenta que essa medida não obriga, na verdade, mas dificulta o acesso da pessoa a determinadas coisas. Mas isso não é real. Se a pessoa não pode trabalhar, andar de transporte público ou estudar, não se trata de uma dificuldade, mas uma obrigação que viola esse direito básico. No fundo, a pessoa está sendo impedida de viver em sociedade, quase uma prisão domiciliar. 

A esquerda que gritava nas manifestações “meu corpo, minhas regras” para defender o direito ao aborto, com o qual concordo, agora se contradiz e defende tal medida ditatorial. Demonstra que na realidade não defende o aborto, muito menos as liberdades democráticas. Reivindicações históricas da esquerda. 

O problema é que temos no Brasil uma esquerda que muito se assemelha à direita. Perderam o rumo e o sentido político. Atuam como se fossem parte de uma religião, se você duvidar, está condenado. É como não acreditar em deus, para um católico, você é um pecador. Neste exemplo, é o equivalente para o cidadão que não acredita na eficácia para a vacina, para a esquerda, é um negacionista, anti ciência. 

Eu me vacinei, mas é muito difícil saber neste momento possíveis consequências que a vacinação pode causar a longo prazo. Finalmente, a vacina surgiu daquela tal indústria farmacêutica, tão condenada. 

A Unicamp, controlada pelo governo do Estado de São Paulo, isto é, pelo governo tucano do estado, inclui-se nesse rol de autoritarismo. Cabe ao movimento estudantil repudiar essa decisão e lutar por sua revogação. 

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