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Cuba e a Vacinação anticovid

Cuba está entre os países que mais vacinam contra Covid-19

Com produção própria de vacinas, Cuba atinge um dos maiores índices de vacinação, e começa a exportação de imunizantes, enquanto o mundo segue promovendo um verdadeiro “apartheid”

Essa semana, comecei o Cubanias (programa semanal que apresento na Kotter TV) com as informações sobre os dados da vacinação contra COVID-19, em Cuba. A ilha caribenha conta com quase 50% (48,9%, em 4 de outubro) da população com as três doses da vacina. (Três doses porque a o esquema de imunização com as vacinas cubanas prevê duas doses de Soberana 02 ou Abdala, complementadas com uma dose de Soberana Plus, para que a imunização esteja completa). Além disso, 60,7% dos cubanos já receberam duas doses e 84,9% têm ao menos uma dose da vacina anticovid-19. Cuba está, portanto, entre os países com as melhores taxas de vacinação em todo o mundo.

Quando falamos de Cuba, uma pequena ilha, pobre, praticamente sem recursos naturais e sob um bloqueio massacrante imposto pelos EUA há seis décadas, integrar esse seleto grupo de países que se destacam pelo número de vacinação de seus habitantes chega a ser uma façanha das mais impressionantes. Para se ter uma ideia desse número no contexto global, na mesma data, o mundo registrava 34% da população com a vacinação completa e 12% com vacinação parcial (ao menos uma dose), totalizando 46%.

Sabemos que a distribuição das vacinas tem sido extremante desigual entre os países. Tanto que se tem mencionado a existência de um verdadeiro “apartheid” de vacinas, visto que a desigualdade econômica se reflete também nesse quesito. Mais de 70% das vacinas produzidas, até o momento, foram reservadas aos países ricos, enquanto que os mais pobres obtiveram somente 2,3% das doses.

Se observarmos o continente americano, Cuba tem a maior taxa de população com ao menos uma dose de vacina anticovid-19 – 84,9% -, acima até mesmo de EUA e Canadá, com 64,2% e 77,3%, respectivamente. A desigualdade na distribuição de vacinas transparece no nosso continente quando comparamos com as taxas de imunização de países como Jamaica (18,1%), Nicarágua (8,3%) ou Haiti (0,4%) – considerando aqui a imunização parcial, com ao menos uma dose.

A OMS tem alertado para a distribuição desigual de vacinas na América e no mundo lembrando que a pandemia não será controlada se não houver vacina também para as regiões mais pobres. A desigualdade se escancara quando vemos países europeus que começam a ministrar uma terceira dose de vacina, como reforço, na sua população, sem que isso seja de fato necessário, pelas indicações dos infectologistas, mas uma espécie de cuidado extra, de garantia suplementar contra o vírus. Já que eles têm vacinas em estoque, por que não usar para mais uma dose na sua própria população, já protegida com as doses indicadas para cada imunizante? Tal medida vem sendo criticada pela OMS nos seus apelos para que os países mais ricos contribuam para que a imunização chegue aos países pobres, sobretudo aqueles do continente africano, local com as mais baixas taxas de populações vacinadas.

Assim, as desigualdades, acentuadas pela pandemia, se mostram também na distribuição de vacinas anticovid-19. Alguns poucos estocam vacina ou fazem uma aplicação extra sem necessidade, enquanto outros países não conseguem sequer atingir os 10% da população parcialmente vacinada. Além de cruel, chega a ser uma estupidez, pois a distribuição desigual de vacinas permite a circulação contínua do vírus, nas regiões pobres, e o consequente surgimento de novas cepas, que se disseminam pelo mundo, retardando o controle da pandemia.

Segundo a OMS, é preciso que se atinja 70% da população com imunização completa para que seja alcançado o controle da pandemia em âmbito mundial. Esse objetivo só será atingido se houver colaboração entre os povos para a imunização da humanidade de maneira uniforme, e não concentrada em algumas regiões, como vem acontecendo até agora. Mas a estupidez egoísta do capitalista, infelizmente, segue firme e forte na mentalidade daqueles que tomam as decisões pelo mundo afora. Assim, a pandemia segue fora de controle, em consequência da ganância e do imediatismo capitalista, escancarando o fracasso da aplicação de políticas neoliberais no enfrentamento da atual crise sanitária mundial.

Como um ponto fora da curva, no cenário internacional, Cuba prevê alcançar a vacinação completa da sua população, a partir de dois anos de idade, antes do fim do ano. Isso vem se concretizando graças à produção local de vacinas, o que faz da ilha o primeiro país da América Latina a promover a imunização dos seus habitantes com imunizantes de fabricação própria. Esse pioneirismo na região se concretizou porque as pesquisas para a criação de imunizantes cubanos contra Covid-19 tiveram início ainda no começo da pandemia. Desde a década de 1980, quando o país se projetou pela criação da primeira vacina contra meningite B, Cuba vem se destacando na área da saúde e em especial na produção de fármacos. Como fruto da mente visionária de Fidel Castro, que percebeu, ainda na década de 1980, a importância de investir no conhecimento biotecnológico, foram criados o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB, na sigla em espanhol), em 1986, e o Instituto Finlay de Vacinas, em 1991. Ambas fazem parte do grupo de indústrias cubanas de biotecnologia e de fármacos denominada BioCubaFarma, que reflete uma das facetas do bem-sucedido projeto cubano de investimento na área da saúde. São esses laboratórios os fabricantes das vacinas cubanas anticovid-19: Abdala, do CIGB, Soberana 02 e Soberana Plus, do Instituto Finlay.

Não fosse a produção própria de vacinas, Cuba provavelmente estaria entre os países com menor taxa de imunizados nessa pandemia, pois, além de ser um país pobre, ainda enfrenta imensas dificuldades no comércio com outros países por causa do bloqueio imposto pelos EUA, que visa ao massacre do povo cubano por meio do seu estrangulamento econômico. A evidência do estrago promovido pelo bloqueio, no momento atual, pode ser constatada nas dificuldades que Cuba vem enfrentando na obtenção de insumos para a produção de medicamentos, para a aquisição de seringas e de máscaras, assim como outros equipamentos de proteção individual, tão necessário para o enfrentamento da crise sanitária pela qual passamos. Apesar de todas as dificuldades decorrentes do enfrentando da opressão imperialista, Cuba alcançou há anos a autonomia na produção de diversas vacinas e vem se destacando como exportador de imunizantes para várias doenças, como a mencionada vacina contra meningite B, tão utilizada pelos brasileiros.

Graças ao seu alto grau de desenvolvimento na área biotecnológica, Cuba vem conseguindo vencer a pandemia e planeja reabrir ao turismo no mês de novembro e começa a retomar as aulas presenciais, à medida que os adolescentes e as crianças vão recebendo a imunização completa.

Com o avanço na imunização da sua população, Cuba deu início à exportação de vacinas. Países como Venezuela, Vietnã e Nicarágua já receberam doses das vacinas Abdala e Soberana.

As vacinas cubanas representam uma esperança na imunização mais igualitária para o enfrentamento da Covid-19. A pandemia não apenas acentuou as desigualdades econômicas, como escancarou as diferenças abismais no combate ao vírus, mostrando que a crise é também humanitária, pois a vida das pessoas das zonas privilegiadas do mundo vale mais do que a da população das regiões pobres. Para as primeiras, vacinas em estoque, terceira dose como um excesso de zelo e proteção extra. Para as últimas, a falta de acesso a uma única dose de vacina e a exposição ao vírus e às novas variantes que surgem desse descontrole e da desigualdade socioeconômica.

Enquanto a OMS segue fazendo apelo aos países ricos para que cedam doses de vacinas aos mais pobres, na busca do controle da pandemia em âmbito mundial, Cuba segue conseguindo vacinar sua população, mas também ajudando a levar vacina a outros povos, e assim contribuindo no combate ao vírus no mundo. Enfrentar a pandemia de Covid-19 é também se contrapor às políticas neoliberais e lutar contra as desigualdades socioeconômicas que se acentuam nesse momento de crise. Sem a solidariedade entre os povos, o olhar humanitário para o outro, não sairemos dessa pandemia tão cedo. É nesse momento de crise que as bases solidárias e humanistas do socialismo cubano se mostram ao mundo. A solidariedade entre os povos, tanto apregoada por Fidel, é de fato posta em prática, com a exportação de vacinas. Por isso as vacinas cubanas vêm se delineando como uma grande esperança aos povos excluídos para o enfrentamento da pandemia. Como os cubanos sempre repetem: Cuba ajuda oferece ajuda ao próximo não doando o que sobra, mas dividindo o que tem.

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