No último sábado, o ex-jogador Edmundo foi alvo de mais um tribunal inquisitorial do identitarismo enquanto comentava a final do Mundial de Clubes, realizada entre Chelsea e Palmeiras. Na ocasião, durante a transmissão da partida, Edmundo criticou Lukaku, o atacante do Chelsea que marcou um dos gols que deu a vitória sobre o Palmeiras, dizendo que o mesmo seria “desprovido de técnica” e que “só teria força bruta”.
Após o comentário de Edmundo, a jornalista Renata Mendonça, do grupo Globo, argumentou em suas redes sociais que a declaração seria um “clichê racista de que jogadores negros são fortes fisicamente, mas não podem ter técnica/inteligência pra jogar”. Um verdadeiro exemplo de histeria identitária para um debate que envolve questões técnicas, do esporte. Um debate pertinente.
De forma semelhante ao que fizeram com Monark, o apresentador do Flow Podcast, estão criando caso por uma mera opinião. E em ambos os casos, tanto Edmundo como Monark não disseram nada de errado.
Voltando ao caso Edmundo, pessoalmente considero a crítica totalmente válida. Lukaku é mais um exemplo de jogador europeu engessado, bruto, sem malícia, o famoso futebol moderno. E criticar o futebol moderno e europeu é uma atitude não só justificável, mas que deve ser defendida também.
A tentativa de defesa do jogador belga por parte da jornalista global acabou não sendo tão bem sucedida, visto que os apreciadores de um bom futebol consideraram a acusação de racismo absurda. Um comentarista esportivo, independente de seu posicionamento, não só pode, como deve incitar esse tipo de debate. A política identitária procura acabar com a possibilidade de se debater qualquer tipo de assunto. Basta ser um negro, um gay, uma mulher, ou qualquer outro grupo social desfavorecido, que o indivíduo se torna automaticamente blindado de qualquer tipo de crítica, como é o caso de Lukaku, que é negro.
A política identitária é uma política do imperialismo. Podemos observar, por exemplo, que não há todo esse esforço para defender o futebol brasileiro, que é constantemente atacado pelo imperialismo. Os jogadores brasileiros, muitos deles negros e origem humilde, não recebem um pingo de atenção dos identitários, dos defensores dos negros, demonstrando a artificialidade e o direitismo dessa política.
O objetivo aqui não é defender os negros e nem defender um bom futebol. É uma demonstração de subserviência aos interesses do imperialismo, defendendo o travado futebol europeu. Não poderia vir de outros setores senão a própria Globo.
Nesse sentido, cabe aqui uma defesa aberta a Edmundo, um dos principais ídolos das torcidas palmeirense e vascaína e que teceu um comentário muito bem colocado. A crítica é correta e o ex-jogador não deve ser perseguido ou atacado pelo que foi falado. Devemos expurgar essa política atrasada do “não-debate”, do cancelamento. Os comentaristas de futebol devem ter a oportunidade de falar e de serem criticados por suas posições. Ao mesmo tempo, devemos aproveitar a oportunidade para criticar essa fuga do debate, essa histeria e também a defesa do futebol europeu feito pelos capachos do imperialismo.