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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Let's go, Brandon!

O ano em que a direita norte-americana me fez rir

Jamais poderia esperar que pessoas que abertamente se dizem conservadoras poderiam ser engraçadas...

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Na coluna de hoje vou tirar meu chapéu de programador e vestir o de redator das páginas internacionais do jornal Causa Operária. Não trataremos de tecnologia. Abro essa exceção porque este tema jamais chegaria às páginas do nosso tradicional jornal impresso, mas acredito que possa encontrar seu lugar nesse espaço descontraído que é a minha coluna.

Todo ano, o Comando Norte-Americano de Defesa Aeroespacial (NORAD) “monitora” o espaço aéreo dos EUA em busca das atividades do Papai Noel. O “objetivo” é informar às crianças se seus presentes serão entregues. Como parte da atividade que busca humanizar o alto grau de militarização da sociedade norte-americana, crianças de todo o país podem entrar em contato com a agência estatal para perguntar a situação de suas entregas.

Neste ano, Joe Biden e sua esposa, Jill, responderam a algumas ligações. O resultado foi hilário. Um dos pais a participar do evento transmitido em rede nacional se despediu com uma frase associada à direita trumpista. Após deixar seus quatro filhos comentarem seus pedidos de Natal, Jared disse: “feliz natal e vamos lá, Brandon!. Sem entender, Biden respondeu: “vamos lá, Brandon! De acordo!

Para quem não acompanha política internacional e memes de internet, essas frases não devem fazer sentido algum. Principalmente se acrescidas da informação de que os quatro filhos de Jared eram Griffin, Hunter, Piper e Penelope. Quem é Brandon, então? Permitam-me explicar.

Em outubro deste ano, diante dos gritos de “fuck Joe Biden” (f**a-se Joe Biden) ao final de uma corrida de Nascar, a repórter que entrevista o vencedor da prova, Brandon Brown, se “confundiu”. Kelli Stavast ressaltou como os torcedores estavam exaltando o vencedor, gritando “Let’s go, Brandon!” (vamos lá, Brandon!). Tudo o que se ouvia, porém, era a palavra de ordem em repúdio ao presidente. 

O momento foi delirante. Este colunista jamais saberá se a repórter realmente entendeu errado ou se recebeu em seu ponto a ordem de censurar o público da corrida. A segunda opção é pouco provável porque o âncora do programa esportivo poderia ter simplesmente interrompido a transmissão. Ainda assim, é tudo muito esquisito. 

A direita rapidamente se apoderou do grito de guerra “Let’s go, Brandon!”. Chegou ao ponto em que parlamentares republicanos usaram a frase em suas máscaras. Músicas foram criadas com o meme. Na época da censura das massas, a palavra de ordem cifrada se tornou libertadora em muitos sentidos.

Apesar de rir da situação ridícula em que o presidente norte-americano se encontra, parte de mim fica um pouco triste. Há um bom tempo nada me arranca uma gargalhada tão genuína quanto essa provocação. O humor involuntário praticado por Biden, que acompanha seu interlocutor e profere a palavra de ordem, é a cereja no bolo. A parte que me deixa triste, porém, é que a piada com o presidente tenha se originado e se desenvolvido na direita conservadora norte-americana.

A esquerda, dominada pela política identitária, perdeu sua capacidade de ser contraventora. Todas as regras de tratamento e sobre o que pode e não pode ser dito quase que inviabilizam o humor satírico. Alguém se lembra de alguma chacota contra Donald Trump que fosse realmente engraçada ou contraventora? Tudo o que me lembro é da esquerda repetindo como um papagaio o que diziam grandes jornais como o The Washington Post e o The New York Times.

Como presente de Natal de 2021, quero que a esquerda arrume seu próprio “Let’s go Brandon”. No Brasil, nos EUA ou em algum lugar! Temos que voltar a ser contraventores, afinal, nós que somos contra o sistema, e não a direita cristã dos EUA. 

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