Diante dos resultados das pesquisas eleitorais, muitos integrantes do Partido dos Trabalhadores e da esquerda estufam o peito como se as eleições estivessem ganhas. Com Lula disparado nas pesquisas e um governo Bolsonaro desmoralizado devido a política econômica que agravou a crise e a situação da população, quem poderia parar o líder petista. Lula está longe de ter ganho, e o PT ainda vai ter que enfrentar muitos ataques.
Tudo pode parecer calmo por hora, mas esse é justamente um indicativo de que a situação não está ganha. Se diante do auxílio de Bolsonaro, que estourou o teto de gastos, o mercado ficou agitado, se as chances de Lula fossem como as pesquisas indicam, o Brasil estaria bem mais agitado. A bolsa, o dólar, as declarações seriam bem mais agressivas. A burguesia imperialista não está disposta a devolver o governo para o PT. O Brasil é o principal país do quintal norte-americano. Entregar o Brasil de volta significaria perder uma fonte de dinheiro e recursos importantíssimos para se recuperar da crise financeira de 2008, da crise econômica agravada pela pandemia, e da guerra comercial com a China. Devolver o governo para Lula e o Partido dos Trabalhadores teria implicações drásticas para os EUA. O impacto na América seria um fortalecimento dos governos nacionalistas como Nicarágua, Venezuela e o regime cubano, também uma possível reversão no quadro do Equador. No plano internacional seria o fortalecimento do BRICS mais uma vez.
Muitas coisas ainda podem atrapalhar a vitória de Lula. Falsos aliados como o PSB e o PSOL, cujo apoio é barganhado com demandas absurdas, como tirar Haddad da corrida em São Paulo; candidatos com influências regionais para comer pelas beiradas os votos de Lula (Ciro no Ceará, Pacheco em Minas Gerais etc.); trapaça nas urnas, calúnia e difamação na imprensa; impedimentos jurídicos, a lista é longa e repleta de manobras já antes executadas e bem sucedidas contra o PT.
Não está na hora de cantar vitória e relaxar com a ideia de que já ganhamos. Está na hora de preparar plenárias, congressos eleitorais, atos nacionais e atividades a vera para insuflar a militância. Devemos estar prontos para enfrentar as trapaças do TSE (a cada com eleições mais restritas, mais caras para os partidos e mais curtas para atrapalhar os partidos pequenos), os ataques da imprensa burguesa e os exércitos bolsonaristas: o de farda e o de chifres. A burguesia ainda não desistiu da terceira via e se tudo der errado não irá hesitar em apoiar Bolsonaro e a única garantia até para as eleições é colocando os trabalhadores nas ruas!