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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior. Editor e colunista do Diário Causa Operária.

Polarização

Por que os trabalhadores querem Lula de volta?

Muitos na esquerda veem os trabalhadores como uma massa de manobra. Ledo engano!

Vamos ao que interessa: os trabalhadores não querem Lula de volta à presidência para governar para “todos”, isto é, para o povo e para os banqueiros. Os trabalhadores têm aprendido a duras penas e progressivamente que um governo “de todos” significa um governo em que a burguesia come o bolo inteiro e os trabalhadores ficam com os farelos que caem de cima da mesa.

Os trabalhadores não querem um governo como foram os governos do PT de 2003 até o golpe de 2016. Não querem conciliação de classe. Ou alguém acha que os trabalhadores querem o Alckmin de vice de Lula? O “picolé de chuchu”, famigerado governador de São Paulo. Os trabalhadores não querem alguém como José Alencar no governo, não querem alguém como Kátia Abreu no governo, não querem alguém como Joaquim Levy no governo. Não querem Ciro Gomes no governo.

O golpe ensinou muita coisa para os trabalhadores. Se antes eles já sabiam que o que precisavam era um governo que governasse para os pobres, depois do golpe têm ainda mais convicção disso.

No entanto, sua consciência de classe ainda precisa evoluir. E essa evolução vem na luta por essas reivindicações. Não é apenas um governo sem os sanguessugas, sem os parasitas que roubam sua energia e riqueza. Querem um governo que, por não ter tais parasitas, faça uma política para os trabalhadores. Querem grandes reformas sociais, querem pleno emprego, moradia e comida na mesa três vezes ao dia.

Sabem que um governo da direita não trará isso a eles. Acham, portanto, que Lula pode fazer um governo que atenda a seus interesses. Se quisessem um governo de direita, que aplica uma política neoliberal privatizante, de repressão através da polícia, de desemprego e fome, não estariam pedindo Lula de volta.

Ao buscar acordos com setores da direita, Lula está batendo de frente não com a burguesia e o imperialismo – os quais ele critica. Está batendo de frente com os interesses dos trabalhadores, os quais ele sempre disse defender. Não querem Lula para que ele aplique uma política de direita, se fosse assim votariam diretamente em Alckmin ou em Ciro Gomes.

Os trabalhadores estão dispostos a lutar pela candidatura de Lula enquanto enxergarem nela uma solução – mesmo que parcial – para seus problemas.

Essa mobilização, que é represada pela demora no anúncio de uma candidatura à presidência, candidatura essa que esteja apoiada nas organizações populares, tem mesmo o potencial de virar o jogo político a favor dos próprios trabalhadores.

Diante da paralisia da esquerda e da contenção que ela promove à mobilização popular, a extrema-direita se vê livre, leve e solta para se organizar nas ruas. Temos visto um aumento das atividades dos bolsonaristas desde o início do ano. A esquerda fica debaixo da cama enquanto 500 mil trabalhadores já morreram. Os inimigos de classe, a extrema-direita, no entanto, estão indo para cima. A tendência é, cada vez mais, a polarização política.

E essa polarização se expressa, de um lado, na extrema-direita bolsonarista, isto é, fascista, e os trabalhadores, representados eleitoralmente por Lula. Pelo andar da carruagem, os fascistas voltarão em breve a promover ataques físicos contra os trabalhadores, a atacar sindicatos e organizações populares e a organizar-se inclusive militarmente. Ora, o que vimos no Jacarezinho é uma amostra disso. As manifestações de rua dos bolsonaristas indicam isso.

A esquerda medrosa embaixo da cama não apresenta nenhuma perspectiva de luta para a classe operária. A única perspectiva que os trabalhadores veem, assim, é a saída eleitoral. Represada sua mobilização, veem em Lula presidente uma saída. É uma válvula de escape diante da decadência das direções da esquerda. Mas, embora os trabalhadores vejam Lula como uma solução eleitoral, o movimento real dessa classe extrapola as eleições.

Daí a importância de defender uma candidatura operária, mesmo que Lula não seja um revolucionário nem nada parecido. Na medida em que não veem mais caminho senão Lula presidente, os trabalhadores, desesperados, começarão a se mobilizar por isso. Muito mais do que fizeram em 1989 ou em 2018, com as caravanas de milhares de pessoas atrás de Lula pelo País.

Seria a virada na situação política. Se as direções burocráticas e conciliadoras da esquerda não se mexem, os trabalhadores se mexerão. Por seus próprios objetivos. Sequer pelos objetivos de Lula. Porque, se Lula pensa em governar com e para a burguesia, isso não muda nada para os trabalhadores em um primeiro momento. O que eles querem é Lula no governo, para que governe para eles. E vão lutar para isso. Pouco lhes importa o que Lula pensa: querem que ele faça o que lhes interessa, que é um governo dos trabalhadores.

Essa mobilização choca-se tanto com a paralisia da esquerda como com a atividade da extrema-direita. Naturalmente, a radicalização aumentaria. Se os trabalhadores, mobilizados, chocam-se com a extrema-direita, sua inimiga mortal, a tendência é que eles a combatam e, com a situação favorável devido à mobilização radical, a esmaguem. Como fizeram tantas vezes na história.

Eis aqui, portanto, a grande palavra-chave: mobilização. Na luta, os trabalhadores evoluem e tomam cada vez mais consciência de seus interesses. Primeiro, combatem e derrotam a extrema-direita, Depois, a direita tradicional opositora. Então, a direita “aliada” de sua causa (um lobo em pele de cordeiro) – dizem: “fora os patrões do governo!”. Por último, as próprias direções da esquerda, que conciliam de todas as formas com a burguesia, sejam elas da esquerda pequeno-burguesa pseudorradical, sejam elas da esquerda burguesa nacionalista – onde Lula se encaixa.

Resumindo: a esquerda está paralisada e a candidatura de Lula é uma forma de liberar as tendências dos trabalhadores a se mobilizarem e a romper essa paralisia. Não importa o que Lula queira, os trabalhadores sabem o que eles querem: um governo de sua classe. Se Lula levar isso adiante, muito bem. Se não, não faz diferença. Os trabalhadores já sabem o que querem e já estarão mobilizados para alcançar seu objetivo.

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