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João Vitor Dauzaker

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Estudante de Letras na Universidade de São Paulo (USP).

Funil

Vestibular: exclusão da juventude pobre do ensino superior

Educação privada e vestibular, feitos um para o outro

Foi divulgado na tarde desta quarta-feira, 17 de março, a lista de aprovados no vestibular da Universidade de São Paulo (USP). O resultado saiu adiantado, uma vez que estava previsto para ser divulgado nesta sexta. 

Ansiosamente aguardado, uma vez mais o vestibular da USP se mostrou um funil extremamente seletivo para escolher quais serão os novos estudantes da maior e melhor Universidade do País. 

Começando pelo fato de que o número de vagas disponíveis é extremamente pequeno em relação a demanda. Se inscreveram mais de 120 mil estudantes, em nível nacional, em busca de uma vaga, no entanto, o número de vagas disponíveis por ano na USP é de 11.147 vagas no total, sendo 8242 concedidas através da Fuvest, que é o vestibular próprio da USP e as demais vagas oferecidas pelo Sisu. 

Ou seja, menos 7% dos inscritos poderão ter o direito de acesso ao ensino superior. 

Apesar dos números que mostram a realidade, a demagogia é grande. Desde 2015 o Conselho Universitário aprovou a adesão da USP ao sistema do Sisu, que é o sistema de oferta de vagas através do Enem. 

Destinou então 1489 vagas para essa nova modalidade de ingresso, mas o fato não se tratou de um aumento das vagas, mas uma subtração do total oferecido. A faculdade de Medicina da USP, a mais concorrida, foi a única que optou por não aderir ao sistema para não facilitar o sistema de entrada. 

Ainda assim, exigia uma nota mínima no Enem para o estudante ter a possibilidade de se inscrever. Resultou que apenas metade das vagas fossem preenchidas através do Sisu e o restante sobrou. De lá pra cá o número de vagas aumentou as custas da subtração das vagas oferecidas pela Fuvest.

O Conselho Universitário decidiu então, em 2017, instituir um sistema de cotas diretamente no vestibular da Fuvest. Tratou-se na prática de uma reserva de vagas, mas não de aumento das vagas disponibilizadas. 

Aqui está o pulo do gato. O gênio que formulou essa proposta pensou certinho em como aparentar ao público que a universidade estava se diversificando, alargando e facilitando o seu acesso à população mais pobre e negra enquanto fazia o contrário. 

A Universidade não aumentou o número de vagas em nenhum momento, apenas separou as vagas para cada setor. Ficou assim, neste último ano por exemplo, das 8242 vagas ofertadas, 4945 foram para ampla concorrência, 2144 para alunos oriundos da escola pública e 1153 para o PPI (pretos, pardos e indígenas). 

Ocorre, no entanto, que o número de inscritos é tão grande que fica mais difícil passar se inscrevendo na modalidade PPI do que ampla concorrência. O jovem da escola pública, por exemplo, precisa escolher entre encarar a maior quantidade de inscritos nessa modalidade ou competir com o estudante da escola privada que teve um suporte e ensino melhores. 

É descarado. Há cursos que oferecem 2, 3 vagas para essas categorias enquanto os inscritos são centenas. O curso de Direito, por exemplo, um dos mais famosos da Universidade teve como relação candidato/vaga de ampla concorrência 23, para escola pública 23 e para o PPI 137,2. Esse é um curso que oferece 2 vagas para o PPI ao mesmo tempo que 279 para ampla concorrência. 

Para se acessar a relação de todos os curso basta clicar aqui.

É uma encenação, na realidade. 

O governo do PSDB, neste sentido, ataca os estudantes pobres por duas frentes. Do ensino básico ao ensino médio sucateia cada vez mais a educação. Os professores recebem pouco, as escolas não possuem estrutura, nem investimentos, nada. O ensino é extremamente precário. 

No momento do vestibular faz uma encenação de abertura, mas na prática continua restringindo o ensino superior de qualidade para quem teve condições de pagar uma educação de melhor qualidade pelas escolas privadas ou nos cursinhos pré-vestibulares. 

Neste ano de pandemia então a educação pública foi largadas às traças. A evasão escolar foi as alturas e somente a educação privada se adequou ao ensino remoto. Muitos jovens sequer se inscreveram no vestibular pelo fato de que o ano foi perdido.

Por fim, somente a parcela mais preparada para o vestibular, que são aqueles das escolas privadas e cursinhos é que é aprovada e pode usufruir do direito do ensino superior gratuito enquanto a esmagadora maioria dos jovens são excluídos.

Não há saída que não reivindicar o fim do vestibular e o livre acesso ao ensino superior. A juventude explorada deve ter o direito do acesso à educação como direito básico.

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