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João Vitor Dauzaker

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Estudante de Letras na Universidade de São Paulo (USP).

Identitarismo

Reescrever a história do Brasil

O verdadeiro inimigo da população indígena hoje é o latifúndio

No final deste mês de agosto incendiaram, ou tentaram sem muito sucesso — ainda bem — a estátua de Pedro Álvares Cabral no Rio de Janeiro. O protesto é, em tese, contra o marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

O marco temporal é um projeto absurdo, um ataque dos latifundiários aos indígenas que pode anular mais de 300 terras indígenas com apenas uma canetada. Bolsonaro está, inclusive, pressionando para que seja aprovado o projeto em favor dos latifundiários. 

É preciso protestar contra o avanço do latifúndio sobre os indígenas, mas atacar estátuas não é uma luta e não irá beneficiar a luta de nenhum oprimido. A luta contra estátuas, se é que podemos chamar isso de luta, é vazia. Seu único sentido é desviar o foco contra os verdadeiros inimigos dos povos indígenas e dos que reivindicam a terra no Brasil para algo simbólico, abstrato, sem real propósito. Não se trata de uma verdadeira luta. 

Acontece, no entanto, que queimar a estátua do homem considerado o descobridor do Brasil tem significado mais profundo. Os identitários já atacaram a estátua de Borba Gato, com o objetivo de fazer um ataque aos bandeirantes. Uma estátua de um homem que viveu nestas terras há 300 anos. 

Primeiro rejeitaram o que os bandeirantes realizaram no Brasil. Agora querem atacar aquele que é considerado o descobridor das terras que viriam a se tornar Brasil, que viria a se tornar a nação que vivemos hoje. 

Cabral foi um soldado, um navegador. Não colonizou nada, nem realizou nenhum genocídio. Esse ataque, neste sentido, não é uma luta contra a opressão, mas contra a nacionalidade brasileira. Estão dizendo que o que ocorreu no Brasil não deveria acontecer, mas esclarecemos, não se trata de Borba Gato e os bandeirantes, mas do próprio Brasil. Querem transformar a história nacional em crime contra a humanidade e isso só pode servir ao imperialismo. 

Qual a ideia que querem transmitir? Que o Brasil não deveria existir ou que querem escrever a história do Brasil a sua moda. São fanáticos iguais aos fanáticos religiosos e querem acabar com a história nacional por um motivo moral. São contra o Brasil porque o único Brasil que existe é este que temos hoje. 

Eis o lema dos identitários, que está ficando cada vez mais claro. 

Há alguns mais radicais que falaram que devemos erradicar a cultura brasileira porque ela é o que é. 

Os métodos dos identitários, como atacar estátuas, mudar nome de rua, ter uma linguagem “inclusiva” não são métodos de luta do povo; só existem na universidade. Trata-se de uma política pelega, orientada conforme os interesses de uma ínfima minoria. É mais ou menos assim: enquanto Djamila Ribeiro pode fazer propaganda para a Prada e comprar uma bolsa que custa R$ 16.000 a esmagadora maioria do povo negro continua sofrendo a extrema violência policial nos bairros e favelas do Brasil. 

É uma luta contra símbolos, não contra algo concreto, contra o regime político. Não querem combater o imperialismo e seus representantes no país, mas subir na vida. 

Trata-se de uma política destinada a satisfazer o carreirismo de uma parcela extremamente adaptada ao regime político e que não se importa com os interesses da maioria do povo oprimido. 

Neste caso, enquanto colocam fogo numa estátua, não fazem nada em defesa dos indígenas que estão sendo atacados diariamente pelos latifundiários. Cabral não é repressor de indígena nenhum, mas os latifundiários são os responsáveis pelos ataques as aldeias. 

Será muito mais produtivo organizar um ataque aos garimpeiros que atacam os índios, ir para Roraima e defender os indígenas yanomami que recentemente tiveram suas terras invadidas por pistoleiros que mataram cinco dos seus do que incendiar qualquer estátua.

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