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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Identitarismo moralista

Ataque dos Cães é jogo de aparências que desafia quem assiste

Apesar do cenário ser o dos anos 1920, o que está sendo abertamente discutido é o falso moralismo da chamada cultura identitária do século XXI e como este moralismo pode ser utiliz

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Benedict Cumberbatch é Phil, o homem branco rude, instável e autoritário de Ataque dos Cães.

Ataque dos Cães (The Power of the Dog) é o mais novo filme da diretora neozelandesa Jane Campion.

Tem recebido boas críticas e consta de inúmeras listas internacionais dos melhores de 2021, tornando-se, assim, sério candidato a indicações ao Oscar.

O filme merece a atenção que está ganhando.

O elenco tem a participação de estrelas do cinema como Benedict Cumberbatch (o Dr. Estranho nos filmes da Marvel), Kirsten Dunst (Melancolia, de Lars von Trier) e Jesse Plemons (Jesus e o Messias Negro).

O enredo conta a história dos irmãos Phil (Cumberbatch) e George (Plemons), proprietários de uma grande fazenda no estado de Montana, Estados Unidos, na década de 1920, onde criam gado. Aparentemente, a história acontece antes da crise do capitalismo de 1929.

Os irmãos são bem diferentes. George é introspectivo, mas é o cérebro que cuida dos negócios e do dinheiro da família e, aparentemente, é submisso às vontades de Phil, o cowboy rude, durão, instável e autoritário, que maneja a produção.

A linda paisagem rural e o trabalho duro dos vaqueiros fazem o filme ter um parentesco com o gênero western. Contudo, não é com armas e cenas de lutas que ele se impõe. É possível dizer que há  uma cena de duelo, contudo ela é feita com música.

Desde o início, há uma tensão perceptível entre os irmãos que se intensifica quando George anuncia seu noivado com Rose (Dunst), uma viúva, mãe de um filho adolescente e dona da única hospedaria no remoto local onde eles habitam.

O grande mérito do filme, após estabelecer as características sociais e psicológicas e o conflito entre os principais personagens, é apresentar um jogo de aparências, construído de maneira sutil e consistente.

Jane Campion oferece um exercício formal meticuloso, baseado no trabalho dos excelentes atores e em uma edição primorosa. Há escolhas narrativas que selecionam o que mostrar ou não mostrar, o que deve ser dito na forma de diálogo, o que deve ser apenas uma reação, ou ainda, o que é deixado subentendido.

É como se o filme convidasse quem assiste a participar deste jogo de percepção. Tudo depende da maneira como o espectador se deixa aderir às situações ou se identifica com algum dos personagens que, lembremos, são muito ricos, como mostra a magnífica sede da fazenda, ou em necessidade, como Rose.

O filme discute justamente se há heróis nos conflitos apresentados. 

Do ponto de vista político, as escolhas formais estão a serviço do tema principal e este não poderia ser mais atual.

Apesar do cenário ser o dos anos 1920, o que está sendo abertamente discutido é o falso moralismo da chamada cultura identitária do século XXI e como este moralismo pode ser utilizado para fins bastante mesquinhos.

A complexidade de Ataque dos Cães é um alento diante da superficialidade dos debates travados diariamente nas redes sociais ou apresentados como filmes, séries e novelas que praticam a inclusão social.

Ao invés de se colocar como paradigma da moralidade politicamente correta, o filme, no fundo, questiona os interesses individuais que estão por trás deste debate.

Streaming

Ataque dos Cães está no Netflix.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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