Foi noticiado amplamente o fato de que Chico Buarque afirmou que não mais cantará sua canção “Com açúcar, com afeto”. O fato se tornou público após o lançamento do documentário a respeito de Nara Leão, feito pela Netflix.
Ainda que Chico tenha afirmado que a causa não é a pressão das feministas (o que é bem possível, visto que Chico nunca foi do tipo que cede a esse tipo de pressão), é evidente que a sua ação foi propagandeada pelas feministas identitárias como uma vitória de sua política.
A censura, feita por seja lá qual for o setor, é um ataque contra a liberdade de expressão do artista e essa liberdade é, para os artistas, essencial para a sua própria sobrevivência. O fato de o identitarismo proporcionar situações como essa é mais um demonstrativo de que estes existem em função de uma política reacionária e importada do imperialismo.
A ideologia identitária é vaga e mal explicada, trata-se de uma espécie de “chantagem emocional” que pode ser usada por qualquer setor em qualquer situação. No caso de Chico, isso se manifesta principalmente na demagogia feminista.
Na música “Com açúcar, com afeto”, Chico foi atacado porque a letra trata de uma mulher que vive no lar e atende às necessidades do marido, numa defesa da ideia da família tradicional. No entanto, em “Tua cantiga”, ele diz, num determinado trecho, “Largo mulher e filhos e de joelhos vou te seguir”, o que gerou a ira nas feministas por um motivo totalmente diferente. Ele estaria sendo aí um mau marido, que larga a família para ir atrás da amante. Com as identitárias, não tem como acertar.
O Index Prohibitorum da Veja
Em mais uma demonstração de que isso é uma política direitista, a revista Veja fez uma matéria citando quais outras canções de Chico poderiam ser canceladas. Ainda que a matéria procure fazer alguma concessão dizendo que essa e aquela letra eram “ironias” e “críticas”, é evidente que o veículo, identificado com uma direita raivosa, está incentivando os ataques identitários a Chico Buarque.
Chico sempre foi a vítima preferencial dos identitários por ser um artista identificado com a esquerda e o apoio a Lula, numa demonstração de que essa política visa justamente a perseguir os setores mais esquerdistas das artes.
O identitarismo é um câncer dentro das artes, impulsionado pelo imperialismo e pela direita, e é preciso fazer uma luta incansável contra eles. A política por eles defendida leva a uma situação em que toda a produção artística “aceita” pelos esquerdistas é de péssima qualidade. É preciso combater e incentivar que os artistas criem o que bem entendem, sem dar ouvidos a censores da direita e da esquerda.