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Izadora Dias

Izadora Dias é militante do Partido da Causa Operária em São Paulo, coordenadora do coletivo João Cândido e integrante da secretaria de organização do PCO. É militante anti-imperialista e anti-identitária. É estudante da USP e, além de colunista do Diário Causa Operária, participa do programa matinal da Causa Operária TV, o Reunião de Pauta, às sextas-feiras.

Obrigatória, não!

A Revolta da Vacina foi uma revolta contra a repressão

O levante foi uma resposta da população mais pobre, dos trabalhadores contra todo um sistema de repressão que estava sendo imposto com a desculpa de segurança sanitária

A esquerda pequeno-burguesa, para a atacar a população que não aceita a imposição da obrigatoriedade da vacina, tem comparado a situação atual com a Revolta da Vacina de 1904, pois a partir da sua própria ignorância, acredita que a revolta foi um acontecimento realizado por bárbaros, anticiência, um povo selvagem que não entendia a necessidade da imunização.

É preciso lembrar que naquela época a vacina era uma descoberta bem recente e a população tinha pouco entendimento sobre o novo avanço da ciência e o governo, sem fazer qualquer campanha de conscientização e informação, impôs à força a vacinação, e sanções para quem não a tomasse.

Para além dessa indignação da população com o autoritarismo do governo da época, a Revolta da Vacina foi o resultado de uma profunda crise social que já se acumulava após outras revoltas, a da vacina acabou sendo uma das maiores do Brasil até o momento, e teve como o estopim a vacinação compulsória, agentes sanitários invadiam as casas da população pobre para impor a imunização e o governo do Rio de Janeiro destruía os cortiços expulsando os moradores pobres para os morros. O levante foi uma resposta da população mais pobre, dos trabalhadores contra todo um sistema de repressão que estava sendo imposto com a desculpa da segurança sanitária no Rio de Janeiro em meados do início do século XX.

Os dias de mobilização com forte enfrentamento contra todo aparato repressor da República, polícia, exército, marinha, todos derrotados pela população, obrigaram os governantes a revogarem a lei da vacinação obrigatória, e tentarem de outra maneira levar adiante o combate à doença. Essa revogação comprovava a falta de necessidade de uma medida ditatorial para a erradicação da doença.


A esquerda bem pensante acha que só ela pode duvidar da eficácia de algum tratamento apresentado pelo regime, como por exemplo o remédio Cloroquina fortemente defendido por Bolsonaro. E se o governo bolsonarista obrigasse a população seguir o tratamento que ele apresentava como eficaz?

Para esse setor da classe média, a população é ignorante, burra e não tem o direito de duvidar da vacina, ainda mais quando a vacinação está sendo peça de propaganda política de Doria, o governador “científico” do estado que mais teve mortes e contaminados pela Covid-19 no Brasil.

Defendemos a vacina como direito da população, não somos anticientíficos, muito menos achamos que a vacina, sendo comprovadamente segura e eficaz não deve ser fabricada aos milhões para imunizar todos aqueles que queiram. Mas repudiamos qualquer obrigação. Se condenamos que Bolsonaro trata seus seguidores como gado, não podemos fazer o mesmo com a população em geral. As pessoas têm todo o direito de questionar, criticar as medidas dos regimes, se a vacina é realmente segura e eficaz, cabe aos governantes provarem que pode se confiar nela. Devemos, como socialistas, defender até às últimas consequências, o direito político de escolha de cada cidadão.

Deixo para finalizar esta coluna, a conclusão de Nicolau Sevcenko, historiador da Revolta da Vacina sobre o acontecimento histórico:

“O que o povo reivindicava era reconhecimento da condição de ser humano que estava cada dia mais sendo colocada a prova por governantes que pareciam brincar com a resistência dos pobres a humilhação e a degradação feita em nome do progresso.”

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