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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Identitarismo e Imperialismo

A paz e a mulher branca de esquerda

SUPERFICIALIDADE: Esther Solano, professora universitária, faz análise identitária e moral dos analistas da guerra no Donbass como folha de parreira do George Soros

Domingo à noite, quando eu estava colocando o relógio para despertar, recebi uma mensagem contendo uma coluna da Carta Capital sob o absurdo título “A guerra e o homem branco de esquerda” – também vou deixar na íntegra o link, que provavelmente era o título original da coluna https://www.cartacapital.com.br/opiniao/o-macho-e-a-guerra-nada-mais-abominavel/ – escrita por Esther Solano, docente da Unifesp, na área de Relações Internacionais.

Assim como Esther Solano, também sou professor de universidade federal, a Unila, nos cursos de Antropologia e Geografia. Sob essa condição social quero me direcionar à Esther Solano, um debate entre professores, como se estivéssemos frente a frente em uma banca ou em uma mesa redonda. Somos doutores, adultos e professores da universidade federal. Façamos o debate político e público.

Mas, antes de continuar, quero propor um exercício ao leitor.

Imagine se eu, homem pardo – via de “regra”, considerado “esquerdomacho branco”, pela ideologia “colorista” e sexista – tivesse iniciado esta coluna de opinião do seguinte modo:

A paz e a mulher

A paz e a mulher branca

A paz e a mulher branca de esquerda

Que terrível relação entre a fêmea e a paz

Só uma fêmea para ter tesão pela pachorra

Só uma fêmea para sentir gozo pela pomba

Estas palavras seriam suficientes para pedir “cancelamento” e minha exoneração da universidade via Processo Administrativo Disciplinar. As feministas fariam campanha em redes sociais e tribunais identitários na Unila. Posteriormente, a imprensa daria ampla repercussão até me desmoralizar por completo e arrancarem minha cabeça.

Esther Solano é especialista em “fascismo pop” e “discurso de ódio”, publicando livros pela Boitempo, financiada pela Fundação Ford – justamente em 2014 – conforme apresentamos a este Diário anteriormente. Também ministra palestras e concede entrevistas a diversos veículos de comunicação mainstream

Fonte: Reprodução

Nós do PCO somos a favor da liberdade plena de expressão, mas, imaginem se eu escrevesse as seguintes palavras: “Só um macho para se vangloriar, em voz alta, de que Vladimir Putin é um estrategista foda, o cara que peitou os Estados Unidos, um líder do caralho./ Só um macho para enaltecer um imperialista que supostamente colocou de quatro outros imperialistas./ Faltou só dizer que Putin deve ter um membro viril enorme./ Homens brancos de esquerda que encontram tesão nesta (sic) guerra.” (SOLANO, 2022, Carta Capital).

Essa postura da docente, diz mais sobre ela do que sobre os defensores da Rússia na guerra iniciada pelos Estados Unidos em 1949 – com a formação da OTAN, contra a URSS e continuidade contra a Rússia. Sem descambar para o moralismo, politicamente temos que informar ao leitor mais desavisado, que Esther Solano “tem dono”, e são os Estados Unidos. Vejam a continuidade da coluna da Professor Solano: “Homens brancos de esquerda para os quais criticar a invasão é ser pró-imperialista, é ser pago pela CIA, pelo George Soros, ser um vendido, um traidor da causa dos povos subalternos, é ser um pró-nazista, é apoiar Biden…Ser contra esta invasão é ser moralmente inferior, uma barata em termos éticos…”

Aqui não é somente um ato falho, pois Solano está até a medula envolvida com ONGs imperialistas, conforme pode-se observar em seu currículo Lattes . De acordo com a própria docente: “Possui Mestrado em Ciências Sociais – Universidad Complutense de Madrid (2009) e doutorado em Ciências Sociais – Universidad Complutense de Madrid (2011). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de São Paulo no curso de Relações Internacionais, professora e da Pós-graduação América Latina e a União Europeia: uma cooperação estratégica, Instituto Universitario de Investigación en Estudios Latinoamericanos (IELAT), Universidade de Alcalá de Henares. Tem experiência na área de Sociologia, com o tema principal de sociologia política. Conselheira do Instituto Vladimir Herzog. Colunista da Carta Capital (Texto informado pelo autor)”.

O Instituto Vladimir Herzog segue a cartilha do imperialismo e tem financiadores robustos, conforme podemos observar na imagem a seguir e no link supramencionado.

O Lattes de Esther Solano não revela apenas esse problema para um texto politicamente a favor da destruição da Rússia e dos países atrasados com o Brasil. No currículo de Solano consta projetos atuais junto à  Lumina Foundation, Fundação Friedrich Ebert (o NED alemão), Newton Fund (Um dos mais tradicionais desestabilizadores de países, situado no Reino Unido). Além dessas pesquisas tocadas com dinheiro de fundações externas, Solano ainda figura como contribuinte intelectual para Open Democracy (A “Open Society do Reino Unido”). Também contribuiu com publicações para o imperialista Brazilian Report, órgão financiado pela mega ONG, Wilson Center, situado em Washington DC, e até a Agência Pública, com grants de George Soros.

Com essas credenciais, Esther Solano, que luta contra o “conservadorismo” apresenta um texto identitário para não debater a invasão ucraniana, financiada por ONGs imperialistas e diretamente pelos Estados Unidos, país a que Solano defende. Seria até constrangedor estar ao lado dela, se estivéssemos em uma mesa redonda na universidade, ou mesmo videoconferência sobre a guerra contra os novorrussos do Donbass.

Vejam o nível superficial da “análise pseudo-kleiniana” de Esther Solano, aparentando profundo “ódio”, justamente aquilo tudo que ela diz “combater” como ativista (como ela mesma se intitula): “Eu sugiro preparar comboios para que esses machos entusiasmados peguem as armas que os excitam, viajem (sic) até a Ucrânia e se juntem às tropas russas./Não querem sentir tesão de verdade? Bora lá./ Ou será que o tesão só se sente a um oceano de distância? O homem e a guerra.Relação antiga e brutal que se reedita uma e outra vez, uma e outra vez./Um milhão de refugiados e aumentando.”

Aqui a vileza se resume na exploração dos analistas da guerra no Donbass (e não na Ucrânia) como sendo os provocadores da guerra, já em curso no Donbass há oito anos. Como pesquisadora, ela saberia muito bem fazer uma busca ou mesmo se informar sobre o conflito, mas não há inocência aqui, apenas pura ideologia identitária a serviços das ONGs para quem ela trabalha. Vileza sim, pois em entrevista para um podcast, Solano chegou a afirmar: “De tudo o que eu aprendi um pouco e eu me mostro muito, muito aberta, não é? Então eu tento um pouco jogar fora meus preconceitos. Eu acho que nessa pesquisa com Bolsonarista tem sido um exercício meio complicado porque teve gente um discurso de ódio. É muito difícil um discurso misógino, né? Então falas muito duras, né? Mas no fundo, você tem que ser apresentar como se fosse uma esponja para ver tudo tentar na máxima, empatia não é empatia, é meio complicado, né? Alguns momentos, mas se é assim, então acho que é interessante um pouco essa, esse, esse, esse poder interessar, abordagem, porque você vê que as pessoas querem conversar e no meio da conversa você acaba tendo coisas interessantes do ponto de diálogo o espere você mencionou uma coisa bem bem interessante não é porque tanto nas marchas de 2013…” (Grifos meus)

Por fim, não poderíamos deixar de comentar o grand finale, em uma grosseria sem precedentes em colunas, nem mesmo vistas nas mais grotescas figuras da extrema-direita:

“Mas Putin é um cara do caralho./Que tristeza, que tristeza profunda./Tanta dor e o macho de esquerda sentindo prazer./Deixei de ler minhas redes estes (sic) dias porque vê-los, lê-los, é insuportável./Ainda bem que há muitos outros homens de esquerda que choram e que abominam esse tesão, que sentem angústia, que sentem vergonha pelos comentários de seus pares./Ainda bem que nem tudo é macho”.

Um texto desconexo, descomprometido com a análise, vil e que desinforma, colocando brasileiros uns contra os outros, fragmentando a nação, a fim de retirar proveito para os países opressores. Trata os analistas defensores da Rússia na questão do Donbass como “bárbaros”, desprovidos de capacidade analítica.

Esther Solano, sem dúvida me envergonhou como brasileiro, professor de Universidade Federal, do campo das Relações Internacionais e Geopolítica, imagino quanta vergonha deve ter causado em muitas mulheres. Este caso de Esther Solano, financiada pelo imperialismo, não é isolado. O caso dela não é mais exceção, infelizmente, é quase regra nas universidades federais. Por isso é que conclamamos a esquerda, que procure ver a quem atende esses “intelectuais”, e quais seus objetivos finalísticos. Esther Solano, não é inocente nessa história toda.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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