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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Imperialismo

A luta contra o nazismo em tempos de guerra

Entidades de defesa dos direitos humanos são usadas pela Otan contra a Rússia

Desde que a guerra na Europa começou, as redes sociais têm sido inundadas com notas de repúdio dirigidas à Rússia. Entidades que se manifestam como humanitárias, e até mesmo de esquerda, têm assumido posturas enfáticas contra este país, colocando-se de maneira submissa às decisões da Otan.

O objetivo deste texto é discutir a nota de uma entidade específica:  o @AuschwitzMuseum. Trata-se da entidade mantenedora do Campo de Extermínio de Auschwitz, situado na Polônia. Tem como função preservar o sítio histórico e a memória sobre as vítimas.

Cerca de 1,1 milhão de pessoas, em sua maioria judeus europeus, foram executadas ali pelos nazistas na II Guerra Mundial. Uma fábrica de cadáveres que todo ser humano deveria visitar pelo menos uma vez na vida.

No Twitter, o Museu divulga diariamente fotos de vítimas que a autora deste texto compartilha há anos. Em 27 de janeiro, a entidade celebrou os 77 anos da libertação do campo com um vídeo. O mérito da libertação foi do exército da União Soviética.

Apesar desse histórico, o @AuschwitzMuseum soltou a seguinte nota na semana passada:

A tradução é a seguinte:

“Esta manhã, a Rússia atacou a Ucrânia. Este ato de barbárie será julgado pela história e seus perpetradores, espera-se, serão levados a uma corte de justiça internacional. Para nós que estamos à frente do Memorial Auschwitz-Birkenau, é impossível ficar em silêncio quando, mais uma vez, pessoas inocentes estão sendo mortas unicamente pela insana mente de um megalomaníaco pseudo-imperial. Expressamos nossa solidariedade absoluta com os cidadãos da livre, independente e soberana nação da Ucrânia e com todos os Russos que têm a coragem de se opor a esta guerra. Neste momento, o mundo livre e democrático deve mostrar que aprendeu as lições da passividade dos anos 1930. Hoje, está claro que qualquer sinal de indiferença é sinal de cumplicidade”.

Como se vê, a nota é de uma virulência anti-Rússia que não permite o contraditório ou a dissidência. A entidade compara Putin a Hitler descaradamente. Qualquer análise crítica é vista como cumplicidade a um nazista que deve ser punido ferozmente.

Como cidadã de um país que foi atacado, em uma guerra híbrida, pelo representante maior do “mundo livre e democrático” de acordo com a nota, a minha indignação e decepção ao lê-la foram enormes. Qualquer brasileiro sabe que deixamos de ser uma nação minimamente soberana por causa de um golpe de estado apoiado pelos Estados Unidos em 2016.

Há ainda um componente perverso: o Museu esconde o fato de que, em 2014, a Ucrânia sofreu um ataque muito parecido com o sofrido pelo Brasil. Como em nosso país, o golpe também derrubou um governo legítimo e, claro, mais pró-Rússia.

No lugar, foi eleito um ator que tem como hobby interpretar um estadista e que não dá um passo midiático sem a aprovação de seus clientes dos Estados Unidos.

Desde que Zelenski assumiu, batalhões e milícias nazistas, como o famoso Azov, com apoio americano, têm atacado populações de origem étnica russa no país. Estima-se milhares de mortos.

Com esses dados em mãos, respondi a nota do Museu com esta foto do Batalhão Azov:

Resultado: os administradores da conta me bloquearam. Cancelamento e censura a dissidentes. Desde quando, não é?

No fundo, o alvo da Otan é a Rússia. Analistas de geopolítica internacional brasileiros e estrangeiros têm reiterado que esta guerra é o resultado de provocações que estão acontecendo desde 2014. Brasil, Ucrânia e Rússia, de maneiras distintas, encontram-se sob ataque de um mesmo agressor: o imperialismo. A Rússia tenta derrubar o governo-marionete de Zelenski e garantir suas fronteiras diante da Otan.

Sobre este assunto, o presidente Evo Morales, que sofreu um golpe na Bolívia, mostra o correto caminho para o entendimento da situação:

Refletindo sobre o ocorrido com o Museu, surge uma questão: por que a entidade mantenedora do complexo Auschwitz-Birkenau comprometeria de maneira tão horrível a sua reputação e a sua trajetória histórica e simbólica com um apoio irrestrito e irrefletido à Otan?

A única resposta possível, se tomarmos como base a boa-fé da instituição, é que ela não é livre para oferecer uma análise da situação à luz dos fatos históricos concretos. Ela também está sendo usada, neste caso, como parte da máquina de propaganda da União Europeia, dos Estados Unidos e de Israel.

A nota é uma imposição vergonhosa e criminosa.

Se a Rússia está lutando por sua soberania e liberdade, que nações como Brasil e Ucrânia reconheçam este movimento e, em nome de sua própria independência, participem desta luta.

 

*A opinião dos colunistas não representam, necessariamente, a posição deste Diário

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