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Henrique Simonard

Membro do Comitê Central do Partido da Causa Operária (PCO) e militante da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Redator do Dossiê Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

O mercado negro de lixeiras

A culpa é dos mendigos?

Não bastasse a pandemia e a inflação, agora até lixeira virou artigo de luxo pro carioca.

Sexta-feira de manhã, por volta das 9h, estava mastigando um biscoito de polvilho e olhando pela sacada do CCBP, um gari varria bem onde antes havia uma lata de lixo. Gritei:
– Opa, tudo bem aí?
– Bom dia!
-Cara você sabe me dizer o que houve com a lata de lixo que tinha aí antes?
-Cara, mendigo né! Eles pegam as latas, pegaram aqui em cima tudo (apontando para a subida). Eles vendem.
– Ah… Entendi…

A tal lata de lixo já era velha de guerra. Já quando nos mudamos para cá estava meio quebrada de ter suportado muito lixo pesado, mas chegou ao ponto de ficar toda vazada, até que alguém, farto da situação, ou um vizinho ou os garis, suturou a pobre lata. Já me perguntei várias vezes enquanto xingava aquela situação revoltante porque não trocavam logo aquela droga.

O trabalhador me explicou que a Comlurb não produz mais lixeiras, e problemas como esse eram muito comuns. Foi difícil para mim aceitar aquilo que ouvia, que no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, as lixeiras estão quebrando e sendo roubadas – por mendigos segundo nosso amigo – e não são trocadas. Não é que demoraria para trocar, ou a prefeitura compraria outra lata para por ali. Nunca mais aquele cantinho de rua verá uma lixeira. Pelo menos não enquanto estivermos no Rio de Eduardo Paes e de Bolsonaro.

E outra, por que alguém que mora na rua roubaria uma lata de lixo? foi a primeira pergunta que me veio à cabeça. Para vender, segundo o gari, mas quem compraria? Outro mendigo? Criou-se um mercado negro de latas de lixo? Fato é que no início da rua, quando a Taylor junta com a Conde de Lages, há pouco tempo havia um morador de rua com sua própria lata de lixo. Não era a nossa, já averiguei, essa não tinha sutura, estava quase nova. Faz tempo que não vejo mais o morador nem a lata de lixo. Alguém pode ter roubado dele, ou comprado e com o dinheiro da venda ele pode ter melhorado a sua situação financeira e se mudado. Vai saber, se vendem é porque alguma coisa dali eles tiram.

É difícil de acreditar que sejam eles os responsáveis pelo desaparecimento das lixeiras. Não é impossível, se realmente não se produzem mais latas de lixo, há uma escassez, elas não duram para sempre, e portanto pode mesmo ter gerado um mercado. Nas atuais circunstâncias nada mais me surpreende. Contudo, me parece mais lógico que algum esperto esteja vendendo para interessados na zona sul que não podem ficar sem latas de lixo. Na verdade, uma rápida busca pelo Google e descobrimos que no Marcado Livre uma lata de lixo laranja da Comlurb, que antes víamos abundantemente pelas ruas do Rio de Janeiro, está sendo vendida, em média, por R$ 700. Vão ficar ricos esses mendigos.

De todo modo, chegamos a um ponto que não se produzem mais latas de lixo no Rio de Janeiro inteiro, e nem se compra. Temos uma burguesia que nos quer tão canibais que nem mais isso podem ter os cariocas. Estamos simplesmente sem ter onde jogar o lixo. Venderam a Cedae e quem sabe não privatizam a Comlurb com esse pretexto. Aí ficaremos sem latas de lixo, sem garis, sem água, esgoto e com muito lixo nas ruas. Por aqui onde antes tinha a lata, agora tem uma pilha de dejetos, os garis até se esforçam, mas com chuvas, ventos e coletores, os sacos se abrem e a sujeira se espalha pela rua. O Rio vai virar um lixão a céu aberto porque chegamos num ponto em que a burguesia decidiu não mais produzir lata de lixo. Querem nos arrastar de volta para a idade média e ainda por a culpa nos mendigos!

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