O conflito entre a Rússia e o imperialismo que tem se desenvolvido neste último período deu lugar a todo tipo de campanha publicitária desonesta por parte dos EUA e seus aliados. A mais evidente e óbvia é a que envolve as falsificações a respeito da guerra. Mentiras sobre o número de soldados mortos na Rússia, sobre a posição das tropas russas dentro da Ucrânia, sobre o apoio que as milícias nazistas ucraniana têm em meio à população e outras coisas do gênero.
Essas práticas por parte da imprensa capitalista são, de certa forma, naturais. A falsificação e a mentira já é frequente em épocas de “paz”, isso tende a ser muito mais intenso neste momento de conflitos armados. Toda essa imprensa fala em nome da burguesia imperialista, então é preciso falsificar a todo o tempo o conflito no qual a Rússia está, pelo menos no momento, levando a melhor.
No entanto, nesta semana, as notícias revelaram um outro aspecto dessa campanha, que dá a ideia de que tudo isso vai muito além de uma simples cobertura tendenciosa de um conflito momentâneo. Trata-se de uma ostensiva campanha anti-Rússia em todos os aspectos de sua cultura: artistas, atletas, times de futebol, filmes, escritores, intelectuais, etc.
Um dos primeiros casos foi o cancelamento de um curso sobre Dostoiévski na Universidade de Milão. A Universidade voltou atrás no cancelamento, mas a ideia ficou no ar. O famosíssimo festival de cinema de Cannes cancelou a presença de delegações russas em sua próxima edição. Um teatro de Gênova, na Itália, desmarcou um festival de música e cultura dedicados também a Dostoiévski.
Isso sem falar no que é feito dentro da própria Rússia. Alguns dos grandes estúdios de Hollywood cancelaram a estreia de vários de seus filmes em território russo. No mesmo sentido, a Netflix cancelou séries e produções russas e o Spotify fechou seu escritório no país. Em São Paulo, também foi adiada a mostra MosFilm de cinema soviético e russo, prevista para iniciar no dia 10 de março. A nova data ainda não foi definida.
Nos esportes, a Rússia sofreu sanções por parte das duas principais organizações do mundo – a Fifa e a COI. A Fifa proibiu que a seleção russa disputasse as eliminatórias e a própria Copa do Mundo, enquanto a COI, que já vinha punindo o país anteriormente por conta de um suposto caso de doping em seus atletas, aumentou a punição recomendando que não se permita a participação de atletas russos nas próximas Olimpíadas de Verão e de Inverno.
Esses casos que lembro aqui são apenas um pouco do que está por vir no próximo período. Ao que tudo indica, a questão russa não irá se encerrar no conflito na Ucrânia. Trata-se de uma campanha a longo prazo, que visa aniquilar a cultura russa no cenário mundial.
A campanha demonstra como o imperialismo é, fundamentalmente, um inimigo mortal das artes da cultura mundial. A tentativa de apagar do mapa toda a cultura russa deve ser combatida com todas as forças. Isso começa de forma ostensiva com os russos, mas com o desenrolar da situação, pode vir a se espalhar para toda a cultura que venha de países atrasados ou que se mostre contrária aos interesses do imperialismo.