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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Liberdade de Expressão

A censura virou norma

A censura é a arma que o imperialismo está usando para calar vozes dissonantes sobre a guerra na Europa

A decisão do Reino Unido de extraditar o jornalista Julian Assange, criador do Wikileaks, para os Estados Unidos anunciada hoje é mais um prego no caixão da liberdade de expressão. A partir de hoje, entramos em uma etapa ainda mais sombria do totalitarismo neoliberal que domina o mundo hoje. Como jornalista, tenho percebido que a censura e perseguição aos que se opõem de alguma forma à visão imperialista do mundo, em especial jornalistas, está cada vez mais intensa. Com a guerra na Europa, essa situação piorou exponencialmente. Mais antigo, o caso Assange é de longe, e até o momento, um dos mais horríveis porque envolve perseguição política, tortura física e psicológica e violência assustadora a mando dos Estados Unidos, o que ganha um caráter simbólico terrível. Desde 2011, após anos confinado em embaixadas ou preso, a situação só piorou. Porém, este caso é só a ponta do iceberg. Deste então, a censura se espalhou de tal forma que vemos não só jornalistas serem caluniados, mas também artistas, celebridades, políticos, cineastas, cientistas, lideranças de trabalhadores e qualquer figura que ouse criticar o atual regime. O trabalho de cala-a-boca é sistemático, mas muitas vezes o percebemos como acusações individuais sem conexão uma com as outras. Não raro, o indivíduo é submetido a uma intensa campanha de difamação midiática e destruição de reputação, conhecida como cancelamento, que envolve acusações de cunho moralista relacionadas a assédio moral, sexual, racismo e homofobia. Difíceis de provar e muitas vezes baseadas apenas em delações de pessoas que têm claro conflito de interesses com a parte difamada, nota-se que boa parte dos acusados é do campo progressista. As denúncias partem tanto daqueles que se dizem de direita, quanto de esquerda. Esta semana mesmo, um grupo autointitulado de “sionistas de esquerda” acusou o jornalista Leonardo Attuch, do Brasil 247, e o PCO de serem antissemitas. É assim que classificam todos aqueles que criticam o estado de Israel por sua política genocida na Palestina. No começo do ano o mais importante cineasta inglês vivo, Ken Loach, foi expulso do Partido Trabalhista inglês pelo mesmo motivo. Com a guerra na Europa, os subterfúgios moralistas e identitários estão dando lugar à censura pura e simples. É o caso do jornalista brasileiro Pepe Escobar, um dos mais críticos analistas geopolíticos do imperialismo, que ele chama de “Otanistão” ou o “Império das Mentiras”. Escobar teve sua conta no twitter suspensa. Migrou para o Telegram e para a rede social VK, mas seu alcance é muito menor. Um jornalista desta qualidade deveria trabalhar em qualquer jornal decente do mundo. Nota-se assim o quanto é tendenciosa a pauta das grandes corporaçõe jornalísticas, inclusive a brasileira, sobre a guerra na Europa. A mídia corporativa limita-se a martelar uma versão dos fatos sobre o conflito, eliminando o debate minimamente isento e optando por atender aos interesses dos capitalistas. Nós brasileiros sabemos bem como isso se dá, após anos de cobertura da Lava-Jato, do golpe de estado contra o país e a ex-presidente Dilma Roussef e de tentativa de arruinar a reputação do ex-presidente Lula. Hoje mesmo, o Financial Times publicou um artigo de um analista geopolítico paquistanês que pregava que “a melhor democracia é a menor possível” para justificar o golpe de estado no Paquistão na semana passada. Algo tirado do manual neoliberal de Milton Friedman e de Mises. Outro exemplo nefasto envolve jornalistas do Russia Today (RT). Muitos trabalhadores, colunistas, analistas e colaboradores de escritórios desta mídia alternativa na Europa e nos Estados Unidos estão sendo acusados de traição. Todos os dias há relatos de contas suspensas em redes sociais. É urgente que se reconheça o enorme poder concentrado nas mãos dos capitalistas proprietários dessas mídias. Eles estão arbitrariamente censurando sem dó as vozes mais dissonantes em todos os continentes em uma escalada autoritária de  dimensões jamais vistas. Até mesmo o oficial da Marinha brasileira Robson Farinazzo, que mantém no Youtube o canal A Arte da Guerra, recebeu uma advertência do Google por suas posições sobre a guerra. Esses dias, Elon Musk manifestou seu desejo de comprar o twitter em nome da “liberdade de expressão”. No entanto, não tenhamos dúvidas: o que ele chama de “liberdade de expressão” está intimamente ligado ao seu interesse de classe. Caso a escalada se intensifique, já sabemos qual é o próximo passo. Teremos muito mais jornalistas, como Julian Assange, sendo perseguidos, presos e torturados por suas críticas aos interesses do Otanistão. O cancelamento de contas em redes sociais ou o asfixiamento financeiro não serão suficientes. Será necessário aniquilar as pessoas e torná-las exemplo. Espero que jornalistas do mundo todo prestem atenção a esses movimentos e comecem a reagir. A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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