Palavra de ordem na boca de qualquer trabalhador, a saída de Bolsonaro e a presidência de Lula significa, no momento, a política que deve mobilizar os setores oprimidos para sair às ruas, especialmente o povo negro, que vê no 20 de novembro, Dia de Luta do Povo Negro, mais uma oportunidade para protestar.
Essa é a política mais combativa para o momento, muito embora a esquerda pequeno-burguesa faça questão de confundir e afundar o movimento. No caso do movimento negro, este ano ficou absolutamente claro que o identitarismo é uma política a ser superada pelo negro em movimento.
Por outro lado, os identitários e suas organizações, como a Coalizão Negra por Dinheiro, foram peças fundamentais para o estrangulamentos das manifestações de rua no último período, no que culminou no espetáculo grotesco do ato em São Paulo, que pretendeu reunir golpistas e ex-golpistas em um protesto da esquerda, vermelha, e que, por sorte, não terminou em uma guerra civil. Para tanto, identitários, apartidários, cumpriram um papel fundamental, para cobrir com um verniz democrático um dos maiores golpes dados contra os manifestantes que estiveram nas ruas desde que convocados pelas organizações do povo, partidos, sindicatos, etc.
É absolutamente claro, para quem circula nos bairros operários, nas favelas, nos terminais de condução pública, que o povo quer lutar por fora Bolsonaro e por Lula presidente, mas a esquerda e suas direções não permitem.
No próximo dia 20 de novembro, é fácil adiantar o filme: serão chamadas 300 pessoas de 300 organizações que não significam nada para a luta real do negro. E irão falar de todos os aspectos identitários dessa “luta”, com controle dos microfones e carros de som, com grande possibilidade de partidos serem proibidos de falar nos atos. Lula presidente certamente estará fora dessas intervenções, como sempre estiveram.
Lula presidente não significa apoiar o programa de Lula ou do PT para os negros. Significa que, no momento, é o ex-presidente o único capaz de impor uma derrota contra Bolsonaro e é um político que deverá responder aos programas apresentados pelo povo negro organizado.
As demais questões não resolvidas pela burguesia precisam estar nas ruas neste 20 de novembro. Como, por exemplo, o fim das polícias, o fim do vestibular e o livre ingresso no ensino superior, moradia para todos os trabalhadores, auxílio de um salário mínimo para todos os desempregados, direito irrestrito à manifestação e liberdade de pensamento devem ser as bandeiras de luta deste 20 de novembro, onde se celebra a vida de Zumbi dos Palmares, herói do povo negro brasileiro.
