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Reforma agrária

Se Lula for eleito, MST tem que invadir as terras imediatamente

No governo Bolsonaro, sem terra foram esmagados e não conseguiram ocupar terras

Na última quinta-feira (22), o ex-presidente Lula deu entrevista ao apresentador Ratinho, em seu programa no SBT. A entrevista em tom descontraído foi parte de uma proposta de sabatina com os candidatos à presidência no programa.

Um dos vários assuntos discutidos foi a questão da luta pela terra, em que o apresentador questionou Lula “Como é que chama? O MST está te apoiando… Eles vão começar a invadir as fazendas, vão ou não vão? Tem que perguntar, ué!” e complementou “Com você virando presidente, você não acha que vão se sentir à vontade para invadir?

Pelo que o ex-presidente respondeu “Vou te dar um número aqui, você que é um cara estudado, vou te dar um número. Você sabe quanto de terra o PT colocou e disponibilizou para assentamento? 52 milhões de hectares. Isso é tudo o que foi feito em 500 anos. Assentamos quase 700 mil famílias. E hoje os sem-terra estão noutra. Os sem-terra estão produzindo, organizando cooperativas, e já viraram o maior produtor de arroz orgânico da América do Sul.

Deixa eu falar uma coisa para você: me dá duas terras produtivas que os sem-terra invadiram, Ratinho. Sabe o que acontecia na verdade? Os sem-terra invadiam uma área, quem media se era produtivo ou não eram eles, era o governo, através do Incra, e quem pagava era o Incra. Era o governo que arcava com a responsabilidade de pagar a terra que muitas vezes o empresário não conseguia vender no mercado, porque ninguém estava querendo comprar terra. Então, o que eu quero te dizer é o seguinte: eu vou ganhar as eleições, a gente vai ter paz na cidade, a gente vai ter paz no campo, as famílias vão voltar a comer. Você pensa que eu não vi você falar com o Bolsonaro que tem gente falando em picanha? Eu vi você falar.”

Ser “bonzinho” ou lutar?

A resposta do ex-presidente Lula corresponde à política que ele tem defendido durante a campanha eleitoral, de buscar uma mediação entre amplos setores da sociedade. Busca encontrar uma conciliação entre setores que estão sendo massacrados há muitos anos, como os trabalhadores do campo, os camponeses e os índios, com setores da burguesia como latifundiários, industriais e oligarquias regionais. A grande questão é, esta é uma política fracassada, para dizer o mínimo.

Na verdade, a direção do Movimento Sem Terra vem adotando essa política de não tomar medidas mais contundentes há muito tempo, preferindo atuar com medidas burocráticas de buscar parlamentares e ações de propaganda como a distribuição de alimentos. Entretanto, essa política tem dado ainda mais iniciativa para os latifundiários que tem agido com uma violência cada vez maior contra os trabalhadores sem-terra.

Um exemplo claro é a escalada de ataques, assassinatos, emboscadas desde o início do governo Bolsonaro. É claro que os latifundiários e agentes de repressão, como a polícia, ficaram ainda mais à vontade para atacar os trabalhadores rurais. Mas, a política de deixar de lado a mobilização dos sem-terra, com a consequente ocupação de terras, deixou não só latifundiários e seus jagunços à vontade, mas também toda a classe política, especificamente o Congresso Nacional e as Assembleias legislativas estaduais, formadas majoritariamente por políticos direitistas funcionários da burguesia, que não têm interesse algum em atender às necessidades dos trabalhadores do campo e fazer avançar a reforma agrária, por exemplo.

Ocupar é lutar!

Na realidade, o que vai fazer avançar a luta pela terra no país é exatamente o oposto. O MST precisa colocar em prática desde o primeiro dia de um futuro governo Lula uma política de mobilização constante, adotando as ocupações de terras como regra, exatamente para pressionar o governo e os parlamentares a colocar em prática as desapropriações. Não há outra forma de arrancar terras do setor mais atrasado e reacionário do país, que possui inclusive bancada própria no Congresso Nacional, os latifundiários.

A questão também enseja um entendimento mais profundo de como os trabalhadores de todo país, devem lutar para terem atendidas as suas necessidades. Se agindo pacificamente, com diálogos, com petições parlamentares e processos na justiça burguesa ou se organizando, ocupando terras, fábricas e conseguindo com as “próprias mãos” aquilo que precisam?

A resposta é óbvia e, na verdade, está na boca dos setores mais oprimidos, aqueles trabalhadores que estão morando em barracões de lona, sem trabalho e refeição regular e tomando bala de jagunços e da PM. Estes trabalhadores sabem que se ficarem assistindo passivamente os parlamentares e governantes discursarem e prometerem nunca terão terra, trabalho, moradia, alimentos etc.

Enfim, os trabalhadores sem-terra, que estão na luta pela eleição de Lula, e esperam de um novo governo que seja feita a reforma agrária, não devem esperar passivamente. Devem, desde o primeiro minuto, aumentar a organização nos movimentos de luta como no MST e FNL com controle dos trabalhadores e não por uma burocracia, organizar comitês de autodefesa e armar os trabalhadores para frear a violência do Estado e dos latifundiários e pôr em prática uma política baseada na mobilização, nas ocupações de terras, dos latifúndios que são por natureza improdutivos e fazer acontecer, através da luta, a reforma agrária com a expropriação do latifúndio.

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