Na manhã da terça-feira (29), pistoleiros invadiram a fazendo 2 Rios no município de Itaetê, na Bahia, espancando e atirando nas pessoas que lá estão acampadas.
O município de Itaetê fica na região da Chapada Diamantina. As 250 famílias que pertencem ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fincaram assentamento na fazenda 2 Rios na sexta-feira (25), com objetivo de desapropriar a área improdutiva para fins da reforma agrária. A fazenda é um latifúndio que possui mais de 3,5 mil hectares de terras improdutivas há mais de dez anos. Conforme denuncia Abrahão Brito, articulador político do MST na Regional Chapada Diamantina, a fazenda é produto de terras griladas tomadas de pequenos agricultores há anos atrás e, portanto, não cumpre sua função social.
Desde o dia da ocupação, as famílias já começaram a sofrer ameaças de dois homens que se diziam seguranças da fazenda. Neste dia, foi solicitado que a polícia fizesse a proteção das famílias, mas obviamente isto não ocorreu.
No dia 29, então, dois homens armados e sem identificação se dizendo policiais invadiram o assentamento e agrediram as pessoas. Uma mulher foi atingida com um tiro e foi hospitalizada, mas neste momento, não corre risco de morrer segundo o MST.
Abrahão relata que
“Nós não recuamos (devido às ameaças). Então, na madrugada de hoje, um pai de família, que é um dos líderes da ocupação, deu uma saída do acampamento, quando dois homens encapuzados, que suspeitamos serem os mesmos do primeiro dia, agrediram o companheiro, bateram muito com vários tipos de armas. Em seguida, eles foram na direção do acampamento. As famílias foram para cima e, então, eles atiraram.”
A polícia também foi acionada depois do ocorrido “foram para lá a Rondesp, a Caatinga e a Polícia Militar. Fizemos o boletim de ocorrência, e a jovem que sofreu o tiro irá fazer corpo de delito. Estamos nessa situação, com as famílias amedrontadas, pois os dois homens avisaram que vão voltar para a fazenda”. Os agressores disseram que irão voltar, matar uns dois para que as famílias fiquem com medo e se retirem das terras.
Neste mês de março, além da fazenda 2 Rios, o MST também ocupou mais duas áreas na região da Chapada Diamantina. São áreas de cultivo da monocultura de eucalipto, e estão há muito tempo abandonadas. Uma delas é uma área da empresa Ferbasa em Planaltino, na Bahia, onde se assentaram 230 famílias. A outra fica no município de Piritiba, na Fazenda Cajazeira, onde se assentaram 50 famílias.
É preciso pontuar que chamar a polícia para proteger as famílias camponesas é uma inocência, já que as polícias estão subordinadas aos governos que são totalmente coniventes com os latifundiários. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está paralisado e as filas de famílias que estão aguardando um pedaço de terra para sobreviver aumentam cada dia mais, principalmente com o aprofundamento da crise econômica com a pandemia COVID-19.
Não é possível que os camponeses fiquem à mercê de pistoleiros, amedrontados e acuados, sendo mortos! É preciso chamar os trabalhadores e se organizar e organizar a autodefesa no campo. Somente o armamento do povo sem terra pode garantir a sua própria segurança frente aos ataques brutais da burguesia.