Desde 2017, o povo indígena Memortumré Kanela tenta impedir a abertura ilegal de uma estrada em seu território, localizado nas imediações do município de Fernando Falcão (MA), localizado a 540 km de São Luís (MA). Já existe decisão judicial em favor da demanda dos Memortumré Kanela, porém até o momento o poder público não tomou nenhuma providência para interditar a via e impedir o acesso indevido ao território indígena.
Os Memortumré Kanela tem uma população estimada de 1961 indivíduos (segundo dados do Relatório GT/Funai de 2004), habitam uma região de 100 mil hectares, próximo aos municípios de Barra do Corda e Fernando Falcão, no Maranhão. Pertencem à família linguística Jê e falam o idioma Timbira. Tiveram seu direito territorial aprovado em 2012 e o processo está em fase de passível de contestação na Funai.
Durante a pandemia a situação dos indígenas se agravou, o movimento na via ilegal aumentou, com muitos veículos usando a estrada como atalho para chegar a sede do município de Fernando Falcão, e o risco de contaminação da comunidade por COVID-19 se elevou.
A estrada irregular conecta a MA 272 (Fernando Falcão) à MA 006 (Grajaú). Segundo lideranças indígenas, o fluxo de veículos tem se elevado. No processo na justiça, no entanto, o trânsito é considerado lento. O problema se arrasta há anos: em 2018, a comunidade desfez pontes como protesto pelo atropelamento e desaparecimento de indígenas na região.
Em agosto deste ano, os Memortumré Kanela identificaram que os não indígenas estão reconstruindo as pontes e retomando o uso da estrada. Para permitir a passagem dos veículos, um brejo foi aterrado com cascalho, dentro da terra indígena, e serve de desvio enquanto as pontes ainda estão intransitáveis.
Ainda em agosto, após reunião entre lideranças indígenas e representantes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em que foi reiterada a continuidade do tráfego e danos ambientais, uma decisão do juiz Federa Ricardo Felipe Rodrigues Macieira, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), reiterou em documentos enviados à Fundação Nacional do Índio (Funai) e à Polícia Federal (PF) a urgência de intervenção.
A Polícia Federal divulgou relatório de visita à área em outubro de 2020, onde declara não ter constatado nenhuma evidência das irregularidades denunciadas pelos indígenas e CIMI. Os líderes da comunidade se revoltaram.
“O papel não ficou certo. Cadê ali as informações que a gente passou pra eles? Não tem!”, declarou Marinho Pupkin Canela, representante geral das lideranças do povo.
O que ocorre com a povo Memortumré Kanela é mais um episódio da política de genocídio sistemático dos povos originários que o governo fascista, em conjunto com os latifundiários que o apoiam, promove. É nosso papel denunciar esses ataques e lutar pelo fim do governo de Jair Messias Bolsonaro. Juntem-se ao PCO na campanha Fora Bolsonaro! Lutemos por eleições e um regime verdadeiramente democrático.