As duas grandes mobilizações dos indígenas em Brasília para impedir a aprovação da tese do Marco Temporal pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foi um importante fator de crise entre os latifundiários e a direita, resultando não na sua aprovação e sim no seu adiamento pelo ministro tucano Alexandre de Moraes, o skinhead de toga, que pediu vistas e o julgamento sobre demarcação de terras indígenas no STF foi suspenso por prazo indefinido.
Os latifundiários, incluindo o governo Bolsonaro e a “oposição” de direita e o STF estão buscando uma maneira de aprovar esse gigantesco ataque aos indígenas e suas terras diante da enorme mobilização.
Ficou evidente o papel do STF na formulação e aplicação da Tese do Marco Temporal na Terra Indígena Raposa Serra do Sol e na anulação de pelo menos outras três terras indígenas Porquinhos no Maranhão, Guyraroká e Limão Verde, no Mato Grosso do Sul.
Também ficou claro na entrevista concedida pelo deputado vice-presidente da bancada ruralista no Congresso Nacional, Neri Geller, ao portal Notícias Agrícolas onde diz que estão em negociação com o STF para adiar a votação do Marco Temporal para ganharem tempo e aprovarem o PL 490 no Congresso, que também ataca as terras indígenas. E o adiamento ocorreu novamente como previsto e denunciado.
A direita procura as condições para aprovar o Marco Temporal
Adiar de maneira indefinida e deixar as terras indígenas nesse limbo pelo STF, permite os latifundiários grilarem as terras indígenas e agir de maneira mais violenta e desmobilizem o movimento indígena para encontrarem as condições adequadas de aprovar o Marco Temporal.
Diante disso não adianta ir até o STF e protocolar pedidos para que a votação do Marco Temporal retorne a pauta ou para o ministro tucano Alexandre de Moraes seja democrático ou apoie a causa indígena porque não obterão resposta ou será apenas um golpe.
Há um conluio entre latifundiários, os ministros do STF e governo Bolsonaro para permitir a entrada dos latifundiários nas terras indígenas e anular uma grande parte das terras indígenas e os processos de ampliação para favorecer a grilagem de terras públicas.
Radicalizar a luta dos indígenas pela reforma agrária
As manifestações em Brasília e os fechamentos de rodovias pelos povos indígenas devem ocorrer de maneira mais sistemática e mais radicalizada. Fazer marchas ou implorar para países estrangeiros, STF ou a ONU não irá resolver a situação dos povos indígenas.
Entidades e organizações não governamentais transformam as mobilizações indígenas em instrumentos de propaganda para governos estrangeiros e movimentos pacifistas em defesa do meio ambiente, mas que nem de longe é uma reivindicação fundamental dos povos indígenas.
É preciso ultrapassar manifestações de “pacíficas” e marchas que não tenham um objetivo claro e fundamental, como derrotar o Marco Temporal imediatamente.
A direita somente “ouve” as reivindicações quando a luta e a mobilização são combativas e radicais. Nenhum direito, indígena ou não indígena, foi conquistado com lutas pacíficas e sem confronto.
O Marco Temporal e o PL 490 estão na ordem do dia e o latifúndio vai colocá-los em prática através de seus capachos no STF e no Congresso Nacional. Diante dessa situação, a única forma é transformar essa enorme mobilização em uma luta radical que enfrente o STF em Brasília e o trancamento das rodovias por um período indeterminado até que os ministros do STF cancelem a Tese do Marco Temporal e o PL490 seja derrotado no Congresso Nacional.
Também está na ordem do dia a derrubada do governo Bolsonaro e de toda a direita golpista que está usando o Estado e suas autarquias, como o Incra e a Funai em instrumentos de ataques aos indígenas e a luta pela terra.
Devido ao tamanho do ataque dos latifundiários e do impacto causado na aprovação do marco temporal é preciso que toda a esquerda, partidos e movimentos sociais de luta pela terra, se incorporem na luta dos indígenas e na luta pela reforma agrária para derrotar o latifúndio, o STF e o governo Bolsonaro.