A comunidade quilombola do Angelim 1, uma das mais antigas do Território Quilombola do Sapê do Norte, entre São Mateus e conceição da Barra (Espírito Santo), que há mais de uma década luta pela homologação de seus territórios, decidiu abrir uma nova retomada no dia 23 de outubro.
A decisão foi uma resposta aos ataques feitos pela empresa multinacional Suzano Papel e Celulose (ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose) que ameaçou a comunidade com a tentativa de expansão dos monocultivos de eucalipto em áreas já demarcadas como Território Quilombola Tradicional do Sapê do Norte.
A empresa havia se comprometido a não mais plantar eucaliptos no território quilombola certificado, mas em função da paralisia do Estado, acabou encontrando brecha para descumprir o acordo e iniciar novos plantios, havendo inclusive episódio de violência contra a comunidade do Angelim 2, numa ação de colheita de eucaliptos iniciada numa sexta-feira à noite.
Os quilombolas tomaram então, acertadamente ,a decisão de avançar para uma retomada de suas terras, o que em um primeiro momento foi dificultado pela ação da polícia, que acabou por se conter devido à presença de alguns movimentos como a Comissão Quilombola do Sapê do Norte e o Movimento Nacional de Direitos Humanos no Espírito Santo (MNDH/ES). Segundo alguns dos seus representantes, “eles queriam conduzir algumas lideranças para a delegacia, mas não permitimos. Na conversa, expliquei que as pessoas iriam permanecer no local até a Suzano retomar a mesa de diálogo e cumprir o acordo de não plantar mais nas áreas já demarcadas da comunidade. Eles registaram um termo circunstanciado, um boletim de ocorrência, e foram embora”.
O maior apoio que podemos dar para as comunidades quilombolas na luta pelas suas terras é avançar com a reivindicação do direito ao armamento para toda a população quilombola, indígena e sem terra. É preciso junto a isso lutar pelo fim dos latifúndios, única forma de garantia definitiva do direito à terra para todas essas populações.