Uma pequena cidade no extremo sul da Bahia, chamada Buerarema, vem sofrendo, há tempos, com a política direitista. A cidade possui um histórico de conflitos no campo entre os fazendeiros e indígenas tupinambás e, neste processo de eleições municipais, os candidatos estão se utilizando da campanha eleitoral para atacar os indígenas da cidade reforçando, mais ainda, o conflito já existente.
A cidade que consta com aproximadamente 18 mil habitantes possui como candidatos a prefeito Vinícius Ibrann (DEM) e Ariosvaldo Vieira (Republicanos). Ambos atuam numa perspectiva direitista alinhada com o governo federal de Jair Bolsonaro. Nesse sentido, as eleições em Buerarema não possui nenhuma oposição de esquerda. Nem mesmo entre os candidatos a vereadores.
A esquerda pequeno-burguesa nessa região vem sendo assolada pela direita e, ao invés de se organizarem politicamente para enfrentar o conservadorismo, estão se unindo a eles para disputarem as eleições. Situação que não é de se espantar dado histórico conciliatório da esquerda pequeno burguesa.
Fazendeiros e pequenos proprietários de terras se sentem prejudicados com a presença dos indígenas na localidade e são contrários ao processo de demarcação de terras (parado desde 2016). Nesse sentido, atribuem o direito a terra a ideias “esquerdistas” e rechaçam os partidos de esquerda. Tal postura é até natural, pois se tratam de fazendeiros e pequenos proprietários que buscam defender seus interesses e a propriedade privada. No entanto, o que não deveria ser considerado aceitável é a postura da esquerda diante de tal situação. A esquerda fica na defensiva em relação a ofensiva da direita e, neste sentido, acabam se disfarçando de direita para disputarem as eleições. No entanto, nesse processo de “disfarce”, acabam, de fato, tornando-se direitistas e apoiando pautas antipopulares.
Enquanto a direita aproveita das eleições municipais para defender pautas nacionais (contra os indígenas, contra o direito a terra, defesa do governo Bolsonaro, etc), a esquerda fala sobre “nova política”, “honestidade”, “governo de todos”. Tais questões podem ser evidenciadas no caso dessa cidade do sul da Bahia como, também, na política da frente ampla com setores direitistas que vem sendo implementada em todo o Brasil.
A esquerda deve recusar esse tipo de política e denunciar amplamente a direita bolsonarista. Não se pode temer a polarizar, pelo contrário! É preciso polarizar cada vez mais e se colocar junto a classe trabalhadora para derrotar o golpe de Estado e todos os direitista.