Nas eleições para o governo do Mato Grosso do Sul, sobraram, para o segundo turno, dois candidatos muito parecidos e uma política com características fascistas para os trabalhadores do campo, em particular para os indígenas de todo o estado. São eles Capitão Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB), candidatos que tiveram 26,91% e 24,73% dos votos válidos respectivamente.
Apesar de setores da esquerda apresentar o famoso voto “útil” para escolher o mal “menor”, vamos procurar demonstrar o erro dessa política e que Eduardo Riedel e Capitão Contar não apresentam diferenças em suas políticas para massacrar a população e suas organizações de luta, em particular dos povos indígenas do estado do Mato Grosso do Sul.
Capitão Contar é o candidato oficial de Jair Bolsonaro no Mato Grosso do Sul e o atual presidente chegou a pedir voto para a candidatura de Contar durante o debate eleitoral que ocorreu na Globo poucos dias antes da votação. Ele é capitão do Exército, de uma família tradicional da região e foi o deputado estadual mais votado da história do Mato Grosso do Sul, apresentando uma plataforma política muito semelhante a de Jair Bolsonaro. Com ataques aos trabalhadores e suas organizações, defende o armamento dos latifundiários e os ataques aos indígenas e a autodemarcação de suas terras.
Possui a mesma política de Jair Bolsonaro de armamento da população considerada “de bem” que exclui todos os trabalhadores da cidade e do campo, trabalhadores sem terra e indígenas. Em entrevista ao Portal Primeira Página durante a campanha eleitoral, defendeu restrições ao acesso às armas para armar o chamado cidadão de bem e desarmar o criminoso. E todos já sabem a resposta de quem é quem nessa afirmação: latifundiários e pistoleiros são cidadãos de bem e quem luta pela terra, como os sem-terra, quilombolas e indígenas, seriam considerados fora da lei e sem direito de se defenderem.
Já o candidato Eduardo Riedel, do PSDB do Mato Grosso do Sul, além de apresentar a mesma política, conseguiu dar um passo adiante, aplicando na prática o que defende. Antes de ser candidato ao governo do estado e de ser secretário do atual governador Reinaldo Azambuja, Riedel presidiu a conhecida Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
A Famasul é uma entidade que agrupa latifundiários e atua abertamente e de maneira fascista contra os movimentos de luta pela terra. Sua atuação é conhecida para impedir demarcações de terras indígenas e quilombolas, além de assentamentos da reforma agrária em todo o estado. Sua atuação é muito semelhante a atuação de outras organizações de características fascistas como a conhecida UDR (União Democrática Ruralista).
Eduardo Riedel presidiu durante anos a Famasul e organizou uma das atividades para combater os indígenas e organizar a pistolagem no estado do Mato Grosso do Sul, o que ficou conhecido como Leilão da Resistência.
O candidato Eduardo Riedel articulou latifundiários para arrecadar recursos financeiros que seriam revertidos em contratação de “empresas de segurança” para atuarem contra ocupações de terras no estado e arrecadou, segundo o leiloeiro, R$ 640,5 mil. O Leilão da Resistência resume de forma perfeita quem é Eduardo Riedel.
Depois desse episódio, Eduardo Riedel, foi convidado a ser secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov) na gestão mais violenta contra os povos indígenas do estado, do atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Então, passou a participar de uma das mais importantes secretarias do estado do governador que organizou todo o aparato estatal de repressão para que fosse utilizado contra os índios de maneira totalmente ilegal, algo que resultou no Massacre do Guapoy, onde a PM e polícia civil tentaram realizar um despejo ilegal em Amambai com uso de munição letal assassinado um indígena e gerando dezenas de gravemente feridos. Sem contar na prisão de indígenas em estado grave nos hospitais e a tortura de presos dentro das delegacias.
Essa é a cara de Eduardo Riedel, um fascista que organiza as milícias dentro do estado contra indígenas. Desde então, foram mais quatro indígenas assassinados e dezenas de confrontos entre pistoleiros, PM, PF e Civil, contra os indígenas.
Farinha do mesmo saco
Como podemos ver, Capitão Contar e Eduardo Riedel possuem a mesma política de massacrar os trabalhadores da luta pela terra, em particular os indígenas. Defendem abertamente o armamento dos latifundiários, de equipar as forças policiais para atuarem ainda mais contra os indígenas, de organizar a pistolagem e de massacrar as organizações representativas dos trabalhadores, ou seja, o fascismo colocado em prática.
Há apenas uma diferença: Eduardo Riedel colocou essa política em prática quando foi presidente da Famasul e, depois, participou de um dos governos mais violentos contra as ocupações e retomadas que é o de Reinaldo Azambuja, enquanto Capitão Contar ainda não teve a oportunidade.
No Mato Grosso do Sul, as eleições são ainda mais controladas pelos latifundiários que “exportam” seus representantes mais repugnantes e criminosos para a política nacional, como as candidatas presidenciais Simone Tebet e Soraya Thronicke, a ministra da agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina, Eduardo Mandetta e tantou outros latifundiários e pistoleiros.
É preciso denunciar a política dos dois candidatos e a atuação que favorece a ação de pistoleiros e dos latifundiários de maneira criminosa contra os povos indígenas e da luta pela terra. São dois inimigos mortais dos indígenas e da população do Mato Grosso do Sul e não há diferença na política apresentada pelos candidatos Capitão Contar e Eduardo Riedel.