A ascensão de um governo de extrema direita, resultado do golpe de Estado que aconteceu em 2016 contra o governo do PT, não causa danos apenas por si, mas também porque legitima a ação de latifundiários e grileiros que se sentem à vontade para expulsar sem terra e indígenas, em áreas de interesse do latifúndio. Desde julho, persistem focos de incêndio na região da Ilha do Bananal, oeste do estado do Tocantins. Dos mais de 110 mil hectares de reserva, mais de 40 mil foram atingidos pelo fogo. A Mata do Mamão, região onde vivem índios isolados e que possui uma vegetação nativa, foi severamente atingida.
De acordo com o analista ambiental Bruno Cambraia, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, “Nós temos o monitoramento meteorológico, acompanhando as condições para os próximos dias para a gente tentar se antever em alguma situação. A gente também realiza o monitoramento de focos de calor, que um monitoramento em tempo real que dá para gente um cenário da evolução desse incêndio para ver se a gente tá conseguindo atuar de forma desejada “.
Diferentemente do que prega setores da esquerda identitária, os indígenas são assassinados e têm suas terras devastadas hoje, por esses mesmos setores que fingem defender o interesse dos indígenas de 300 ou 400 anos atrás. Com a subida de Bolsonaro ao poder, mas também com apoio e incentivo dos setores da direita mais tradicional, o ataque aos povos indígenas se intensificou. Os assassinatos no campo, que já aconteciam, se tornaram algo trivial. O mesmo STF que seria um suposto defensor da democracia, de defesa da Constituição, mostrou-se um estar alinhado com os interesses dos grandes latifundiários, veja-se a votação do Marco Temporal. Mesmo com o aparente recuo, após grande pressão de amplos setores da sociedade, os ataques virão, seja de um governo de extrema-direita, ou da direita dita “democrática”.
Diante deste cenário, percebe-se que não há nenhuma possibilidade de conciliação com os setores da burguesia e da direita. Mesmo que haja uma divergência em relação a alguns pontos, no fundamental a direita está unificada para atacar duramente os indígenas. Qualquer tipo de consideração diferente desta levará inevitavelmente a uma completa desmoralização dos movimentos que verdadeiramente lutam pelos interesses dos povos indígenas.
É preciso que a esquerda se unifique para lutar contra os ataques não apenas do governo federal, mas também da direita que levará adiante o mesmo projeto, ou até pior do que o que está sendo levado por esse governo de extrema-direita.