A situação no campo no Brasil sempre foi calamitosa em relação aos indígenas, aos camponeses e também aos trabalhadores rurais. No Brasil, a concentração fundiária apresenta números recordes.
O Brasil tem 51.203 estabelecimentos com mais de mil hectares, que representavam 1% das 5.073.324 propriedades. Juntos, eles concentram 47,6% da área ocupada por todas as fazendas. Outro problema crônico é a especulação financeira que assola o campo brasileiro.
A demarcação das terras indígenas, que está prevista em lei, tem sofrido diversos retrocessos depois do golpe de 2016. Um exemplo é a Terra Indígena Barra Velha, que foi demarcada no município baiano na década de 1980 com 8.627 hectares, no entanto, uma parte considerável do território de ocupação dos Pataxó ficou de fora desta demarcação.
Em 2009, a Funai publicou o novo relatório sobre a área, a nova demarcação recebeu o nome de TI Barra Velha do Monte Pascoal e também foi ampliada para 52.748 hectares, porém depois de quatro anos, em 2013, um grupo de fazendeiros e o Sindicato Rural de Porto Seguro tentou anular a demarcação na Justiça, eles entraram com vários mandados de segurança no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), solicitando a anulação, e o STJ atendeu, o qual barrou o andamento do processo administrativo do território Pataxó.
As terras indígenas na região despertam a ganância dos ruralistas: além da pecuária, o avanço dos setores imobiliário, hoteleiro e a prática ilegal de arrendamento dentro do território são práticas constantes da ação destes capitalistas do agronegócio.
É preciso que os indígenas tenham suas terras demarcadas e preservadas pelo Estado, uma vez que sofrem diversas ameaças dos ruralistas, jagunços e da polícia militar. É urgente que os povos indígenas se organizem para preservar seus direitos, pois a morte e a perseguição assola o campo brasileiro.
Nesse sentido, fica evidente a necessidade de defender a formação de comitês de autodefesa de toda a população indígena e camponesa brasileira. Deve-se ter em consideração que a direita e a extrema-direita estão armadas até os dentes e ameaçando constantemente essas populações. A luta pelo direito ao armamento da população brasileira é urgente em todos os locais, mas particularmente no campo.