O governo do Estado de São Paulo aprovou, na Assembleia Legislativa (ALESP), no último dia 8, projeto de lei conhecido como PL da grilagem. Ele torna obrigatória a compra da terra por parte dos agricultores que trabalham em assentamento; do contrário, os trabalhadores poderão, até mesmo, a perder. Tal medida é um ataque gigantesco e brutal à agricultura familiar e ao pequeno agricultor em favor do latifúndio e da concentração fundiária.
Houve alguns pontos retirados, mas o projeto, em si, é desastroso da mesma forma e representa uma gigantesca derrota para os trabalhadores. Os trabalhadores serão obrigados a comprar a terra adquirindo uma dívida gigantesca, que muito possivelmente não terão como pagar.
É preciso lembrar que quem protagoniza este ataque brutal aos trabalhadores é João Dória, apresentado como científico e democrático por alguns setores da esquerda, mas que não passa de um direitista da pior espécie, muito pior inclusive que Bolsonaro – até porque, mesmo Bolsonaro querendo aprovar o projeto, não teria os meios materiais necessários, visto que ele não representa o setor fundamental da burguesia imperialista, que tem feito até campanha contra ele em favor de um nome da terceira via (embora esta possa recuar para apoiá-lo se a terceira via não emplacar).
Jogar as famílias na insegurança alimentar, isto é, na fome, ao tirar o único meio que elas possuem para se sustentar, é de uma crueldade típica de um fascista tal qual Dória. A esquerda, de forma confusa, tem procurado jogar areia nos olhos da população, apresentando a retirada de alguns pontos como “vitória”, sendo que, na realidade, não mudam nada.
Outra confusão promovida pela esquerda é a de que a “luta” contra essa situação se daria dentro da esfera institucional , ou seja dentro das instituições do próprio regime golpista. Se não foi possível barrar a ofensiva dos latifundiários no legislativo, então será possível no Ministério Público ou no judiciário; enquanto a esquerda raciocina deste modo, o povo segue sendo vítima de brutais ataques.
O único meio de combater o avanço dos latifundiários é a mobilização independente dos trabalhadores da cidade e do campo. É preciso formar comitês de autodefesa, armar todo o conjunto do povo – o armamento é um direito democrático e precisa ser defendido sob todas as circunstâncias, pois é a maneira de os oprimidos confrontarem os opressores. Não dá para atar os pés, as mãos e ficar esperando que os poderes da burguesia resolvam os problemas que a própria burguesia cria para a imensa maioria do povo; de tal modo, a fome, a insuficiência alimentar, a terra e todos os problemas políticos – inclusive o principal, que é a candidatura de Lula – só poderão ser resolvidos em favor dos trabalhadores através da mobilização independente destes.