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Patrícia Hakkak

"Amigos" do meio ambiente

“Crise climática” para frear desenvolvimento dos países atrasados

Está cada vez mais claro que o discurso ambiental usado pelo imperialismo serve apenas para impedir o desenvolvimento dos países explorados

Crise climática é uma expressão que tem sido utilizada para evidenciar a situação ambiental do planeta relativa às mudanças climáticas. Estas mudanças são variações na temperatura, precipitação e nebulosidade em escala global.

Em 2007, em seu quarto relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) dizia que “o aquecimento do sistema climático é inequívoco”. A quinta versão do documento, de 2013, dava um passo adiante e afirmava que “a influência humana no sistema climático é clara”. Divulgada em 9 de agosto de 2021, a primeira parte do sexto relatório de avaliação do painel (WG1-AR6), que faz um resumo do estado da arte sobre o conhecimento científico a respeito das mudanças climáticas, não deixa mais dúvidas sobre o papel da civilização contemporânea nesse fenômeno: “É inequívoco que a influência humana esquentou a atmosfera, o oceano e a superfície terrestre”.

Embora com tantos estudos e conferências mundiais e acordos entre países, para os países imperialistas parece haver outros interesses não tão ecológicos: bancos alemães injetaram mais de US$ 1 bilhão em mineradoras envolvidas em conflitos no Brasil nos últimos 5 anos

Os bancos alemães Commerzbank, Deutsche Bank e DZ Bank investiram mais de 1 milhão de dólares – 5,6 bilhões de reais na cotação atual – em mineradoras multinacionais que atuam no Brasil, considerando apenas as operações brasileiras dessas empresas. 

A principal beneficiária foi a inglesa Anglo American, uma das 5 maiores mineradoras do mundo. O Commerzbank injetou US$ 627 milhões de dólares na Anglo American, com destaque para empréstimos diretos de US$ 556 milhões e US$ 71 milhões em “subscrição” (underwriting), mecanismo de mercado usado para levantar crédito por uma instituição financeira intermediária.

Os dados exclusivos, referentes ao período de julho de 2016 a julho de 2021, fazem parte de um relatório maior que está em fase final, produzido pelo Observatório da Mineração em parceria com a Amazon Watch. Em 2020, a mesma parceria revelou que 6 grandes investidores americanos injetaram mais de US$ 18 bilhões de dólares em empresas ligadas a violações de direitos indígenas na Amazônia. .

Anglo American é acusada de prejudicar comunidades quilombolas em Minas Gerais

A Anglo American, maior beneficiária dos investimentos de bancos alemães, é acusada de provocar escassez hídrica e problemas de saúde em comunidades quilombolas de Conceição do Mato Dentro (MG), onde opera uma enorme mina de minério de ferro – entre as 10 maiores do mundo – e um mineroduto que sai de Minas e vai até o Rio de Janeiro.

Relatório recente do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), em conjunto com a coalizão de transparência global Publish What You Pay, afirma que poucos são os benefícios visíveis gerados por impostos e royalties da atividade mineradora da Anglo American em MG.

Em resposta ao Observatório da Mineração, a Anglo American afirmou que “pauta suas operações nas melhores práticas disponíveis, incluindo extensos estudos ambientais e aplicação de controles e de medidas de mitigação, evitando ao máximo a cristalização de impactos negativos sobre as comunidades e o meio ambiente local”.

Há anos, porém, que as comunidades afetadas de Conceição do Mato Dentro denunciam as atividades da Anglo American e temem expansão do projeto.

Conflitos como esse não acontecem apenas no Brasil. Em Zâmbia, na África, a Anglo American é acusada de operar por décadas uma mina de chumbo que causou a contaminação em massa de milhares de crianças e mulheres.

Seis gigantes do mercado financeiro americano – BlackRock, Citigroup, JPMorgan Chase, Vanguard, Bank of America e Dimensional Fund Advisors –, de 2017 a 2020, investiram mais de US$ 18 bilhões em nove empresas, possibilitando a destruição de florestas e violações de direitos indígenas. O relatório documenta como três setores econômicos brasileiros – mineração, agronegócio e energia – geraram conflitos com povos indígenas nos últimos anos. As nove empresas a seguir desses três setores são perfiladas no relatório: mineradoras Vale, Anglo American e Belo Sun; empresas de agronegócios Cargill, JBS e Cosan/Raízen; e as empresas de energia Energisa Mato Grosso, Equatorial Energia Maranhão e Eletronorte, abrangendo os estados do Pará, Maranhão, Mato Grosso, Amazonas e Roraima.

“O fluxo de investimentos estrangeiros para empresas que atuam no Brasil se expandiu em uma intrincada rede internacional. À medida que esses projetos avançam, os povos indígenas costumam ser tratados como um ‘obstáculo ao desenvolvimento’ e suas terras são invadidas, ocupadas, saqueadas e destruídas”, disse Eloy Terena, advogado da APIB. “Esses conflitos decorrem da pressão para abrir novas operações de exploração em territórios indígenas, levando a ataques completos de grileiros e outros atores locais, acompanhados pelo desrespeito sistemático à legislação que protege as terras e direitos indígenas.”

De acordo com dados analisados pela APIB e Amazon Watch, a maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, investe em quase todas as empresas identificadas neste relatório. Somente a BlackRock detém US$ 8,2 bilhões em ações e títulos da JBS, Energisa, Belo Sun, Vale, Anglo American, Cargill, Cosan, Eletrobras e Equatorial Energia. Apesar de receber elogios generalizados por tomar medidas para lidar com seus investimentos em indústrias prejudiciais ao clima no início deste ano, a BlackRock não possui políticas direcionadas para lidar com os impactos de seus investimentos nos direitos dos povos indígenas ou no desmatamento de florestas tropicais como a Amazônia.

A segunda maior gestora de recursos do mundo, a Vanguard, detém ações e/ou títulos de oito dessas empresas: Anglo American, Cargill, Cosan, Eletrobras, Energisa, Equatorial Energia, Vale e JBS, totalizando US$ 2,7 bilhões.

Demarcação de Terras Indígenas é decisiva para conter o desmatamento e regular o clima

As Terras Indígenas cobrem uma porção significativa da Amazônia brasileira e são fundamentais para a reprodução física e sociocultural dos povos indígenas. Enquanto 20% da floresta amazônica brasileira foi desmatada nos últimos 40 anos, as Terras Indígenas na Amazônia Legal perderam, somadas, apenas 2% de suas florestas originais.

Na Amazônia brasileira, as comunidades indígenas protegem e manejam 27% das florestas, que armazenam 27% dos estoques de carbono da região, representando aproximadamente 13 bilhões de toneladas. Esta quantidade não considera o carbono armazenado no solo, que possui, em média, um estoque entre 40 e 60 toneladas por hectare. Esta retenção do carbono pelas florestas ajuda a conter o acúmulo de CO2 na atmosfera, visando a diminuição do efeito estufa.

A questão ambiental e o imperialismo

A questão ambiental coloca-se como limite ao desenvolvimento capitalista em longo prazo, na medida em que o processo de produção requer a utilização de matérias-primas para a transformação da natureza em objetos e mercadorias que atendam às necessidades humanas. E esse limite é posto justamente sobre os países atrasados. É, nesse sentido, uma forma de opressão do imperialismo.

Ao mesmo tempo, como vimos, o imperialismo saqueia os países atrasados para aumentar o seu próprio capital. Uma demagogia sem igual.

Continuamos em uma época imperialista, caracterizada por guerras, crise e revoluções, pela divisão do mundo em oligopólios e grandes potências que detêm o controle dos mercados e das matérias-primas, com a piora das condições de vida da população e do planeta.

Nessa dinâmica, a exploração dos recursos naturais dos países pobres pelas nações ricas manifesta-se como faceta do imperialismo, acirrando o ciclo de exploração do trabalho, da precarização das condições de vida e espraiando as desigualdades sociais em nível mundial.

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