Em agosto de 2021, através de programa transmitido pela TV Brasil, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro anunciou que deseja aos indígenas que tenham os mesmos direitos que os “irmãos fazendeiros” em explorar suas terras, com plantio, garimpagem etc. O vídeo contou com mais de 300 mil visualizações com comentários apoiando a ideia, nos canais de extrema-direita.
Estavam presentes no programa o presidente da Funai e diretor da polícia federal Marcelo Xavier, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno, um pastor evangélico indígena, o deputado federal Nelson Barburo (PSL-MT) e o cantor Sérgio Reis. “Tudo isso vai dar certo”, disse o pastor a Xavier, conforme matéria do jornal Carta Capital.
O que ele apresentou de fato foi o programa “Um novo índio”, que nada mais é do que o índio agricultor, e que a “nova Funai” interage cada vez mais com os indígenas, sem explicar o que seria isso na prática. Em outra publicação do governo, o presidente da Funai diz que a “nova Funai” irá orientá-los corretamente na direção mais segura de realizar suas atividades”.
Fica claro que a intenção é travestir a comunidade indígena e suas terras de agronegócio. Essa é a política do capitalismo imperialista para a Amazônia e as comunidades indígenas que lá habitam.
Lembrando que o Bolsonaro afirmou nas redes sociais que não demarcava um centímetro sequer de terras indígenas, e de fato até este último ano de governo não demarcou nada mesmo, e ainda foram certificadas no Sistema de Gestão de Terras (Sigep) 114 fazendas que sobrepõem terras indígenas ainda não demarcadas. Essas 114 fazendas equivalem a uma vez e meia a cidade de São Paulo, conforme levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
As comunidades indígenas (APIB) são contra esse “novo índio e nova Funai”, dizem que não existe preocupação pelo governo com o desenvolvimento socioeconômico dessa população.
O governo conta, ao que parece, com a inclusão dos povos indígenas e suas terras, poucas delas demarcadas contrariando a constituição federal, ao modo de produção capitalista em sua fase superior, o imperialismo monopolista de produção.
Sendo assim, os indígenas teriam que competir sem experiência, sem tecnologia e sem maquinários, com a produção em latifúndios altamente tecnológicos. O resultado será o mesmo que ocorreu com os pequenos agricultores ao longo dos tempos, com a expropriação de suas terras, endividamento e empobrecimento.
É essa igualdade que querem com os “irmãos fazendeiros”? A que fazendeiros o Bolsonaro se refere? Os pequenos ou os grandes fazendeiros? Agora, os indígenas terão que competir com o grande capital e assim garantirão sua extinção, deixando as terras ao grande capital monopolista. Um escárnio contra os povos originários do território nacional.
Lembrando que a forma de utilização da terra para esses povos é diametralmente oposta à produção capitalista. Eles caçam, pescam e produzem agricultura de sobrevivência. Nada conhecem da produção capitalista, que é voltada para o comércio e com produção de excedente para comercialização. Isso só pode acabar dando ruim para os indígenas, é fato.
Essa é uma luta dos povos originários, contra a exploração capitalista, que se encontra no limiar de extinção dado o tamanho da crise que passa o sistema. Por essa luta passa a associação desses povos com os trabalhadores do campo e da cidade. É uma mesma luta contra a exploração do capital sobre o trabalho, incluindo os povos indígenas, as mulheres, os negros os gays e todas as minorias.
Essa luta só pode ser vencida nas ruas com a mobilização geral de todos os explorados contra o sistema opressor. Nos tribunais, nas instituições do Estado, na imprensa não há luta de fato, apenas guerra de informação. São os atos que modificam a sociedade, não as palavras ou ideias.
É necessário que os povos indígenas, trabalhadores e todos os explorados se reúnem em conselhos e deliberem um plano de luta nas ruas, até obterem o sucesso final, um governo do povo, pelo povo e para o povo. À luta companheiros, a hora é agora.